segunda-feira, março 03, 2014

A marca de água e a marca da água







A chuva marca a sua presença na janela do quarto.

Observar a chuva na janela, deitado na cama, não produz na mente, ainda meio adormecida, a mesma vaga de sensações e considerações que produziria se estivesse a pé, apesar de ainda meio adormecido.

A cama, assim como a água, são meios envolventes, onde habitualmente relaxamos o corpo e com ele a mente, no sono ou no banho.

O vaso de flores, espetral, desfocado pelo enfoque das gotas da chuva, recria uma marca de água, esse ténue sinal que subsiste num plano mais remoto, afastado do tema principal, mas cuja presença, se bem que secundária, desperta uma atenção que diria, talvez, mais exigente, a solicitar uma interpretação que não se evoca num primeiro olhar.

Apesar disso são as gotas de água que deixam a marca principal; a marca da água.

Ou não estivesse na cama a observar a chuva na janela e não o vaso das flores, que é tema sempre presente, com ou sem chuva.


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