quinta-feira, dezembro 30, 2010

Vem aí um novo ano




 
Esta não será a melhor maneira de aguardar o novo ano.

Demasiado expectante.




Melhor esta.

Em pleno voo, traçar a rota e cumpri-la, sem negar as necessárias adaptações à realidade das circunstâncias.


 
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segunda-feira, dezembro 27, 2010

Um poema a cada segunda-feira (VI)




Decidi-me por uma rubrica de poesia à segunda-feira, enquanto assim se mantiver este meu ânimo.


Irei aqui colocando poemas que o critério do momento vier a ditar.




  • SEMPRE A APRENDIZAGEM DO SOSSEGO

    Sempre a aprendizagem do sossego
    a evidência enigmática do silêncio
    não mais que um esboço a furtiva sombra
    da cor futura a ínfima inscrição
    do pólen

    a concha de sangue a sombra de uma folha
    o murmúrio de um delicado insecto
    a confiança num segredo que é espaço
    a adesão às linhas de uma pedra pura

    um abrigo da terra a semelhança
    uma sombra de vermelho ocre
    a cintilação da matéria o puro sabor
    de um fruto azul o natal letargo
    dentro do lúmen
António Ramos Rosa
Pólen-Silêncio, 1992
Antologia Poética
Publicações Dom Quixote, Lisboa 2001

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quinta-feira, dezembro 23, 2010

Boas Festas!


Este cartão foi concebido a pensar nos meus amigos mais próximos, mas a referência ao rio ultrapassa o mero horizonte da cidade onde vivo e ganha uma dimensão alargada com o pequeno trecho do poema de Ruy Belo.

Passa a ser para todos os que aqui me visitam.



Boas Festas!
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terça-feira, dezembro 21, 2010

Mistérios de Lisboa


Mistérios de Lisboa, filme português com base num texto de Camilo Castelo Branco, realizado pelo chileno Raúl Ruiz, recebeu o prémio Louis Delluc para o melhor filme do ano em França.



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segunda-feira, dezembro 20, 2010

Um poema a cada segunda-feira (V)




Decidi-me por uma rubrica de poesia à segunda-feira, enquanto assim se mantiver este meu ânimo.


Irei aqui colocando poemas que o critério do momento vier a ditar.




  • FRENTE A FRENTE

    Estou diante de ti e não sei se revês
    o mesmo nome sob
    um rosto legendado

    Frente a frente é exacto o que mudou
    o que vejo diante do que sou
    o que tu és perante o que não sabes

    Estás diante de mim mudaste tanto
    que não mudaste
    e posso convocar para te descrever
    as imagens passadas que revestem
    as paredes do poço destinado a ser casa

Oiça o poema (clique)

Gastão Cruz
Poemas de Gastão Cruz
ditos por Luís Miguel Cintra
Assírio & Alvim / Sons, Lisboa 2005

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quinta-feira, dezembro 16, 2010

O Teatro Mosca esteve no CAPa, em Faro



Terminou no CAPa, em Faro,  o circuito de apresentação deste trabalho do teatromosca, baseado num texto de John Berger, autor de origem britânica.

Esta encenação é a primeira de uma trilogia, a apresentar ao longo de 2011, baseada em obras do mesmo autor, dramatizadas e encenadas pelo teatromosca.

Enquanto os espetadores entram e se arrumam na sala, já na cena os atores se envolvem no ato de desmontagem de algumas mesas e outros estrados, de idênticas dimensões, construídos com ripas de madeira.
A desmontagem conduz à construção de uma outra configuração  e arrumo das peças, como num puzzle.

Os atores vão iniciando um diálogo que serve a identificação dos personagens - três homens e uma mulher. Começamos a entender que se trata de habitantes de uma aldeia numa zona montanhosa de França e que um dos mitos locais ronda em volta de um animal - Cocadrille - que, se não for parado no momento em que sai de um ovo de serpente, chocado por um galo, acabará por liquidar tudo à sua volta.

Cocadrilha é como os homens nomeiam a mulher, descrita como se tivesse 1,25m de altura, sem peito e sem ancas.

Enquanto os diálogos se sucedem, a construção vai tomando a forma de uma pirâmide e começamos a aperceber-nos de que, apesar do nome de cada um dos personagens, eles se assumem como qualquer um dos outros e por vezes as frases repercutem-se na voz de cada um, num efeito cénico que interpretei como o da assunção do coletivo, como se todos fizessem parte de um todo maior; o todo da comunidade aldeã.

Mundo rural: comunidade fechada, os mitos e a sua função de controlo social, em presença permanente nas falas dos personagens.

A construção da pirâmide terminada, como símbolo do fascínio pelo desconhecido, pela cidade, neste caso Paris e a Torre Eiffel, contada por Jean, regressado da guerra, num discurso irónico sobre o comportamento dos citadinos, viajando como toupeiras na rede do metropolitano, a apelar ao riso da comunidade, num misto de sarcasmo e encantamento.

De novo a guerra, a morte, a denúncia, a quebra de laços familiares e comunitários, o afastamento de Cocadrilha para a montanha e a construção de uma nova disposição cenográfica a sugerir a montanha onde a mulher se refugiou, e onde, além da labuta diária, inicia o contrabando dos seus produtos na zona de fronteira.

Um texto literário, de muita profundidade, a servir um excelente jogo cénico, com atores muito bem preparados.
Uma reflexão que nos ajuda a entender estes mundos isolados, campesinos, que receiam o progresso, mas tendem  a desaparecer inexoravelmente, fechados sobre si próprios.

Parabéns ao CAPa pela iniciativa do convite a esta companhia, que eu já conhecia de KIP (uma reflexão sobre o caso de Columbine) e aqui garanto a minha atenção para quando se iniciar a tournée da prometida trilogia.

P.S. :
Entretanto o Luís Ene (clique) apresenta fotografias do espetáculo.

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segunda-feira, dezembro 13, 2010

Um poema a cada segunda-feira (IV)




Decidi-me por uma rubrica de poesia à segunda-feira, enquanto assim se mantiver este meu ânimo.


Irei aqui colocando poemas que o critério do momento vier a ditar.




  • À ROMÃZEIRA QUE ESTÁ A SECAR

    Todos os diálogos acabam no silêncio,
    mesmo o murmúrio entre dedos e folhas,
    quando o avesso da mão roça
    a grande Natureza manifesta na árvore.

    Era uma romãzeira em flor e fruto,
    segura do seu reverdecer, loquaz.
    Aos periquitos, na larga capoeira defronte,
    respondia com o júbilo da mudez.

    Mas ante mim, que a cantava e canto,
    ela deixa-se estar como está um surdo
    junto de um cego trovador lírico,
    até que ambas aceitemos o fim.
Fiama Hasse Pais Brandão
Quinze Poetas Portugueses do Século XX
Seleção e prefácio de Gastão Cruz
Assírio & Alvim, Lisboa 2004

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quinta-feira, dezembro 09, 2010

O que já terei eu escrito em... ?


Estava eu com o editor de mensagens aberto para iniciar um post quando me formulei a pergunta: o que já terei eu escrito em passados 9 de Dezembro?

Fui procurar e encontrei posts com esta data em dois anos passados: 2003 e 2008.

A minha comunicação de hoje, apesar da dupla tarefa, o que implica mais trabalho, é mera cópia, o que é mais simples. 
Vou deixar-vos os links, mas esta página vai manter-se ativa; os posts de 2003 e 2008 aparecerão em novas páginas.

                    - Chegou o Natal (clique)

                    - No silêncio das abóbadas (clique)
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segunda-feira, dezembro 06, 2010

Um poema a cada segunda-feira (III)




Decidi-me por uma rubrica de poesia à segunda-feira, enquanto assim se mantiver este meu ânimo.


Irei aqui colocando poemas que o critério do momento vier a ditar.




  • DA PEQUENA MORTE

    Alimento a tua pele silenciosa
    enquanto renovas a paz do meu sangue
    a febre o sismo a transparente crueldade
    onde naufragamos onde agora
    o pão e o sol e o canto inventamos

    A noite convoca o arco distendido
    a ponte reconstruída
    dos corpos amantes

    Alimento com minhas armas vagarosas
    a luz que nos une até aos ossos até
    ao núcleo em que terra e fogo desfazem
    no corpo a pequena imitação da morte
Casimiro de Brito
69 Poemas de Amor
4Águas Editora, Tavira 2008

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quinta-feira, dezembro 02, 2010

TECHNOHENGE



Utilizando o nome do famoso monumento megalítico, Stonehenge, os construtores deste sítio na Second Life, deram um salto gigantesco da Idade da Pedra para a nossa era tecnológica, chamando ao seu produto - Technohenge.

É de facto uma construção admirável esta instalação multimédia, em 3D, que me permitiu percorrer todo esse corredor de círculos e passear-me a pé ou em voo, rodeado de sons eletrónicos e de partículas coloridas que se separam e reúnem produzindo efeitos feéricos.

Uma autêntica viagem no futuro.

Esta foto reproduz o que chamam Node, a 2050 m de altitude, mas na superfície há toda uma cidade de ficção científica a merecer uma visita.
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segunda-feira, novembro 29, 2010

Um poema a cada segunda-feira (II)



Terminada que foi a divulgação dos Postais com poemas, publicados por ocasião da IV Bienal de Poesia de Silves, decidi iniciar à segunda-feira uma nova rubrica de poesia, a que este post de hoje dá sequência, enquanto assim se mantiver este meu ânimo.


Irei aqui colocando poemas que o critério do momento vier a ditar.



  • MINHA SENHORA DE MIM

    Comigo me desavim
    minha senhora
    de mim

    sem ser dor ou ser cansaço
    nem o corpo que disfarço

    Comigo me desavim
    minha senhora
    de mim

    nunca dizendo comigo
    o amigo nos meus braços

    Comigo me desavim
    minha senhora
    de mim

    recusando o que é desfeito
    no interior do meu peito
Maria Teresa Horta
Minha Senhora de mim
Cadernos de Poesia
Publicações Dom Quixote, Lisboa 1971

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sábado, novembro 27, 2010

Dia Europeu da Ópera, em Pamplona



Um amigo, precisamente aquele a quem me refiro no post abaixo , passou-me o endereço deste vídeo no youtube e eu não pude resistir à atmosfera deste café, à surpresa do canto no rosto das pessoas e à iniciativa deste grupo de cantores.

Também não consegui resistir à partilha.

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sexta-feira, novembro 26, 2010

À laia de comemoração de aniversário


Torquato da Luz cumpre hoje mais um ano de vida. Parabéns!










  • Ausência
Ainda existe a casa, ainda está
de pé o velho muro do quintal,
ainda nas janelas, bem ou mal,
pendem cortinas como já não há.

Ainda não levaram o sofá
vermelho que, na sala, era o local
das tuas tardes a ler o jornal,
num fundo de veludo e tafetá.

Ainda nos extensos corredores
e na sombra dos quartos interiores
persiste o cheiro a fruta e alecrim.

Só faltas tu. Ou seja, falta tudo,
porque fora de ti não há mais mundo
e eu mesmo me vejo ausente de mim.

Torquato da Luz
Espelho Íntimo
o cão que lê, Braga 2010

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quinta-feira, novembro 25, 2010

"Arqueologia virtual" reconstitui a baixa de Lisboa pré-terramoto


Chamo em primeiro lugar a atenção para este artigo, publicado no ionline (clique), que nos dá conta de um projeto que reúne o Centro de História da Arte e Investigação Artística (CHAIA), da Universidade de Évora, a empresa Beta Technologies e o King’s Visualisation Lab – King’s College London, no intuito de recriar, no ambiente virtual da Second Life/Open Sim, a baixa lisboeta no séc. XVIII, precisamente no período que antecede o Grande Terramoto de 1755.

 
City and Spectacle: A Vision of Pre-Earthquake Lisbon from Lisbon Pre 1755 Earthquake on Vimeo.
 

O vídeo não mostra, contudo, apesar da apresentação tridimensional, a capacidade "imersiva" desta tecnologia, a permitir que um nosso avatar possa entrar no interior dos edifícios e admirar a decoração, o mobiliário, os objetos, conforme o que a investigação vier a revelar.

Trata-se de um novo e mais completo olhar sobre o passado.

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terça-feira, novembro 23, 2010

Não toques nos objetos imediatos







Pelo aniversário de Herberto Helder



  



  • Não toques nos objectos imediatos

    Não toques nos objectos imediatos.
    A harmonia queima.
    Por mais leve que seja um bule ou uma chávena,
    são loucos todos os objectos.
    Uma jarra com um crisântemo transparente
    tem um tremor oculto.
    É terrível no escuro.
    Mesmo o seu nome, só a medo o podes dizer.
    A boca fica em chaga.
Herberto Helder
Antologia Pessoal da Poesia Portuguesa,
de Eugénio de Andrade
Campo das Letras, Porto 1999

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segunda-feira, novembro 22, 2010

Um poema a cada segunda-feira (I)




Terminada que está a divulgação dos Postais com poemas, publicados por ocasião da IV Bienal de Poesia de Silves, decidi manter à segunda-feira uma rubrica de poesia, enquanto assim se mantiver este meu ânimo.


Irei aqui colocando poemas que o critério do momento vier a ditar.


Abro com uma poetisa que foi participante ativa num movimento poético com origem em Faro e que marcou de forma indelével a poesia portuguesa da nossa contemporaneidade. Falo do movimento Poesia 61.

  • RITUAL
    a jarra tombou
    a água correu sobre a mesa

    as flores calaram-se aos poucos
    o espantalho tocou o acordeão

    a criança cansou-se do vento
    desatou as sandálias

    o mar meditou duas vezes
    qual o horizonte

    do sótão a galinha presa
    viu um avião voar

    uns quantos vestiram-se de negro
    viveram da morte dos outros

    suicidou-se uma sombra
    debaixo do meu pé

    A mulher calçou-se de branco
    para a ressurreição

    o país desbotou
    no mapa das escolas

    amor que esperas de mim
    a não ser eu
Luiza Neto Jorge
poesia
Assírio & Alvim, Lisboa 2001

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quarta-feira, novembro 17, 2010

Sarau Instável na Biblioteca




Sarau Instável
 Música de Cama


Os múltiplos e (in)sondáveis prazeres, tentações, encantamentos, efabulações, “desvarios” e provocações da literatura erótica…


Com convidados muito especiais: na dança do ventre, música e performance ao vivo…


Lá estarei, na Biblioteca Municipal, amanhã, dia 18, a partir das 21h00.

Informações mais detalhadas aqui (clique).

segunda-feira, novembro 15, 2010

Postais com poemas (XXIX)


A IV Bienal de Poesia de Silves editou uma coleção de postais, divulgando poemas de cada um dos convidados.

Aqui os trouxe, paulatinamente, a cada segunda-feira.

Este é o último.

IV Bienal de Poesia de Silves, postais

  • Trazia os olhos bêbedos de mar
    e nos cabelos, que o vento alongava,
    luziam raios de sol e de luar,
    que qualquer deus estranho combinava. (...)

quarta-feira, novembro 10, 2010

Arcos donde se avistam arcos



Na ausência de tema ou falta de inspiração fica esta foto recentemente batida em Granada, numa visita à Alhambra.

segunda-feira, novembro 08, 2010

Postais com poemas (XXVIII)


A IV Bienal de Poesia de Silves editou uma coleção de postais, divulgando poemas de cada um dos convidados.

Aqui os trago, paulatinamente, a cada segunda-feira.

Este é o penúltimo.

IV Bienal de Poesia de Silves, postais

  • À cautela
    imitar os girassóis em cada vela

    dar moinhos à farinha
    e um nome à estória (...)

sábado, novembro 06, 2010

A pequena praça, de Sophia












(Imagem do blog Banco da Poesia, com a devida vénia)


SOPHIA cumpriria hoje 91 anos.
Quero recordá-la neste seu poema:

  • A Pequena Praça

    A minha vida tinha tomado a forma da pequena praça
    Naquele outono em que a tua morte se organizava meticulosamente
    Eu agarrava-me à praça porque tu amavas
    A humanidade humilde e nostálgica das pequenas lojas
    Onde os caixeiros dobram e desdobram fitas e fazendas
    Eu procurava tornar-me tu porque tu ias morrer
    E a vida toda deixava ali de ser a minha
    Eu procurava sorrir como tu sorrias
    Ao vendedor de jornais ao vendedor de tabaco
    E à mulher sem pernas que vendia violetas
    Eu pedia à mulher sem pernas que rezasse por ti
    Eu acendia velas em todos os altares
    Das igrejas que ficavam no canto desta praça
    Pois mal abri os olhos e li foi para ler
    A vocação do eterno escrita no teu rosto
    Eu convocava as ruas os lugares as gentes
    Que foram as testemunhas do teu rosto
    Para que eles te chamassem para que eles desfizessem
    O tecido que a morte entrelaçava em ti




Sophia de Mello Breyner Andresen
Dual, 1972
Poemas Portugueses - Antologia da Poesia Portuguesa do Séc, XIII ao Séc. XXI
Porto Editora, 2009

quinta-feira, novembro 04, 2010

Na Mesquita de Córdova



No regresso da minha viagem a Granada, também me fiz passear por Córdova.

Apesar dos quase cinco séculos que separam a construção da Mesquita da época final da construção da Alhambra, aqui em Córdova o despojamento arquitetónico, a horizontalidade da construção, o rigor, até mesmo a finalidade, virada para o silêncio, para a meditação, provocam uma sensação completamente diferente da que descrevi a propósito da Alhambra de Granada.

Recordo a primeira vez que visitei a Mesquita, já lá vão mais de 30 anos, e a forte reação emocional que me provocou a entrada no edifício. Verti copiosamente lágrimas que não conseguia controlar. Curiosamente, sucedeu-me a mesma coisa quando pela primeira vez avistei a Catedral de Santiago de Compostela.
Permitam-me que confesse que em Granada e na Alhambra me fico sempre por um mero "beicinho" e não quero com esta afirmação estabelecer qualquer comparação que de alguma forma ponha em causa o profundo apreço que tenho por qualquer uma destas obras monumentais, incontestáveis peças do melhor do Património Histórico da Humanidade.

Recordo também ter uma atitude condenatória face à transformação da Mesquita em Catedral, mas hoje em dia, e habituado que estou à destruição dos templos de outras religiões para implantar a nova, dos novos senhores, acho que Carlos V, apesar de ter querido afirmar o seu estatuto de Imperador do Sacro Império Romano-Germânico, revelou algum respeito perante o templo muçulmano, incorporando mesmo, na estrutura vertical da nova Catedral, além da Mesquita muçulmana, elementos decorativos que evocam a presença da Mesquita, paredes-meias.
Podeis confirmar isso mesmo em algumas das fotos que aqui (clique) deixo.

quarta-feira, novembro 03, 2010

La ALHAMBRA






La Alhambra é uma janela aberta sobre uma civilização que não existe mais, feita de fantasia e de poder.

É um deslumbramento para os olhos de cada vez que aqui regresso, uma sensação permanente e doce, uma vontade enorme de guardar e trazer comigo, para depois partilhar, os lugares, as sombras, a delícia dos jardins, o exacerbamento da arte de trabalhar a pedra, o envolvimento no jogo geométrico dos desenhos dos estuques e  dos azulejos, dos madeiramentos, do chão, das paredes, das portas e janelas.

Mas eu trouxe imagens, sim, que podeis buscar aqui.

Retratam, infelizmente como sei e posso, o passeio pela zona da Catedral e da Alhambra.

segunda-feira, novembro 01, 2010

Postais com poemas (XXVII)


A IV Bienal de Poesia de Silves editou uma coleção de postais, divulgando poemas de cada um dos convidados.

Aqui os trago, paulatinamente, a cada segunda-feira.

Este é o antepenúltimo.

IV Bienal de Poesia de Silves, postais
  • ela escrevia cartas de amor e algumas tinham
    o movimento da luz e das datas inteiras. entre elas
    as mãos abertas e o antónimo delas mesmas, às vezes
    sobre a mesa até pareciam verdadeiras. pensara muito nisto
    e no lume quente do inverno a assinar o ponto
    mais seguro na casa. ... (...)

quarta-feira, outubro 27, 2010

Variações sobre o ritmo do vento


Teresa Matias, jovem natural do Algarve, licenciou-se pela Escola Superior de Música de Lisboa, depois da frequência do Conservatório Regional Maria Campina, em Faro, onde desde os 6 anos de idade aprendeu ballet, piano e o instrumento que escolheu e em que se especializou, a flauta de bisel.

Ela confessou-nos que é um instrumento com certas limitações e, à exceção da Música Antiga, tem um repertório pouco extenso para o seu ânimo e para a sua necessidade de expressão artística.

Em certo momento da sua vida decidiu expandir horizontes e conhecimentos e foi admitida, depois de prestação de provas e após madura reflexão, no Conservatório de Amesterdão, na classe de Paul Leenhouts (Amsterdam Loecki Stardust Quartet).

É aí que tem o seu primeiro contacto com as mais contemporâneas formas de expressão musical e concentra o seu projeto pessoal na música eletroacústica e na reflexão sobre a performance musical segundo uma estética sonora da nossa atualidade.


Noise (clique, para se inteirar do conceito) é um dos estilos musicais com que Teresa nos surpreendeu, particularmente pela utilização de uma flauta de bisel absolutamente estranha para mim e creio que para todos os que me leem. (Vejam a foto sobre a direita)

Noise, apesar de alguns sons mais ou menos estridentes, é música, numa forma de expressão minimal.
Nas situações que utilizou no seu concerto, a inspiração teve por base sons da natureza, que em si mesmo não são "musicais" no sentido estrito do termo, mas que nos passam essa sensação rítmica da sonoridade do vento, como na peça que Teresa interpreta nesta foto acima.

É importante que se diga que esta estética sonora não vivencia os conceitos da estética tradicional, aristotélica, como a beleza e  a harmonia, baseadas no compreensível e no agradável, mas antes pelo contrário os contesta.

O meu primeiro contacto com estas tendências musicais aconteceu com os Miso Ensemble  há mais de 20 anos, desde um concerto no Teatro Mascarenhas Gregório, em Silves, e não me foram de todo estranhos estes sons que a Teresa nos trouxe com tanto empenho e tanto entusiasmo.

Como informação mais detalhada, informo que o concerto, sob o título genérico que dá o nome a este post, tinha o subtítulo "Noise e Minimalismo para um solista" e o programa contou com:

Austro (1991-1993) Giorgio Tedde (nasc. 1958)
Armilla (2010) Teresa Matias (nasc. 1978)
O Ermita junto à água (1993) Isang Yun (1917 - 1995)
4 Variazioni sul ritmo del vento (1995 - 2007) Agostino di Scipio (nasc. 1962)

Foi um prazer esta audição e instrutivo o diálogo com os espetadores presentes.

Espero que também vos tenha despertado algum interesse por este tipo de música e isso ajude a quebrar alguma frieza ou preconceito, abrindo a mente ao novo e ao desconhecido, de forma a permitir que a sensibilidade seja tocada por novas sensações. A música é um campo inesgotável.

P.S.
Em alguns links é possível a audição de composições dos autores citados.

segunda-feira, outubro 25, 2010

Postais com poemas (XXVI)


A IV Bienal de Poesia de Silves editou uma coleção de postais, divulgando poemas de cada um dos convidados.

Aqui os trago, paulatinamente, a cada segunda-feira.

IV Bienal de Poesia de Silves, postais
  • Não precisamos de muita coisa
    um pouco de sol e as Berlengas no horizonte
    a tarde escorrendo na cafetaria
    os nossos olhos lentos e as vidraças
    subitamente acesas no esplendor das bátegas
    um bando de patos selvagens erguendo-se da lagoa (...)

quarta-feira, outubro 20, 2010

Conta-me





Conta-me

da pedra
onde martelas os teus passos

da faca
que te rasga quando sentes

da corda
com que esganas o teu grito

segunda-feira, outubro 18, 2010

Postais com poemas (XXV)



A IV Bienal de Poesia de Silves editou uma coleção de postais, divulgando poemas de cada um dos convidados.

Aqui os trago, paulatinamente, a cada segunda-feira.

IV Bienal de Poesia de Silves, postais

  • Escrevo depois da morte concêntrica
    na fusão afundada na linha do horizonte
    ouço o sangue vivo através dos subterrâneos
    debaixo dos pés até à caverna dos dentes
    fechou-se a terra e os lábios estelares abriram (...)

domingo, outubro 17, 2010

Aniversário de Ramos Rosa










(Foto obtida em mondobhz.com.br )

Nascido nesta dia, deste mês, em 1924, Ramos Rosa cumpre hoje o 86º aniversário.

Um seu poema:


  • A lucidez do amante que adormece
    sobre o seio da amada é a respiração da palavra
    que movendo-se se deita sobre o seu ténue leito
    que é uma nuvem que avança e no ar se dissipa

    Mas o seio da palavra é o seu horizonte
    que está para além de uma montanha branca
    de silêncio e vagarosa luz
    e quando se abre é a plumagem de uma ave

    que não tem corpo e é o que não há
    num cintilar de nulo sortilégio
    em que a lucidez encontra o seio e o horizonte

    que vibram com a côncava harmonia
    de não serem mais que a ténue integridade
    de uma matéria que se tornou ritmo e puro espaço
António Ramos Rosa
As Palavras (2001)
Antologia Poética
Publicações Dom Quixote, Lisboa 2001


quinta-feira, outubro 14, 2010

É mesmo uma alegoria, sim.



Apesar da quietude do mar, da aventura das viagens, da vontade de viver os dias felizes de um tempo sem sobressaltos, a marca do sol traz consigo a declinação própria dos dias mais pequenos e a sua coloração exprime preferências pelas cores mais quentes do espectro solar, a denunciar a aproximação de um tempo mais difícil.

É mesmo uma alegoria, sim.

segunda-feira, outubro 11, 2010

Postais com poemas (XXIV)


A IV Bienal de Poesia de Silves editou uma coleção de postais, divulgando poemas de cada um dos convidados.

Aqui os trago, paulatinamente, a cada segunda-feira.

IV Bienal de Poesia de Silves, postais
  • Os navios são títulos podres nos dentes a mar gos
    e a vigência dos dentes são incorporações e s
    cotilhas pelas small daily things c ya (...)

quinta-feira, outubro 07, 2010

Vargas Llosa é Prémio Nobel da Literatura



A Wikipédia terá que lhe acrescentar este título, há tanto tempo aguardado:

Mario Vargas Llosa é Prémio Nobel da Literatura 2010.

Isto não está bem, amigo.



Isto não está bem, amigo.

Tudo muito a preto e branco.
E a luz, em tom outonal, que se avista ao fundo, não é uma "promessa de Primavera".

terça-feira, outubro 05, 2010

A República passou hoje à minha porta


A República passou hoje à minha porta na forma de uma banda de música.



(A foto não é de hoje. É de março passado, pela procissão dos Passos)


Reconheci-a no fardamento, no compasso de marcha militar em expressão triunfal e até nas origens da formação destas bandas, patrocinadas pelos mecenas locais do tempo da Monarquia e mais tarde pelos mesmos mecenas ou seus parentes do tempo da República.

Reconheço-a também nos movimentos associativos, a emancipar-se daquelas tutelas, e  que eram, na minha cidade, os únicos pólos de acesso à leitura e à cultura e, ainda hoje, à aprendizagem da música.

segunda-feira, outubro 04, 2010

Postais com poemas (XXIII)


A IV Bienal de Poesia de Silves editou uma coleção de postais, divulgando poemas de cada um dos convidados.

Aqui os trago, paulatinamente, a cada segunda-feira.

IV Bienal de Poesia de Silves, postais
  • Que venha o sol e aclare a luz
    que venha a lua e ilumine a sombra
    que venha Vénus e desnude o
    que não tem nome:
    o sentido do
    príncipe do
    princípio do
    caminho. (...)

sexta-feira, outubro 01, 2010

Maria João Pires nos Jerónimos


A minha amiga Helena (clique) colocou no seu blogue, há alguns dias atrás, um excerto de um concerto de Mozart, mais precisamente do 3º movimento do concerto para piano nº20, interpretado por Maria João Pires, com a Orquestra Filarmónica de Berlim dirigida por Pierre Boulez, que teve lugar nos Jerónimos em 2003.

Trata-se de um pequeno extrato, de cerca de 3 minutos, onde a figura frágil da nossa pianista interpreta com uma força e uma expressividade impressionantes, e com uma tal aparente facilidade, em diálogo, até no olhar, com a orquestra, que o quero também partilhar com os meus habituais leitores.

Sugiro que sigam o link que aparece no final do vídeo e que vos conduzirá ao local donde este fragmento musical foi extraído. Talvez vos venha a interessar como aconteceu comigo.

Votos de um bom fim-de-semana!



quarta-feira, setembro 29, 2010

Arte contemporânea em espaço arqueológico


Visitei no domingo a exposição  DEZ MONUMENTAIS ESCULTURAS BRITÂNICAS, no espaço do Museu e Estação Arqueológica do Cerro da Vila, em Vilamoura, no Algarve.




Convivendo com as ruínas arqueológicas, a envolvência de uma zona arborizada e a proximidade do tecido urbano, dez monumentais peças escultóricas da Coleção Berardo foram dispostas ao ar livre numa atmosfera que se enriquece e enriquece as obras de escultores como Henry Moore, que já conhecia numa situação que muito se assemelha a esta, nos Kew Gardens, em Londres e a que aqui (clique) fiz referência.



São dez obras de 10 artistas com apostas diversas, mais ou menos figurativas, mais ou menos abstratas, mais ou menos desafiadoras de um outro olhar sobre os (pre)conceitos que temos a propósito da arte e, no caso presente, da escultura.

Esta é uma peça móvel, com movimento rotativo da base e ainda de rotação de uma peça anexa - Ace of Diamonds III - da autoria de Lynn Chadwick.



Também eu quase rodei a toda a sua volta.

Outras fotos que bati durante a visita a esta exposição podem ser acedidas em Vilamoura -  Contemporary Art (clique), o que não dispensa de todo a visita ao lugar; o que aconselho vivamente.






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terça-feira, setembro 28, 2010

Descubra o 10:10



Descubra o que é o 10:10 (clique) e venha connosco reduzir em 10% ao ano as emissões de dióxido de carbono que são da nossa própria responsabilidade.

Eu já sou o aderente nº 90 063, mas consigo e a sua partilha seremos muitos mais.

segunda-feira, setembro 27, 2010

Postais com poemas (XXII)



A IV Bienal de Poesia de Silves editou uma coleção de postais, divulgando poemas de cada um dos convidados.

Aqui os trago, paulatinamente, a cada segunda-feira.

IV Bienal de Poesia de Silves, postais

  • três minutos não têm vermelhos
    são um coração
    muito bem desenhado (...)

quinta-feira, setembro 23, 2010

Do Reino à Região - Cidade e Mundos Rurais


Quando no fim-de-semana passado me desloquei a Cacela Velha, para participar no "Poesia na Rua", apontei primeiro a Tavira no intuito de visitar a exposição com o título em epígrafe. Esta é mais uma das que integram a grande exposição coletiva da Rede de Museus do Algarve, identificadas pelo título comum de - Do Reino à Região.


Em devido tempo escrevi, neste mesmo blogue, sobre as exposições de São Brás de Alportel e Silves: a primeira sobre o trajo e o Algarve do Séc. XIX  - Sombras e Luz - a segunda sobre a sociedade islâmica que nos antecedeu - Do Gharb ao Algarve. Visitei em finais de Agosto a exposição de Vila Real de Santo António, sobre o urbanismo iluminista desta cidade, mandada construir pelo Marquês de Pombal. Não escrevi sobre ela logo na altura e perdi um pouco a ocasião propícia. É uma exposição de rua, pois o motivo está ali à vista de todos. O catálogo, já publicado, é um ótimo apoio para todos os que visitem a cidade.

Cidade e Mundos Rurais é um debruçar sobre o território de Tavira, um território onde a cidade é o elo de união entre o mar e a serra.

A sala que se sucede à sala de entrada, de visionamento de um vídeo sobre a própria exposição que nos preparamos para visitar, é um belo e detalhado documento que nos ajuda a entender a dinâmica da região.
Comentado por geógrafos, historiadores, um arquiteto, um sociólogo e um professor de Educação Musical, o vídeo habilita-nos então a percorrer a exposição com uma visão prévia e integrada do todo, bem como a ponderar alguns assuntos que anteriormente assumíamos como indiscutíveis e que nos levantaram interrogações. É bom ser questionado. Enriquecemos sempre que tal acontece.

O catálogo, já publicado, é um documento imprescindível para quem quiser entender os sucessos e os infortúnios da nossa economia rural e um apoio ao estudo de qualquer projeto de viabilização de uma agricultura e de uma economia que aspirem a algum sucesso.

terça-feira, setembro 21, 2010

Cacela Velha acolheu "Poesia na Rua"



A uma tarde de sexta-feira não se pode esperar grande aglomeração de gente e mesmo a um sábado, perante um programa tão vasto e diversificado, para muitos houve que escolher a hora que mais lhes convinha ou mais despertava o seu interesse.
Creio poder afirmar que as tardes foram para os já iniciados nestas andanças da poesia e dizer que o número de presentes ultrapassou as minhas expetativas.

O momento mais enriquecedor aconteceu-me na sessão da tarde de sábado, numa mesa redonda onde o debate se centrou sobre "a poesia como deslocamento" e que a fotografia abaixo documenta.

Da esquerda para a direita José Carlos Barros, Juan Andrés Garcia Román, Luís Filipe Cristóvão, José Mário Silva e valter hugo mãe.
Foram lidos poemas e o debate, conduzido por Luís Cristóvão, revelou quatro diversas perspetivas.

Teresa Rita Lopes (na foto à direita), proferiu duas "aulas de poesia" (sexta e sábado), percorrendo a poesia portuguesa desde a de expressão provençal até Fernando Pessoa e outros poetas futuristas, incentivando os presentes à declamação de poemas que soubessem de cor, estabelecendo-se um vivo e interessante diálogo.

Também estive presente, com Ahmed Tahiri (da Fundação al-Idrisi e autor da publicação - Cacela e o seu poeta Ibn Darraj al-Qastalli),  numa sessão sobre a poesia do al-Andalus.
Foi muito agradável ter sido abordado, no final, por Teresa Rita Lopes, que me disse ter gostado muito do que ouviu e que lhe tinha despertado a vontade de aprofundar o seu conhecimento da poesia dessa época.

A Fundação al-Idrisi foi também responsável por parte do serão da noite de sábado, com "Cantares do pôr-do-sol".


A música andalusina, levada para o Norte de África pelos expulsos de Granada, repercutiu-se na noite de Cacela, na limpidez da voz da jovem Zainab Afailal e na primorosa execução de Fahd Ben Kiran, no seu alaúde. O flamenco de Pepe Vela despertou as emoções dos que enchiam por completo o espaço onde o concerto teve lugar.

Na noite anterior também Janita Salomé encantou com a sua música de expressão mediterrânica, enchendo a Igreja de gente que escutava o seu cantar.

Mas o momento que mais justificou o título desta iniciativa da Câmara Municipal de Vila Real de Santo António - "Poesia na Rua" - aconteceu na noite do encerramento, com o Largo da Fortaleza repleto de gente, escutando os poetas convidados e todos os que se quiseram inscrever, em declamações sucessivas, que a Banda Filarmónica saudava após a audição de cada poema declamado, a que se lhe seguia o lançamento de um petardo.

Aí, à noite, a poesia foi de todos, como pelas manhãs tinha sido das crianças.

segunda-feira, setembro 20, 2010

Postais com poemas (XXI)


A IV Bienal de Poesia de Silves editou uma coleção de postais, divulgando poemas de cada um dos convidados.

Aqui os trago, paulatinamente, a cada segunda-feira.

IV Bienal de Poesia de Silves, postais

  • poder-vos-ia contar da tarde
    no café
    da força realista das mesas
    e das cadeiras, os corpos, copos
    vozes, o que fosse
    mas para dizer nada
    prefiro dizer (...)

quarta-feira, setembro 15, 2010

"Poesia na Rua" em Cacela Velha


(Pode ampliar com um clique na imagem)

Informe-se sobre o programa (disponível aqui). Consulte a 2ª página.
Espero encontrar-vos por lá.

segunda-feira, setembro 13, 2010

Postais com poemas (XX)


A IV Bienal de Poesia de Silves editou uma coleção de postais, divulgando poemas de cada um dos convidados.

Aqui os trago, paulatinamente, a cada segunda-feira.

IV Bienal de Poesia de Silves, postais
  • Para que serve a poesia?, perguntas. Uma das
    respostas está na forma como o destino do humano
    se projecta na necessidade de absoluto que surge
    num rosto, para além das circunstâncias, quando
    a palidez imprime o vazio do tempo. (...)

quinta-feira, setembro 09, 2010

Porquê, Jean-Luc Ponty no Castelo de Silves?



Na foto, batida com o telemóvel, de fato não se nota a presença de Jean-Luc, mas esse não é o motivo para a interrogação do título.

É importante afirmar que também me satisfaz que o Castelo de Silves possa servir,  pelo seu soberbo enquadramento, para espetáculos desta natureza, de elevado mérito, e com lotações aceitáveis e pouco invasivas do espaço, como foi o caso.

Confesso que tive alguma dificuldade em entrosar-me com o violino, pelo pouco que estou a habituado ao seu timbre em audições de jazz, mas fiquei completamente rendido à versatilidade do intérprete e à sua excelente banda. Uma noite memorável!

Pena foi que a instalação do palco não tivesse levado em conta o lugar onde o concerto iria acontecer e esse é o motivo para a interrogação do título. Porquê vir ao Castelo de Silves, para esconder por detrás do palco aquilo que justifica  a vinda do concerto a este lugar?


Houve certos momentos em que o torreão se avistou, e aí sentiu-se algum rumor de exclamações em surdina, em manifestação de apreço pela beleza das muralhas. Mas foram breves momentos, logo interrompidos pelos holofotes e pelo jogo de colorações várias, que parecem merecer maior valor do que o recorte dos merlões dessa muralha de pedra vermelha como não há outra no mundo e cujo enquadramento Jean-Luc e a sua banda bem teriam merecido por mais tempo.

Se não fosse por isso bem podiam ter dado o concerto noutro lugar qualquer. Porquê, Jean-Luc Ponty no Castelo de Silves?

terça-feira, setembro 07, 2010

Silves e o Algarve na História Contemporânea


SILVES E O ALGARVE: uma história da oposição à ditadura, é o título de uma recente publicação das Edições Colibri, cujo lançamento teve lugar na Biblioteca Municipal de Silves, em sala repleta de um público atento às palavras da autora - Maria João Raminhos Duarte.

Foto de telemóvel

O livro é, no fundamental, a tese de doutoramento de Maria João. O público era, no fundamental, para além dos interessados pela história e cultura locais, constituído pelos familiares e até por vários protagonistas dos acontecimentos cujos relatos ali foram evocados.

Além de uma introdução que remonta aos tempos finais das lutas entre liberais e absolutistas e ao despontar em Silves da indústria corticeira, o livro cobre a história da cidade, nomeadamente a história da oposição à ditadura, desde 1926 e do golpe militar de 28 de maio até 1958 e às eleições presidenciais, com Humberto Delgado.

Uso as palavras de Maria João Duarte para me referir à importância desta publicação:

  • «Compreender Silves pelo seu passado é, presentemente, um instrumento de desenvolvimento para o qual me propus contribuir. A identificação dos silvenses num espaço e história comuns deverá proporcionar e provocar o desejo de investigações futuras sobre o seu passado e sobre a cultura desta cidade, antes que se perca a memória que ainda perdura. O futuro desenvolvimento de Silves e do Algarve passa, sem dúvida, também pela compreensão, em todas as suas dimensões, da sua identidade histórica e desta importante herança política aqui retratada, parcela fundamental do nosso património histórico, social e  cultural. (...)

segunda-feira, setembro 06, 2010

Postais com poemas (XIX)


A IV Bienal de Poesia de Silves editou uma coleção de postais, divulgando poemas de cada um dos convidados.

Aqui os trago, paulatinamente, a cada segunda-feira.

IV Bienal de Poesia de Silves, postais

  • não quero mais a flor nem a palavra
    quero a raiz
    ou o silêncio da terra

quinta-feira, setembro 02, 2010

Suspensos, como no sono



Ah! Se nos pudéssemos suspender assim, como durante o sono, e saber que ao acordar os pés encontrarão o skate na posição desejada.

segunda-feira, agosto 30, 2010

Postais com poemas (XVIII)


A IV Bienal de Poesia de Silves editou uma coleção de postais, divulgando poemas de cada um dos convidados.

Aqui os trago, paulatinamente, a cada segunda-feira.


IV Bienal de Poesia de Silves, postais



  • As palavras inventam a luz e o corpo.
    São grandes e exactas.
    Por isso as defino rigorosamente. (...)

Maria do Sameiro Barroso