quinta-feira, abril 28, 2011

Fui a Beja por causa de Mértola




Estive ontem em Beja.
Desloquei-me propositadamente para assistir ao colóquio a que se refere o cartaz acima.

Embora tivesse apreciado as intervenções e de ter sido agradável o convívio, este colóquio ficou de certo modo aquém das minhas expetativas.
Programado, certamente, em função da divulgação do 6º Festival Islâmico (veja-se o 6 no cartaz do colóquio), e tendo como alvo um público próximo do Instituto Politécnico de Beja, natural seria que abordagem não fosse dirigida a iniciados.
Não me apercebi à partida desta situação e confesso que me disponibilizei a ir a Beja, sobretudo, por causa de um Workshop de Escrita árabe. Imaginei eu que poderia aperfeiçoar o meu traço e expressividade em torno dos caracteres árabes (o desejo ilude), mas afinal tratava-se de um workshop de iniciação, o primeiro contacto com os símbolos dessa escrita tão bela e harmoniosa.

Deixo-vos o link para o blog do colóquio - coloquioseseb.blogspot.com - a partir do qual é possível aceder ao blog oficial do Festival Islâmico e seu programa, bem como aos sites do Campo Arqueológico, do Museu e da Câmara Municipal de Mértola.

Dia 19 de Maio inicia-se o Festival, que durará até dia 22 e eu vou lá estar, pelo menos  nessa quinta-feira do arranque e conto ficar para o concerto da noite com Eduardo Paniagua.

Aconselho todos a visitar o FESTIVAL e a respirar a sua atmosfera tão autêntica.


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segunda-feira, abril 25, 2011

Um poema a cada segunda-feira (XXIII)



Até à vigésima edição desta rubrica, os autores aqui representados tinham uma relação próxima com o Algarve: os primeiros através do Movimento Poesia 61, os que se lhe seguiram porque naturais ou residentes nesta região. Sophia foi a exceção, mas todos sabemos da sua proximidade a estas terras do Sul.
Quando das comemorações do Dia Mundial da Poesia, Paulo Pires, Técnico Superior da Biblioteca Municipal de Silves, compilou uma antologia que intitulou POESIA 21, porque se refere a 21 poetas e ao dia 21 de Março.
São trabalhos desses 21 poetas, jovens que se vêm afirmando no nosso mundo literário, que aqui estou a incluir.

  • DECLARAÇÃO DE RENDIMENTOS

    Considera este poema
    num impresso de IRS;
    considera que to dou de seguida
    como quem entrega o modelo 2.

    Considera a prestação de serviços,
    os encargos dedutíveis,
    as retenções na fonte,
    o total uma vogal gorda.

    Considera ainda as deslocações
    no sujeito passivo,
    a profissão de desgaste rápido,
    o consumo de água e de energia.

    Considera as correcções por excesso
    dos limites legais,
    as quotizações para o sindicato,
    os pagamentos dos serviços prestados
    por terceiros.

    Considera o mapa de
    amor
    tizações e reintegrações,
    o imobilizado corpóreo,
    o exercício reduzido a letras
    matemáticas de taxas e valores.

    Considera tudo isto:
    e paga o que deves.

Daniel Jonas
O Corpo está com o Rei
AEFLUP/CGD, Porto 1997
Moça Formosa, Lençóis de Veludo, Cadernos do Campo Alegre/6
Fundação Ciência e Desenvolvimento, Porto 2002
Os Fantasmas Inquilinos
Cotovia, Lisboa 2005
Sonótono
Cotovia, Lisboa 2007
Poesia 21
Parceria Biblioteca Municipal de Silves / Escola Secundária de Silves

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quarta-feira, abril 20, 2011

Barcos na maré baixa, vazia


(clique na foto se a quiser ver ampliada)

Barcos na maré baixa, vazia, é como se fossem carros sobre estradas que levassem a nenhum lado e os reflexos de luz nas poças de água são mero fogo fátuo, sem substância nem calor. Vaga miragem.

Vida sem perspetivas, ausência de estratégia, navegação de cabotagem. Braços pendentes aguardando melhores dias que nunca mais hão-de chegar por falta de energia, de uma ideia partilhada, de uma consciência coletiva, por incapacidade de inovar e renovar. Protestar, acusar ou exercer oposição sem propor alternativa ou justificar o seu modelo. Entretenimento como paliativo e faz-de-conta que estou contra.

A crise não é culpa; é consequência. Consequência de todos nós.

P.S. O autor destas linhas afirma que qualquer semelhança que se pretenda atribuir entre o que se diz neste texto e pessoas, individuais ou coletivas, instituições, públicas ou privadas, responsáveis por esssas instituições, gente comum e seus estados de alma, jovens à rasca ou mesmo rascas, ausência de vida coletiva e sobretudo de vida cultural, insuficiência de massa crítica, mediocridade e mesquinhez, boatos de vizinha ou de mesa de café, jogos de poder, resultados de futebol ou programas de televisão, tema de conversa à noite, no bar ou nas redes sociais, conflitos por "dá cá aquela palha"... são pura e mera coincidência.

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terça-feira, abril 19, 2011

Na segunda-feira, a ÁGUA foi Património?


Alguns chuviscos marcaram a manhã.

Saí para a rua na intenção de visitar duas exposições - Suportes de Água na Silves Islâmica, nos Paços do Concelho, e Sistemas de Abastecimento de Água na Silves Medieval, no aljibe da Alcáçova.
Levei comigo a câmara fotográfica.

Surpreendeu-me o avantajado número de turistas, mas pude aperceber-me de que estamos em vésperas de Páscoa. No Largo do Município, além dos turistas, a aglomeração era outra.



(Com um clique sobre as fotos pode apreciá-las mais ampliadas)

 










Por iniciativa da Universidade Aberta, alunos do Mestrado em Arte e Educação ensaiavam a sua expressividade. Caracteres árabes ou as características do seu traço, riscavam-se nas folhas brancas de alguns.


Subi aos Paços do Concelho e não encontrei qualquer aviso, nem qualquer sinal, desde o largo lá em baixo até ao local da exposição, que mencionasse a sua existência. Não estranhei atingir o segundo piso e não avistar ninguém. A zona estava vazia, escura e dois expositores de entre vários outros estavam iluminados; o da foto ao lado era precisamente um deles.

Esta exposição era para quem?







Subi à Alcáçova e desci ao aljibe.
Também não dei por nenhuma indicação, nem sinal, mas eu sou muito distraído. Apesar disso pude constatar que a exposição estava mesmo lá e era visível, mas que o espaço continua com a aparência de obra por terminar, com um ar sujo, mal arrumado, (eu sei que as impurezas caem pelas aberturas superiores, mas tantas folhas e detritos logo pela manhã!)  como quem não cuidou do envolvimento.

E havia visitantes? Sim. Muitos turistas que olhavam para os cartazes (a exposição é só de cartazes) e muitos deles, senão mesmo todos, encolhiam os ombros sem entender de que se tratava, pois as legendas estavam todas só em língua portuguesa, num local onde, provavelmente mais de 80% dos visitantes, para não exagerar, são estrangeiros.

Fazem-se  muitas coisas "só para o inglês ver", mas desta vez o inglês até pode ter visto, mas não entendeu.

Mas verifiquei que o "inglês" entendeu ou pelo menos vários entenderam, que a Sé não é para visitar.
À porta de entrada apresenta-se um sujeito, sem fardamento, e com bilhetes impressos na mão, sem garantias nenhumas de que se trate de um funcionário oficial, e que diz apontando para cada uma das pessoas - um euro - e apontando para as crianças fazendo sinal de negação com a mão, o que pode ser entendido como "as crianças não podem entrar". :)
Fiquei um pouco a observar e não vi nem um, dos vários turistas que abordaram a entrada, ter comprado qualquer bilhete. Azar o meu, pois provavelmente entraram muitos.
Mas estou em crer que os que entraram devem ter-se arrependido quando ao chegar à portaria da alcáçova lhes foi cobrado mais 2 euros e meio. Felizmente aí as coisas têm um ar sofisticado, apesar da aglomeração que se acumula com um só funcionário a trabalhar.
Imaginem como se teriam arrependido se se lembrassem de ainda visitar o Museu de Arqueologia. Saía-lhes barata, a manhã de passeio por Silves.

Sou cá um "má-lingua"!

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segunda-feira, abril 18, 2011

Um poema a cada segunda-feira (XXII)



Até à vigésima edição desta rubrica, os autores aqui representados tinham uma relação próxima com o Algarve: os primeiros através do Movimento Poesia 61, os que se lhe seguiram porque naturais ou residentes nesta região. Sophia foi a exceção, mas todos sabemos da sua proximidade a estas terras do Sul.
Quando das comemorações do Dia Mundial da Poesia, Paulo Pires, Técnico Superior da Biblioteca Municipal de Silves, compilou uma antologia que intitulou POESIA 21, porque se refere a 21 poetas e ao dia 21 de Março.
São trabalhos desses 21 poetas, jovens que se vêm afirmando no nosso mundo literário, que aqui estou a incluir.

  • Entardecer

    Hoje entardeci mais despida do que antigamente.
    Não sei se pelos bosques tão devastados
    se pelas bagas que colheste do meu dorso.
    À tua sombra todos os amores são silvestres,
    só as amoras são frutos impossíveis.

Catarina Nunes de Almeida
Prefloração
Quasi, Vila Nova de Famalicão 2006
A Metamorfose das Plantas dos Pés
Deriva Editores, Porto 2008
Bailias
Deriva Editores, Porto 2008
Poesia 21
Parceria Biblioteca Municipal de Silves / Escola Secundária de Silves

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quinta-feira, abril 14, 2011

quarta-feira, abril 13, 2011

O Arade e a tranquilidade dos dias de luz



(clique na imagem para a ver ampliada)

Uma vez mais a câmara do meu telemóvel a surpreender pela positiva.

Foi esta foto, mas a preto e branco e redimensionada, que eu usei no meu último post e na minha habitual rubrica de poesia - Um poema a cada segunda-feira - substituindo a anterior, que tinha sido batida em La Alhambra, em Granada.
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segunda-feira, abril 11, 2011

Um poema a cada segunda-feira (XXI)



Os autores até aqui representados nesta rubrica têm uma relação próxima com o Algarve: os primeiros através do Movimento Poesia 61, os que se lhe seguiram porque naturais ou residentes nesta região. Sophia foi a exceção, mas todos sabemos da sua proximidade a estas terras do Sul.
Quando das comemorações do Dia Mundial da Poesia, Paulo Pires, Técnico Superior da Biblioteca Municipal de Silves, compilou uma antologia que intitulou POESIA 21, porque se refere a 21 poetas e ao dia 21 de Março.
São trabalhos desses 21 poetas, jovens que se vêm afirmando no nosso mundo literário, que aqui passarei a incluir a partir de hoje.

  • Variação

    Regressas sempre aos versos
    A arte torpe das palavras
    A fala o fingimento de verdade
    A arte a canção dos mais pobres
    de todos os sobreviventes
    Calas quanto sabes mas escreves
    Por metáforas e símbolos
    as ruínas do corpo e do palato
    essa hostil lâmpada
    sabes que corremos como cortina
    escura o sentido literal da palavra
    Arda no silêncio com que
    nos afastamos ou morremos
    a palavra da esperança
    No longo silêncio que se arrasta
    nenhuma flor nos basta

António Carlos Cortez
à flor da pele
Casa do Sul, Évora 2007
Depois de Dezembro
Licorne, Évora 2010
Poesia 21
Parceria Biblioteca Municipal de Silves / Escola Secundária de Silves

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quarta-feira, abril 06, 2011

Primavera em Carvoeiro






     





(ao clicar sobre as fotos pode vê-las ampliadas)


O Domingo amanheceu nublado.

Pela tarde saí a passear, mas nem levei a máquina fotográfica.
Pouco depois de ter chegado a Carvoeiro o Sol rompeu, e para poder testemunhar este belo dia de Primavera tive que fazer uso da câmara do meu telemóvel, que até nem se sai mal em boas condições de luz. :)

Aí estão as flores silvestres e o recorte ocre da falésia, a escadaria azul e branca como um reflexo do mar e da espuma das suas ondas e, junto à praia, o colorido dos barcos de pesca tradicionais, cujos tons parecem barrar também as paredes dos restaurantes e cafés do pequeno largo.

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segunda-feira, abril 04, 2011

Um poema a cada segunda-feira (XX)




Decidi-me por uma rubrica de poesia à segunda-feira, enquanto assim se mantiver este meu ânimo.


Irei aqui colocando poemas que o critério do momento vier a ditar.





  • Entre o real e o que nos oferecem
    o intervalo que nos separa de nós mesmos
    uma densa camada de lama
    besuntada no cérebro

    nos dias que correm somos gaivotas
    atascadas num imenso mar de crude
Miguel Godinho
Os nossos dias
4 Águas Editora, Tavira, 2009

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