É esta ambiência de filme de ficção científica, de paisagem arrasada por um cataclismo, a que vim encontrar nas abandonadas Minas de São Domingos.
Foi de facto um cataclismo o que se abateu sobre esta população cerca de meados do séc. XX.
De um empório industrial que fornecia mais de 40% das necessidades em pirite do Império Britânico, cujo interesse económico está bem patente na atribuição pela Monarquia Portuguesa do título de Conde de São Domingos ao administrador da empresa britânica em Portugal, resta esta paisagem desolada, esventrada, de enormes lagos de águas ácidas, de terrenos com coloração de amarelo, vermelho, lilás... de fortes tonalidades. Um mundo desértico onde outrora chegavam mais de meia dúzia de linhas de caminhos-de-ferro, por onde seguiam carregados de minério os comboios que se dirigiam ao porto do Pomarão, sobre o Guadiana. Ali, por ano, mais de 500 navios de alta tonelagem carregavam o trabalho de milhares de operários, para terras de Sua Majestade Britânica.
Hoje, na Mina de S. Domingos, as suas gentes vivem a saudade de outros tempos, dessa época da era industrial que findou e é o turismo, em busca desta paisagem estranha, mas arrebatadora, ou o Parque Natural de S. Domingos e a sua caça ou, no Verão, a sua praia fluvial, quem ainda alimenta a economia da localidade.
Foi assim, através da Associação 1/4 Escuro e da sua proposta de um encontro de fotógrafos amadores, que aqui passei um fim-de-semana que me encheu de nostalgia, pois também conheço de perto a degradação que sofreu esta minha cidade corticeira com o fim da era industrial.
P.S.
Outras fotos de S. Domingos e do Pomarão, podem ser vistas aqui. (clique)
terça-feira, fevereiro 19, 2008
Fim-de-semana na Mina de S. Domingos
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3 comentários:
Conheci este local em Outubro de 2006, num fim de semana prolongado e fiquei fascinada pela desolação, pelas cores, pelo abandono. Como é possível acabar-se assim algo que foi tão importante? Resta-nos esperar que, quanto mais não seja através do turismo, que este lugar recomece a ganhar vida, pois merece.
Eu estive lá também em 2006 de férias e senti ... PAZ.
Não poderia haver terra mais linda em todo o alentejo! =P
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