quinta-feira, maio 28, 2009

Mértola, findo o Festival


Findo o Festival, idos os mercadores, os visitantes, os poetas, os trovadores e os que os escutam, Mértola continuará com a vitalidade que a destaca de entre outras vilas do distrito de Beja, com a sua gente e seus afazeres, a sua riqueza patrimonial, que a torna conhecida e respeitada internacionalmente, em particular através da actividade do seu Campo Arqueológico.

Ali permanecerão a sua alcáçova e a sua antiga mesquita:

Mértola, Maio 2007
Ali continuarão patentes a sua Basílica, o seu Museu e outros núcleos museológicos, e os testemunhos que conservam e divulgam:


Mértola, Maio 2007 Mértola, Maio 2007 Mértola, Maio 2007

Ali aguardarão a sua visita, meu amigo, embora sem os adornos dos dias de festa, os seus recantos de luz e sombra, as suas portas e o seu casario tão peculiar.

Mértola, Maio 2009   Mértola, Maio 2009   Mértola, Maio 2009

terça-feira, maio 26, 2009

Mértola, pelo Festival Islâmico


Mértola, Maio 2009

Paletas de cores cobrem as ruas do suq (mercado), a proteger mercadores e compradores da agressividade dos raios solares, felizmente este ano menos castigadores.

Mértola, Maio 2009     Mértola, Maio 2009   Mértola, Maio 2009

Largos de sombra...

Mértola, Maio 2009
... convocam poetas...

                  Luís Maçarico, Mértola, Maio 2009
                                    ... trovadores...
                                    Eduardo Ramos, Mértola, Maio 2009

... e os que os querem escutar.

sábado, maio 23, 2009

Mértola, o último porto do Mediterrâneo


Mértola, Maio de 2009, © António Baeta OliveiraFoto de António Baeta

É nesta vertente que há milénios o Guadiana escavou para atingir o mar, que ainda persistem estes matizes de verde do coberto vegetal, este azulado da água onde se debruça o céu, e este branco de cal, no longo e hospitaleiro muro que reflecte as tonalidades do ocaso e acolhe os viajantes que demandam este último porto do Mediterrâneo.

quarta-feira, maio 20, 2009

5º Festival Islâmico de Mértola



É já quinta-feira, dia 21, que irá arrancar o Festival Islâmico de Mértola, como vem acontecendo de dois em dois anos a esta parte.
Deixo um link para o Programa do Festival (clique).
Por lá estarei.

sexta-feira, maio 15, 2009

REBIS

Tão ao jeito de Natália Correia, neste fim-de-semana de meados de Maio.

  • REBIS

    Oh a mulher como é côncava
    de teclas ter no abdómen
    de sua porção de seda
    ser o curso do rio do homem

    como é mina espadanar de água
    na cama abobadada de homem
    gargalhada de lustre se sentada
    dique de nuvens estar de dólmen!

    Oh o homem como é ângulo
    aberto de procurar
    o sítio onde nasce o ouro
    na salmoura da mulher mar

    como é cúpula de copular
    nadador de braçadas de mirto
    como é nado de a nado formar
    o quadrado da mulher círculo!

    Oh os dois como se fundem
    na preia-mar dos lençóis
    despidos como fogo e água
    deus de dois ventres ferozes
    e quatro olhos de fava!

Natália Correia
As Maçãs de Orestes
Publicações Dom Quixote, Lisboa 1970

terça-feira, maio 12, 2009

In memoriam...

Não dei por que Egito Gonçalves tivesse falecido e havia longo tempo que nada lia dele.
Confrontei-me hoje com essa ausência ao pegar num velho livro com um seu autógrafo. Fixei-me neste grito contra a insensibilidade, a mediocridade e a massificação. Foi assim que senti o poema que ele escreveu num outro tempo que não este, mas onde, ainda hoje, o seu grito se reflecte no meu.


  • Querem que dobre a esquina
    e me insinue
    no deserto das praias.

    Querem que feche os olhos
    e me dilua
    num rio de magma.

    Querem que corte a orelha
    por onde ouvia
    a voz da terra.

    Querem que descarne
    a ternura dos dedos
    até ao esqueleto.

    Querem que mergulhe
    em álcool este feto
    aparente nado-morto.

    Mas respiro, respiro
    e construo um pulmão
    a que possa dar asas.

Egito Gonçalves
O Fósforo na Palha
Publicações Dom Quixote, Lisboa 1970

sexta-feira, maio 08, 2009

E tudo era possível

Mera coincidência a desta nova referência à Biblioteca Municipal de Silves.
Acontece que estava a ler Ruy Belo e reconheci certos versos que figuram numa das salas, que mereceu o seu nome como homenagem.

  • E tudo era possível

    Na minha juventude antes de ter saído
    da casa de meus pais disposto a viajar
    eu conhecia já o rebentar do mar
    das páginas dos livros que já tinha lido

    Chegava o mês de maio era tudo florido
    o rolo das manhãs punha-se a circular
    e era só ouvir o sonhador falar
    da vida como se ela houvesse acontecido

    E tudo se passava numa outra vida
    e havia para as coisas sempre uma saída
    Quando foi isso? Eu próprio não o sei dizer

    Só sei que tinha o poder de uma criança
    entre as coisas e mim havia vizinhança
    e tudo era possível era só querer

Ruy Belo
Homem de palavra(s)
Publicações Dom Quixote, Lisboa 1970

quarta-feira, maio 06, 2009

O Arrabalde Oriental

Quando se iniciaram os trabalhos de construção do novo edifício da Biblioteca Municipal de Silves foram postas a descoberto algumas ruínas que vieram a justificar, pela sua importância, a alteração do projecto de arquitectura de forma a poder vir a enquadrar, na cave do edifício, um dos mais importantes achados arqueológicos do período muçulmano da nossa cidade - A Muralha do Arrabalde Oriental.

Esta conversa vem a propósito da recente publicação de uma brochura, que serve de roteiro da exposição, mas que efectua uma síntese muito necessária para a divulgação junto do grande público dos mais recentes avanços no conhecimento do que foi a Silves islâmica.

Cerâmica estampilhadaFoto de António Baeta

Pode agora chegar junto de quem visita a biblioteca e o núcleo museológico uma informação histórica completamente desconhecida há cerca de 30 anos atrás, quando em Silves se iniciaram as primeiras escavações que visaram o período islâmico da nossa cidade, até aqui do conhecimento de alguns iniciados e curiosos, mas agora disponível aos cidadãos em geral.
Esta síntese deve-se à arqueóloga Maria José Gonçalves e à equipa que coordena, na Câmara Municipal de Silves.

segunda-feira, maio 04, 2009

Lídia Jorge entre nós

Lídia Jorge na Biblioteca. Foto com telemóvel. © António Baeta OliveiraLídia Jorge foi a convidada da Biblioteca Municipal de Silves para falar dos livros da sua vida - uma rubrica que integra a animação regular da biblioteca.
Paulo Pires, o animador, abriu a sessão com o seu acordeão e leu alguns textos com a assinatura da autora. A sala estava com os seus lugares bem preenchidos, tendo em conta acontecimentos desta natureza, que não suscitam grande afluência num país onde pouco se lê.
Quem sabe se estas redes de bibliotecas públicas e escolares não abrirão novas perspectivas nos hábitos de leitura dos portugueses?! A insistência na oferta há-de produzir resultados, confio eu.

Lídia Jorge, com a serenidade que a caracteriza, num rit(m)o muito vivo e muito seu, revelador da intensidade com que vive as suas ideias, os seus projectos e a sua visão do mundo e dos Homens, falou-nos, com alguma preocupação didáctica, do seu percurso pela literatura.
Usou "Por quem os sinos dobram", de Hemingway, para nos dizer do seu sentimento perante a leitura e referenciar o iniciar da sua escrita, tentando descobrir as formas, os processos, os jogos emotivos que conduzem a uma história.
Falou depois dos romances onde a história deixa de ser o motivo principal, para se debruçar antes sobre o pulsar das emoções, das circunstâncias, das motivações psicológicas que conduzem e precipitam os acontecimentos da narrativa.
Lídia Jorge foi um livro aberto durante o diálogo que se entabulou, satisfezendo diversas curiosidades dos seus leitores.

Creio não fugir à verdade ao declarar que todos lhe ficámos muito gratos.