quinta-feira, julho 25, 2013

Património silvense (V)



Cruz de Portugal



É neste seco e inóspito terreiro, aguardando o seu embelezamento, apesar de verba programada em orçamento municipal desde o tempo da construção do Palácio da Justiça, ao fundo, que se ergue um dos mais belos cruzeiros de Portugal, Monumento Nacional, diariamente visitado por dezenas de turistas - A Cruz de Portugal.

Este largo  ENVERGONHA qualquer cidadão.

O cruzeiro tem, aproximadamente, três metros de altura e foi esculpido em calcário branco.

Numa das faces, Cristo Crucificado, virado a poente, e na outra, virada a nascente, a Pietá (Nossa Senhora da Piedade - Maria acolhe o filho morto, no seu regaço).



 

Não se conhece o seu escultor nem o motivo da sua presença em Silves.

Trata-se de uma obra de estilo gótico, quinhentista.

O Dr. Manuel Ramos, Mestre em História de Arte e com tese sobre o manuelino algarvio, identifica-o como gótico-manuelino e a ele se refere, comentando: "Comparável, embora dos mais belos, a outros que por todo o Portugal se erguiam à entrada das localidades, tanto o seu particular gosto manuelino quanto o seu nome reforçam a ideia que será obra vinda de meio mais cosmopolita, talvez de Lisboa. ".

Quanto ao porquê desta obra em Silves, o Dr. Manuel Ramos, avança com duas hipóteses:

"Cruz de Portugal por ter vindo do reino de Portugal para o do Algarve ou por se situar, hoje, na estrada que lá conduz?

Porque não pensar numa possível oferta à cidade feita pelo rei D. Manuel em 1499 quando aqui se deslocou para piedosa e pomposamente transladar seu cunhado e primo, o anterior rei D. João II?"




Já aqui um dia me referi a alguns dos perigos a que esta obra está sujeita, sugerindo a quem de direito a produção de uma réplica para exposição no lugar e conservação do original em local mais apropriado.

A pedra em que foi esculpida está sujeita a degradação e  a sua localização oferece perigos de perda irreparável, dada a proximidade da estrada nacional 124 e a ocorrência do despiste de alguma viatura, bem como a eventualidade de algum atentado de violência gratuita à sua integridade.



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Edições anteriores:

Património silvense (I)  - Claustro interior nos Paços do Concelho

Património silvense (II) - Igreja da Misericórdia

Património silvense (III) - Arte Nova em Silves

Património silvense (IV) - O Palácio Grade



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