O poeta é Sergio Macías, nuestro hermano.
- CANÇÃO A UM REI ÁRABE (fragmentos)
Portugal sua semente
Sevilha sua altivez
sua alma, mesquita d'amor
seu sangue, pomba d'aurora.
Mu'tamid canta em Silves
entre harpas de loureiros
e canções de oliveiras.
não há espada que lhe rompa
a armadura da palavra.
e caem constelações
sobre o eflúvio dos rosais.
Ibn 'Ammar, entretanto,
vai caminhando envolto
num manto que é o da morte
para a Porta das Palmeiras (1)
Mu'tamid e 'Itimad (2)
vão traçando mocidade
sob a lua dos silêncios
a face de Sevilha se converte
em escura flor, lágrima de chuva,
pelo rei do amor
e poeta do vinho.
em Aghmat o deserto (3)
terra de luz e nostalgia.
aí cai o sol
como punho de âmbar
erguendo a primavera
e da tumba os versos seus.
in A PHALA, Junho, nº 49
Assírio & Alvim, Lisboa 1996
Assírio & Alvim, Lisboa 1996
(1) Ibn 'Ammar foi sepultado no exterior do palácio de Al-Mu'tamid (Al-Mubarak), em Sevilha, junto à Porta das Palmeiras.
(2) Sobre Al-Mu'tamid e 'Itimad remeto para uma minha nota a um poema, de outro autor espanhol, que também toma Al-Mu'tamid como um arquétipo.
(3) Al-Mu´tamid, rei de Sevilha, foi deposto na sequência da invasão dos almorávidas (finais do séc. XI) e deportado para Aghmat, perto de Marraquexe, onde acabou por falecer e onde jaz, junto aos túmulos de sua esposa e de uma filha.
(Notas do blogador)
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