Decidi-me por uma rubrica de poesia à segunda-feira, enquanto assim se mantiver este meu ânimo.
Irei aqui colocando poemas que o critério do momento vier a ditar.
- À ROMÃZEIRA QUE ESTÁ A SECAR
Todos os diálogos acabam no silêncio,
mesmo o murmúrio entre dedos e folhas,
quando o avesso da mão roça
a grande Natureza manifesta na árvore.
Era uma romãzeira em flor e fruto,
segura do seu reverdecer, loquaz.
Aos periquitos, na larga capoeira defronte,
respondia com o júbilo da mudez.
Mas ante mim, que a cantava e canto,
ela deixa-se estar como está um surdo
junto de um cego trovador lírico,
até que ambas aceitemos o fim.
Fiama Hasse Pais Brandão
Quinze Poetas Portugueses do Século XX
Seleção e prefácio de Gastão Cruz
Assírio & Alvim, Lisboa 2004
1 comentário:
Um dos meus preferidos. Obrigada.
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