O primeiro deslumbramento foi cenográfico.
A cena ampla, aberta, em gradações de cinza como numa foto a preto e branco. O chão a projectar-se na profundez do palco. O tecto a emergir como numa rotação suplementar do chão, seu gémeo simétrico, a partir desse lugar profundo onde o chão se perde, sem que ambos se toquem.
É neste lugar, sem limite aparente, que a luz, o som e os actores se congregam numa cerimónia de celebração da ...
P A L A V R A
(clique na imagem para ampliar)
É a palavra que tem a primazia. A palavra de Fernando Pessoa e seus heterónimos, aqui meras "criaturas", e não personagens, como se lhes refere Ricardo Pais, responsável pela encenação.
De facto não há contracena. Mesmo o próprio Pessoa nos surge como o lugar de intersecção das suas criaturas ou alvo das atenções de Ofélia nas suas cartas.
É um espectáculo total, feito de palavras e de silêncios, de luzes e sombras, de drama e de riso, de inesquecível beleza, como a imagem abaixo permite retratar.
Obrigado ao Teatro Nacional de São João, do Porto, nesta sua primeira viagem ao Algarve e o meu reconhecimento pelo seu contributo para a substancial melhoria da oferta cultural da região onde vivo.
3 comentários:
Fiquei curiosa. Um abraço.
Venho aqui sempre para ler e apreciar.
Puro deleite é o que sempre encontro.
Obrigada.
beijos
Obrigado pelos comentários, amigas.
Desculpem o silêncio, mas tenho estado ausente.
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