É neste abandono que a praia ganha outro encanto. Longe do bulício do Verão. Ausente de multidões; quase poderia chamar-lhe minha. O sol já só aquece a roupa que trago vestida; exposto, tenho frio. A meu lado, duas gaivotas confraternizam, sem receio. Leio, mas a paisagem interfere nos meus pensamentos. Corta-me as sequências, retira-lhes lógica. Perco-me, não entendo. Adormeci?
Lá em cima, na vila, também tudo me parece dormente. Na rua, nem vivalma. Os blocos de apartamentos estão vazios. O vento traz-me areia aos olhos. Restos de um jornal parecem dançar, volteando no ar.
Falam-me de um Plano cuja execução "levanta sempre dúvidas, nos interesses que acolhe e naqueles que enjeita...". Referem uma vila junto ao mar onde se constrói, se continua a construir, se construirá ainda mais, mesmo sabendo que a praia não irá alargar. Descrevem uma terra com "prédios fantasmas de Inverno, esventrada de valores urbanísticos e de qualidade de vida para os residentes, anuais"; dizem de "uma edilidade que parte do princípio que é uma chatice ter no Concelho uma terra como Armação".
Nota: Os textos entre aspas foram transcritos de Voz de Silves, edição de 5.11.2003.
terça-feira, novembro 11, 2003
Fechado para Inverno
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