Terminada que está a divulgação dos Postais com poemas, publicados por ocasião da IV Bienal de Poesia de Silves, decidi manter à segunda-feira uma rubrica de poesia, enquanto assim se mantiver este meu ânimo.
Irei aqui colocando poemas que o critério do momento vier a ditar.
Abro com uma poetisa que foi participante ativa num movimento poético com origem em Faro e que marcou de forma indelével a poesia portuguesa da nossa contemporaneidade. Falo do movimento Poesia 61.
- RITUAL
a jarra tombou
a água correu sobre a mesa
as flores calaram-se aos poucos
o espantalho tocou o acordeão
a criança cansou-se do vento
desatou as sandálias
o mar meditou duas vezes
qual o horizonte
do sótão a galinha presa
viu um avião voar
uns quantos vestiram-se de negro
viveram da morte dos outros
suicidou-se uma sombra
debaixo do meu pé
A mulher calçou-se de branco
para a ressurreição
o país desbotou
no mapa das escolas
amor que esperas de mim
a não ser eu
Luiza Neto Jorge
poesia
Assírio & Alvim, Lisboa 2001
1 comentário:
uma boa ideia. uma boa escolha inicial.
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