É desse manancial que esta rubrica se irá sustentar por algum tempo, confinando-se as minhas escolhas às opções dessa personalidades e a poetas que viveram, ou ainda vivem, sob o bafo civilizacional do séc. XXI.
A primeira vaga provém da safra de Mário Soares.
- OUTRA COISA
entre sombra de pedra e golpe de asa
exaltar-te perder-te desconfiar-te
seguir-te de helicóptero até casa
dizer-te que te amo amo amo
que por ti passo raias e fronteiras
que não ne chamo mário que me chamo
uma coisa que tens nas algibeiras
lançar a bomba onde vens no retrato
de dez anos de anjinho nacional
e nove de colégio terceiro acto
pôr-te na posição sexual
tirar-te todo o bem e todo o mal
esquecer-me de ti como do gato
Mário Cesariny
Os poemas da minha vida
Mário Soares
Público, Lisboa 2005
Os poemas da minha vida
Mário Soares
Público, Lisboa 2005
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