Decidi-me por uma rubrica de poesia à segunda-feira, enquanto assim se mantiver este meu ânimo.
Irei aqui colocando poemas que o critério do momento vier a ditar.
Vinhas,
beijavas-me,
dávamo-nos as mãos.
Depois olhávamos distraídos a fresca alegria do vento
entre as alamedas e o mar.
Corria, muito lenta, essa brisa benfazeja.
Trazia-te histórias de princesas e palácios,
lendas de reinos de longe e de navios de outrora.
Nos teus olhos e nos teus cabelos douravam-se
as fantasias distantes e o nítido recorte das ilhas
dormindo o horizonte.
Dizias-me então as luas velhas e as marés,
nessa hora em que passavam na nossa alma
os grandes veleiros, cisnes de fogo e levante
no tropel dos meses.
Uma canção de marinheiros vinha, muito mansa,
sobre as águas, visitar-nos.
O céu jade, fugaz como um amor jovem, cavalgava
a paz de cada fim de tarde.
Onde, agora, esses tempos que sabemos que existiram?
Fernando Cabrita
Doze Poemas de Saudade
4 Águas Editora, Tavira 2008
1 comentário:
Como sempre marcando presença a 2ª f.
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