António Ramos Rosa nasceu em Faro a 17 de Outubro de 1924.
Os meus parabéns assumem a forma de um poema seu, dedicado a um amigo, a quem se dirige com toda esta ternura, retratando a sua ironia e a sua mordacidade:
Ter um braço de barro, um braço só
todo carinho: terra!
Cabelo, telhas, livros, solidões
pedras e pedras, pedras
e ruídos doces de casas velhas de fundos corredores.
Um braço: uma raiz.
Um menino que mija no escuro sobre as estrelas
sobre o meu rosto:
no chão, na terra, nas pedras, no estrume,
irmão do insecto, obscuro, pesado
de muros, ervas, ossos e flores.
Um pássaro?
Um braço
Um braço de terra, pedras, ossos,
um braço: todo o carinho, terra.
António Ramos Rosa
Voz Inicial
Livraria Morais, Ed.
Lisboa 1967
2 comentários:
Um dos grandes poetas contemporâneos e, quanto a mim, pouco divulgado.
"ossos e flores". Este poema traz-me sensações orgânicas, de ternura e também viscerais. bj
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