- FALEMOS
Falemos então de todas essas coisas a que nunca soubemos dar
um nome.
Coisas como café e cerejas,
coisas como memórias do verão de ontem
e de tudo o que repousa já no ónix frio dos dias.
Falemos não porque as vejamos,
mas porque as sentimos à vaga luz dos crepúsculos que morrem
e são para nós as florestas que passam velozes nos vidros do
carro
e os silêncios dos faunos que atravessam os bosques e as
ilusões
e as pequenas ondas que vêm desmaiar à praia
e as vozes antigas que ainda nos falam na alma coisas
despercebidas
e as luas que havia no final do verão.
Falemos, para que de novo sejam
e de novo vivam.
Falemos, para que estejamos vivos.
Fernando Cabrita
Doze Poemas de Saudade
4 Águas Editora, Tavira 2008
1 comentário:
Que belas sugestões de leitura estes dois posts sobre poetas editados pelas 4 águas.
Excelente ideia.
Abraço
Luís
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