segunda-feira, março 10, 2014

Atirados para a margem






O rio é uma corrente que, implacavelmente, arrasta ou contorna os obstáculos até atingir o mar ou, simplesmente, atira para as margens o que se afasta do seu curso principal.

O rio é um pouco como a vida; a nossa vida.

Dia após dia somos arrastados pelos condicionalismos e pelas nossa opções para os enfrentar, e se não seguirmos a corrente ver-nos-emos atirados para a margem.

Como um rio, a corrente é forte e condiciona logo à partida de acordo com a origem social, condicionando o rendimento nos estudos, mais tarde o tipo de emprego e o valor da remuneração, vem depois a idade, eventualmente o desemprego e somos, muitos de nós, inelutavelmente atirados para a margem.

Em tempo de crise a vida corre como um rio em hora de tempestade e tudo se acelera, arrastado pela corrente.

As margens enchem-se de detritos, dos que não encontram um emprego, dos que o perderam, dos que adoeceram, dos que envelheceram, dos que perderam a casa, os haveres, dos que foram atirados para margem.

E o rio continua inexoravelmente indiferente.

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