Vou sair por aí, procurando entender o que haverá de Natal (leia-se nascimento de Cristo) no meio da euforia que parece ter tomado conta das pessoas nesta época do ano.
Conto regressar, mas lá mais para Janeiro ou talvez antes. Quem sabe!
segunda-feira, dezembro 18, 2006
Parto, em busca do Natal
quinta-feira, dezembro 14, 2006
Pela luz desta janela
É ténue e fria
a luz
que ainda penetra
pela luz
desta janela
E a luz que se esvai
frágil e docemente
morna
pela luz desta janela
abandona
o âmago das coisas
e fixa-se
por algum tempo
mais
nos contornos nos
recortes da memória
Recordando uma minha fotografia, a que juntei um poema de Sophia de Mello Breyner - Longe dos cenários de confrontação e morte (clique) - publicada em 26 de Agosto de 2003.
P.S.
A razão do título - "Longe dos cenários de confrontação e morte" - residia no sentimento que, em Agosto de 2003, ainda nos angustiava, a propósito da Invasão do Iraque, no anterior mês de Março.
Hoje, Dezembro de 2006, a chaga ainda está aberta e purga, mas aqui, longe dos cenários de confrontação e morte, a nossa mente já ganhou resistência à dor.
É importante recordar, quando a rotina faz esquecer.
quarta-feira, dezembro 13, 2006
Haverá quem acredite?
O Diário de Notícias de hoje refere que «A Comissão Europeia decidiu ontem, em Estrasburgo, arquivar o processo contencioso da barragem de Odelouca, depois de Portugal assegurar que a sua água seria para consumo humano e não industrial...»
Já estou a imaginar os campos de golfe com a relva seca e as piscinas a ganhar pó!
Haverá quem acredite que Portugal irá mesmo cumprir com o que assegura?
terça-feira, dezembro 12, 2006
Ainda com Luiza, em Silves
Árvores intensas Casas de trapo
Chilreia a chuva Coxeia a cama
Frutos votivos Cal calejada
Ponte romana
Luiza Neto Jorge
Poesia
Silves 83
Assírio & Alvim, Lisboa 2001
segunda-feira, dezembro 11, 2006
O poder, para quê?
A candidatura de Carneiro Jacinto, por enquanto, não passa de um fait divers mediático, que pouco ou nada acrescenta à necessária definição de uma solução estratégica para a cidade e seu concelho.
O que se discute, entretanto, é a luta pelo poder.
P.S.
Soube que Carneiro Jacinto iniciou um blog - Servir Silves - cujo link passa a constar da coluna da esquerda.
quarta-feira, dezembro 06, 2006
Solidão ao fim da rua
Subitamente descobriu-se
só
na cidade deserta
ao entender a ausência
de qualquer sentido
no percurso que a levara
até ao fim
daquela rua
Recordando uma antiga fotografia comentada - Silves em Agosto (clique) - publicada em 25 de Agosto de 2003.
terça-feira, dezembro 05, 2006
ECO DE VIAGEM
Eco de viagem
Partir - ouvindo a noite bater
contra os vidros da memória! Linhas
sucedendo às linhas, nos grandes
continentes onde o gelo se desfaz
num curso de rios disperso no mapa
da vigília. Deixar que o ruído
dos carris embacie as frases murmuradas
no corredor, enquanto os viajantes
procuram um bar por entre
as carruagens. Decorar nomes de cidades
que a treva oculta, e só se deixam
adivinhar num súbito brilho de estação
onde alguém dorme, num banco
de madeira, sob o relógio parado
num outro século. Respirar o calor
tépido dos dormitórios improvisados,
convivendo com sombras que
ressonam uma ressaca de álcoois
baratos. E ver a imagem
que nasce num súbito abrandar
de rodas, perto da fronteira,
deitando sobre mim um olhar
que ainda hoje não sei ler, como
se a sua linguagem se tivesse
perdido num alfabeto de velhas
emoções.
Nuno Júdice
As coisas mais simples
Dom Quixote, Lisboa 2006
segunda-feira, dezembro 04, 2006
Nem para "mandar cantar um cego"
Neste último mês, mês e meio, em Vila Real de Santo António, Tavira, Faro, Lagoa, Portimão e Lagos, houve oferta suficiente para que pudesse assistir a teatro, dança, recitais, concertos, exposições de artes plásticas, ópera, cinema.
Em Silves, ao longo do mesmo período de tempo, a oferta cultural reduziu-se a uma exposição sobre osteologia, numa perspectiva arqueológica. Ossos!
A que estado chegaram as coisas nesta fúria de construção, acelerada em véspera de actos eleitorais, que deixa a cidade cercada de obras paradas e as finanças sem recursos para "mandar cantar um cego"!