Decidi-me por uma rubrica de poesia à segunda-feira, enquanto assim se mantiver este meu ânimo.
Irei aqui colocando poemas que o critério do momento vier a ditar.
- OUVE
Ouve:
Como tudo é tranquilo e dorme liso;
Claras as paredees, o chão brilha,
E pintados no vidro da janela
O céu, um campo verde, duas árvores.
Fecha os olhos e dorme no mais fundo
De tudo quanto nunca floresceu.
Não toques nada, não olhes, não te lembres.
Qualquer passo
Faz estalar as mobílias aquecidas
Por tantos dias de sol inúteis e compridos.
Não te lembres, nem esperes.
Não estás no interior de um fruto:
Aqui o tempo e o sol nada amadurecem.
Sophia de Mello Breyner Andresen
Coral, 1950
Coral, 1950
Poemas Portugueses - Antologia da Poesia Portuguesa do Séc. XIII ao Séc. XXI
Porto Editora, Porto 2009
1 comentário:
O último verso é particularmente sublime!
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