segunda-feira, dezembro 13, 2010

Um poema a cada segunda-feira (IV)




Decidi-me por uma rubrica de poesia à segunda-feira, enquanto assim se mantiver este meu ânimo.


Irei aqui colocando poemas que o critério do momento vier a ditar.




  • À ROMÃZEIRA QUE ESTÁ A SECAR

    Todos os diálogos acabam no silêncio,
    mesmo o murmúrio entre dedos e folhas,
    quando o avesso da mão roça
    a grande Natureza manifesta na árvore.

    Era uma romãzeira em flor e fruto,
    segura do seu reverdecer, loquaz.
    Aos periquitos, na larga capoeira defronte,
    respondia com o júbilo da mudez.

    Mas ante mim, que a cantava e canto,
    ela deixa-se estar como está um surdo
    junto de um cego trovador lírico,
    até que ambas aceitemos o fim.
Fiama Hasse Pais Brandão
Quinze Poetas Portugueses do Século XX
Seleção e prefácio de Gastão Cruz
Assírio & Alvim, Lisboa 2004

Siga-me no twitter
e/ou
Divulgue esta página com um

1 comentário:

hfm disse...

Um dos meus preferidos. Obrigada.