Santarém: do Tejo, da Lezíria e do Outono
Regressei de Santarém, onde procurei memórias de Ibn Bassam e da sua Xantarim. Dessa civilização encontrei um dos mais belos capitéis, em mármore, que alguma vez pude ver e o topónimo árabe - Xantarim - no nome de um bar, numa ruela próxima do Beco do Isaac, a lembrar tempos medievais de vizinhança judaica, muçulmana e cristã. De Ibn Bassam e da sua poesia não encontrei nenhuma referência pública. Scalabis parece sobrepor-se a Xantarim entre os escalabitanos da Santarém do nosso tempo, apesar dos doces tradicionais, ditos conventuais, as arrepiadas e as celestes, em amêndoa, tão semelhantes aos doces do meu Algarve mouro.
Eu rememoro, nestes seus versos,
- IBN BASSAM, de Santarém
VEM DAÍ, deixa lá esse torpor,
Que o que agora conta e tem valor
É a amada, linda como a lua,
E teres sempre cheia a taça tua!
Não te embarace tanto nevoeiro
Que sobre jardim e vinho vai pairando.
Estares presente é o dever primeiro
E logo o jardim se irá mostrando.
O meu coração é árabe
Assírio & Alvim, Lisboa 1987
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