segunda-feira, outubro 26, 2009

O gosto solitário do orvalho


Ponte Medieval, Silves, Outono 2008
Bati esta fotografia faz hoje precisamente um ano. Era domingo nesse dia. Um domingo idêntico ao de ontem: cidade deserta, silêncio, tarde outonal.

Inadvertidamente (mas quem sabe dos caminhos da memória?), cheguei a casa e o meu olhar como que procurou entre os livros, na estante, este que vos revelo, com poemas (haiku) de Matsuo Bashô, em versões de Jorge de Sousa Braga.

Não foram só os poemas e a nostalgia da tarde o que me tocou, foi esta cidade sem vida, morna, crepuscular, onde nenhuma actividade cultural tem lugar para preencher um domingo de lazer. E assim nos quedamos, lassos, a espreguiçar pequenos confortos, sem outra actividade mental que a de sermos assim... mamíferos.


  • Ah este caminho
    que já ninguém percorre
    a não ser o crepúsculo

Matsuo Bashô
O gosto solitário do orvalho
Antologia de Jorge de Sousa Braga
Assírio & Alvim, Lisboa 1986

2 comentários:

hfm disse...

~Sempre Basshô sempre os seus haikais condizendo com a foto. Lindo!

oasis dossonhos disse...

Imagens como esta, ainda por cima acompanhadas pelas belas palavras dos mestres provocam a boa sensação do arrepio, este prazer de visitar um blogue repleto de sensibilidade e sabedoria.
Bem Hajas, Amigo!
Abraço
Luís