É desse manancial que esta rubrica se irá sustentar por algum tempo, confinando-se as minhas escolhas às opções dessa personalidades e a poetas que viveram, ou ainda vivem, sob o bafo civilizacional do séc. XXI.
A primeira vaga proveio da safra de Mário Soares, a que se seguiram Miguel Veiga, Diogo Freitas do Amaral e Urbano Tavares Rodrigues.
Irei terminar com Marcelo Rebelo de Sousa.
- MUNDO
Eu quis num gesto só abrir-te o Mundo
Deixar no teu olhar a cor da esperança
Toda a vida é eterna num segundo
Num segundo porém nada se alcança
Um dia descobrimos o mistério
De viver dia a dia de mão dada
Dos sentidos fizemos um império
Do qual não resta hoje quase nada
De manhã acendemos as estrelas
Sendo um do outro escravos mas heróis
Inventámos países cidadelas
Agora tu e eu apenas dois
Mastros ainda erguidos mas sem velas
À espera do que vem sempre depois.
Fernando Tavares Rodrigues
Os poemas da minha vida
Marcelo Rebelo de Sousa
Público, Lisboa 2005