terça-feira, janeiro 25, 2005

Líricos algarvios (VIII)

Vou prosseguir, com a colaboração de FCR.
Dizia-me, no email que me enviou, que a sua selecção seria "... para um poeta vivo. Temos, geralmente, tendência (com toda a reverência para a sua paixão andaluza ) para privilegiar os mortos tão vivos, em detrimento dos vivos tão mortos."

Ofereceu-me este poema de Elviro Rocha Gomes:

      • A ovelha tosquiada

        Tosquiaram a ovelha.
        Parece uma velha.
        Tão lisa e tão fria
        parece uma rã.
        Umas mãos hábeis
        roubaram-lhe o garbo
        tirando-lhe a lã.
        Assim ficou nua
        no meio do prado.
        Anda vaidade
        passeando na rua
        com lã que era sua.

        E ela anda nua.
Elviro Rocha Gomes
À luz da singeleza, POEMAS, Faro 1999


1 comentário:

Anónimo disse...

Elviro, um dos tais 'poetas vivos tão mortos', semeia ( tem semeado ), do seu bolso, dezenas de folhetos por onde passam algumas preciosidades. Edições de 100 exemplares para oferecer aos amigos, que não são, necessariamente, 100 leitores. Somos um país de poucas letras, a quem foram dados tantos poetas e os deixa sumirem-se mal conhecidos. fcr.