Foi com alegria que deparei com este pequeno livro, que há muito não via, que apresenta a curiosidade de nos revelar a poesia de Paul Éluard numa antologia organizada e prefaciada por António Ramos Rosa, que também a traduziu num trabalho comum com Luiza Neto Jorge.
Um notável das letras francesas que nos chega pelas mãos de dois de entre os maiores poetas algarvios.
Seleccionei:
- Onde é que eu ia?
Faz-se tarde o céu abandona o quarto
Esta noite vou vender as minhas cabras
Caminho atrás de um rebanho
De claridades delicadas
As árvores que me guiam
Fecham-se
Ficam ainda mais seguras
Hoje vou construir uma noite excepcional
A minha noite
Informe como o sol
Toda em colinas redondas sob mãos camponesas
Toda em perfeição em esquecimento de mim próprio
A dançarina imóvel e o peso das suas pernas
Se eu agora a fosse beijar
Suas frívolas cúmplices giram em torno dela
Ondulam alto nas linhas de candelabro
Marcarei de negro o soalho e o tecto
De negro e de repouso de ausência de felicidade
Entre palma e pupila a multidão do prazer
Até no sono se mantém inteira
Esta noite acenderei uma fogueira na neve
Paul Éluard
Cours Naturel (1938)
Algumas das Palavras
Publicações Dom Quixote, Lisboa 1969
1 comentário:
Uma preciosidade que sei bem guardada mas que me fez salivar de "inveja". Um abraço.
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