sexta-feira, fevereiro 26, 2010

Protesto dirigido à Embaixada de Cuba


À embaixada de Cuba em Portugal:


“Nós, cidadãos de um país que conquistou a sua liberdade há 36 anos, solidários com a resistência a todas as formas de imperialismo, críticos do bloqueio injusto e injustificável a Cuba por parte dos Estados Unidos da América, vimos através deste abaixo-assinado protestar contra morte do activista Orlando Zapata Tamayo depois de uma pena de prisão absurda e de uma greve de fome pelos seus direitos civis. E, através deste protesto, manifestar a nossa solidariedade empenhada para com todos os presos políticos cubanos e para com todos aqueles que em Cuba lutam por valores que, para quem, como os portugueses, viveu meio século de ditadura, são bens preciosos: a democracia, a liberdade e o direito a autodeterminação dos povos e dos indivíduos. Não há verdadeira independência de um povo sem democracia. Não há revolução que valha a pena sem liberdade.”


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quinta-feira, fevereiro 25, 2010

Poesia de Aimé Césaire



Estes graves acontecimentos que tiveram lugar no Haiti e agora na Madeira trouxeram-me à memória o poeta Aimé Césaire, natural da Martinica.

A sua poesia é fortemente marcada por um grande amor à terra onde nasceu e reflecte imenso, além da situação colonial, o cíclico massacre do vulcanismo e das tempestades tão característico desta zona caribenha.

O poema que escolhi, deste velho livro, é um poema de amor onde a amada é esta sua terra que chora, num rosto de mulher.

  • A RODA

    A roda é a mais bela descoberta do homem e a única
    existe o sol que roda
    a terra que roda
    existe o teu rosto que roda sobre o eixo do teu pescoço
    quando choras
    mas vós minutos não enrolareis na bobina da vida
    o sangue lambido
    a arte de sofrer aguçada como cotos de árvore
    pelas facas do inverno
    a corça louca de sede
    que vem mostrar-me à beira de água
    teu rosto de escuna desmastrada
    teu rosto
    como uma aldeia adormecida no fundo de um lago
    e que renasce na manhã da relva
    semente dos anos


Aimé Césaire
Antologia Poética
Publicações Dom Quixote, Lisboa 1970

terça-feira, fevereiro 23, 2010

Resta sempre a esperança de melhores dias


Lagos, fevereiro 2010
            Ávido do seu fulgor
            após Outono e Inverno de
            penumbra e ócio
            o Sol anseia o equinócio

            Percorre os céus
            ignorando tempestades
            chuva e neve
            para pousar um ténue raio
                  - Vede!
            na cal branca da parede

sexta-feira, fevereiro 19, 2010

Abre-te, Sésamo!


Ponta da Atalaia, Aljezur, Fevereiro 2010
            Apesar do milenar recuo das
            arribas
            batidas pela constância da força das
            ondas do mar
            há rochedos que teimam em ficar

            Do grupo de resistentes
            um deles há
            fantasiado de porta da
            gruta de Ali Babá


Terei que lá voltar, a confirmar se a fantasia era só pelo Carnaval. :)

quarta-feira, fevereiro 17, 2010

Lá para os lados do MAR


Arrifana (Aljezur) e Ponta da Agulha, Fevereiro 2010
            Ontem estive lá para os lados do MAR
            onde o horizonte ganha sentido e lugar

segunda-feira, fevereiro 15, 2010

No ninho


Silves, fevereiro 2010
            Assim
            num golpe de asa
            baixa o voo
            flecte as patas
            e está de regresso a casa

sexta-feira, fevereiro 12, 2010

quinta-feira, fevereiro 11, 2010

A agrura da subida


Lagos, fevereiro 2010


Que é a subir e que é penoso subir, mais para uns do que para outros, todos o sabemos, mas a maior ou menor dificuldade está na disposição com que encaramos a subida.

Também, logo ao virar da esquina, desconhecemos o que se nos se apresenta.
Há quem, por receio, o evite, mas há quem o enfrente, apesar de receoso.

quarta-feira, fevereiro 10, 2010

O imaginário real num mundo virtual


O meu avatar, Ibrahim Bates, é uma extensão de mim próprio numa outra dimensão, que não esta a que costumamos chamar "real".
Aí me ocupo de outras actividades que por vezes trago aqui ao vosso conhecimento.

É o que faço hoje com a divulgação da exposição que neste momento está patente na Galeria LX (link acessível aos utilizadores).
São imagens (p/b) de um fotógrafo amigo, português, que retratam a sua envolvência no dia-a-dia da sua comunidade.


(Use o ícone que lhe permite a vista de ecrã inteiro.
Para sair use a tecla Esc)



segunda-feira, fevereiro 08, 2010

O Sul dos meus sonhos


  • MEU OLHAR DO SUL


    Tenho tido vários sítios na vida
                                mas só no Sul
    meu corpo fareja o seu chão
                            e desabrocha todas as suas folhas
    e flores
              Meu olhar do Sul rima com água
                                        e com o azul
    dos cerros ao longe
                      mas também com o chão bravio
    de estevas em flor
                      e com a terra de regadio
                                            eternamente noiva
    coroada de perfume de flor de laranjeira
                                        Meu olhar do Sul
    ama os montes mas também as planícies
                                        mesmo de chão
    de mar
            Entre água e terra
                            entre praia e serra
                                                entre barco e raiz
    entre casa e asa
                    meu coração balança
                                      como um papagaio de papel

Teresa Rita Lopes
O Sul dos meus sonhos
Gente Singular, Olhão 2010

quinta-feira, fevereiro 04, 2010

Lua de Londres


Lua de Londres, Janeiro 2010
É de noite em Londres, no Inverno, às seis da tarde.

Saía do Museu de História Natural e a lua avistava-se, sobranceira ao Victoria & Albert Museum.
Peguei na câmara e bati a foto, tal como o faziam outras dezenas de visitantes.

Veio-me à memória um daqueles poemas que constavam das selectas literárias dos liceus. Creio que, no caso presente, para ilustrar o ultra-romantismo - A lua de Londres, de João de Lemos.

Transcrevo a primeira estrofe:


  • É noite. O astro saudoso
    rompe a custo um plúmbeo céu,
    tolda-lhe o rosto formoso
    alvacento, húmido véu,
    traz perdida a cor de prata,
    nas águas não se retrata,
    não beija no campo a flor,
    não traz cortejo de estrelas,
    não fala de amor às belas,
    não fala aos homens de amor.
                                                          ... / ...

João de Lemos
Projecto Vercial
Universidade do Minho


Já não me revejo, de todo, nestes poemas de um romantismo exagerado e de uma tendência nacionalista do tipo "o que é português é bom", tão ao jeito de olhar o mundo de olhos fechados.

Quem pretender ler o poema na íntegra pode clicar nos dois links atrás, que remetem para o local donde transcrevi essa primeira estrofe, talvez também a única de que me lembrava.
E de que me lembrava precisamente pelos motivos que atrás referi e que ao tempo me foram servidos como exemplares - os do romantismo e do nacionalismo.

Vejam bem como estes conceitos se entranham na nossa memória, para acudir assim, num ápice, logo que se enfrenta uma situação que os faça despoletar, como uma autêntica bomba instintiva e primária.

terça-feira, fevereiro 02, 2010

O que me afastou de vós

Um dos motivos desta ausência de cerca de uma semana prende-se com o edifício que a foto documenta...

Museu de História Natural, Londres, Janeiro 2010Museu de História Natural (Londres)

Átrio de entrada no Museu de História Natural, Londres, Janeiro 2010

 

 


... e o imponente hall de entrada, de tirar o fôlego.

 


Uma especial atenção à exposição temporária da Wildlife Photographer of the Year, que reúne os mais famosos fotógrafos de Natureza.
Não perca a galeria online (clique) e não se fique pelos fotógrafos mais profissionais; surpreenda-se com fotos de crianças de antes dos 10 anos de idade até aos adolescentes de 17.

Dará o seu tempo por bem empregue.