segunda-feira, dezembro 28, 2009

segunda-feira, dezembro 21, 2009

Um conto que retorna a estas páginas


Houve um periodo de tempo em que aqui publiquei alguns contos com alguma regularidade.

O meu avatar na Second Life (SL), Ibrahim Bates, pegou neles e deu-lhes uma ar de livro em 3D, divulgando-os nesse outro mundo, dito virtual, mas onde as pessoas são realmente muito reais mesmo. :)

Agora, o calaméo deu-me esta oportunidade de os apresentar de uma forma mais atraente, quase como que copiando para duas dimensões o que em SL aparenta ser tridimensional.

O conto que vos trago já por aqui passou há algum tempo e como foi publicado em SL por ocasião do Natal do ano passado, resolvi trazê-lo hoje aqui também durante a quadra festiva que se aproxima. Ei-lo!

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Se não voltar a escrever até ao Natal, fica o conto a prestar-se a um voto de Boas Festas.

sexta-feira, dezembro 18, 2009

É Ano Novo noutras paragens



Saúdo os meus amigos muçulmanos ou a viver em países muçulmanos, pela entrada num Novo Ano (Muharram) - o de 1431 da Hégira.
Paz e felicidade para todos!

quinta-feira, dezembro 17, 2009

Museu da Cortiça, de Silves, em perigo


Museu da Cortiça da Fábrica do Inglês, em Silves. Outubro 2008
Um apelo à vossa atenção para uma situação que pode colocar em perigo "o maior acervo documental do mundo sobre a história da indústria da cortiça", nas palavras do Director do Museu, Dr. Manuel Ramos, à LUSA.

O Conselho Nacional do ICOM (Conselho Internacional dos Museus) divulgou um comunicado que pode ser lido neste link (basta clicar).

Também o jornal EXPRESSO se faz eco desta preocupação.
Leia, clicando aqui.
Museu da Cortiça da Fábrica do Ingês, em Silves. Outubro 2008


P.S.
Saiba que ao clicar nas fotos pode obter uma ampliação.

Yearbook 2009


O meu avatar na Second Life, Ibrahim Bates, é co-proprietário de uma galeria de arte - LX Gallery - num território designado como Portucalis (link acessível a utilizadores de SL).
No próximo dia 20, a partir das 22 horas, será inaugurada uma exposição retrospectiva deste ano que agora irá terminar, a que atribuímos o título "LX Gallery - Yearbook 2009".
Para que tenham uma perspectiva do que ali se faz, aqui tendes uma cópia do livro de apresentação que foi produzido nesse mundo virtual e lá existe em formato 3D.

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segunda-feira, dezembro 14, 2009

Não há beleza com B maiúsculo


Residência da família do poeta armacenense e por largos anos conservador do Registo Civil em Silves, António Pereira. Armação de Pêra, Dezembro 2009

Equilíbrio no desenho das linhas, das formas, dos volumes, segundo padrões há muito estabelecidos.
Beleza clássica, a que a declinação solar e a coloração outonal, nomeadamente a projecção das sombras dos objectos, conferem algum apelo à atenção dos sentidos.

A sensação de beleza é despertada culturalmente; daí as diferentes concepções dos povos sobre esta matéria. Esta de que falo é normalmente chamada ocidental e reivindica para si a herança clássica grega.
Sujeita-se, contudo, às diversas influências sofridas pelo passar do tempo, pelo lugar e pela actividade humana.

P.S.
Tinha previamente escrito "pela acção do Homem", onde agora está "pela actividade humana", mas quis fugir ao homem com H maiúsculo. :)

sábado, dezembro 12, 2009

Convite para dançar


Gruas e gaivotas, Lagos, Dezembro 2009

Não sei se por parte das gruas, se das gaivotas, mas houve um convite à dança, apesar do céu nublado trazer uma aparência tristonha à cidade.

quinta-feira, dezembro 10, 2009

O Sol a fazer das suas


Porta na Rua Nova, Silves. Dezembro 2009

Curiosamente foi o post sobre Copenhaga 2009 a interpor-se a duas fotos de portas da mesma rua, onde o Sol parece querer brincar com as sombras que ele próprio cria.
Aqui, face a uma porta desnudada de qualquer decoração, salvo o recuo emoldurado em que se integra, projectou sombras de ramos, a alegrar a monotonia branca da cal desta parede.

terça-feira, dezembro 08, 2009

Copenhaga é o limite


Retirado do PUBLICO
(Imagem retirada do jornal Público e com link directo para o jornal)


Que saibam os representantes de todas as nações do mundo convergir numa proposta a respeitar, a exemplo do que fizeram 56 jornais em 44 países num editorial comum.

Leia-o, se ainda não o fez, clicando aqui.

segunda-feira, dezembro 07, 2009

Amor, com amor se paga


Casa na Rua Nova, em Silves. Dezembro 2009
O Sol parece guardar algum cuidado; não vá a roupa ficar molhada, contrariando a intenção de quem a usa vestir.
Como que afasta as sombras, contornando blusas, camisolas e cuecas. Reserva até um espaço para uma peça extra, revelando-se conhecedor dos hábitos de quem conta com ele.
Amor, com amor se paga - costuma dizer-se.

quarta-feira, dezembro 02, 2009

As hespérides são moças algarvias


Esfíngie helénica (sec.VI a.C.) - Museu Municipal de Arqueologia, Silves

  • As hespérides são moças algarvias

    E em parte alguma encontramos a fina areia doirada
    que os pés nus das deusas podiam pisar com delícias.
    Teixeira Gomes: Agosto Azul

    Ao descrever o Promontório Sagrado, ou cabo de
    S. Vicente-Sagres, diz Estrabão, fundando-se nas
    palavras de Artemidoro: "... que ali não é permitido
    sacrificar, nem ir de noite àquele lugar, porque se
    assevera que os deuses estão lá, então."
    José Leite de Vasconcelos: Religiões da Lusitânia


    No Garb realça o azul deuses morenos
    À doçura dos figos submetidos.
    Vieram gregos. Ficaram Sarracenos.
    Nardos enfolham seus nomes esquecidos.

    À noite ordenham luas nos terraços,
    Dão leite à sombra. Abrolham os perfumes.
    Silêncio. Só de um lírio ouvem-se os passos.
    Madruga a pesca, rompe um mar de lumes.

    Esvoaçam suas túnicas de abelhas
    Entre vinhas, seus bêbados recintos;
    E quando a amendoeira nas orelhas
    Põe flores, deram-lhe os deuses esses brincos.

    Vem de turbante o sol e toma posse
    De corpos, cactos, milhos e vinhedos.
    Excita o açúcar na batata-doce
    E despe as almas gregas dos penedos.

    Ouro firme, crepúsculos de cinabre
    Senhorio de azul. Balcões mouriscos.
    Ferve a prata na pesca. O cheiro abre
    No ar quente uma vulva de mariscos.

    Jardins de Hespéria? Ninfeu de ondas macias,
    O mar. As ninfas guardam os pomares.
    As hespérides são moças algarvias
    Todas jasmim, da testa aos calcanhares.

    Garb de praia pele magia e lendas,
    Branco de extasiadas geometrias.
    Absorto o tempo. São gregas as calendas
    Com pálpebras de mouras gelosias.

    Laranjas, cal, areia e rocha ardente
    têm sede da luz que dá mais vida.
    Índigos deuses. Ardor. Tudo é presente.
    Causa clara de beira-mar garrida.

Natália Correia
Neste lugar onde os Deuses
Poesia Completa. Publicações Dom Quixote, 1999

Adosinda Providência Torgal
Madalena Torgal Ferreira

ALGARVE todo o mar
(Colectânea)
Dom Quixote, Lisboa 2005

sábado, novembro 28, 2009

Cinema de animação, esse ilustre desconhecido


Na última sessão do Ciclo de Cinema que a Biblioteca Municipal de Silves vem a promover, assisti a um filme de animação que já aqui mereceu referência - Persépolis.

No debate que se lhe seguiu, Graça Lobo, do Cineclube de Faro, mencionou uma cineasta portuguesa, uma das nossas mais premiadas cineastas, segundo as suas palavras, de quem eu nunca antes ouvira falar ou cujo nome se me perdeu nos escombros da memória.

Procurei-a no Google, esse incomensurável repositório, e teria muita pena se não pudesse dá-la a conhecer, de tal forma fiquei bem impressionado pelo que vi e mal impressionado pela forma como autores portugueses deste nível ficam escondidos aos olhos da grande maioria, no meio de uma parafernália de main stream, com que a publicidade da indústria cinematográfica vai construindo o (des)gosto do público.

Trata-se de
                  Regina Pessoa.

Aqui a tendes, graças ao Youtube:





quinta-feira, novembro 26, 2009

De ti, para ti


Parece que estou em tempo de particular comemoração de aniversários, mas não passa de mera proximidade de datas.
Permitam-me, então, saudar o aniversário de um poeta amigo - Torquato da Luz.

  • PARA TI

    Para ti quero a flor da madrugada,
    a luz que chega dos lados do mar,
    o cântico das ondas sobre a praia
    e o voo sereno das mais raras aves.

    Para ti quero a estrela da manhã,
    a brisa que refresca o fim da tarde,
    o sabor perfumado das romãs
    e a placidez do tempo das searas.

    Para ti quero isto, aquilo e tudo
    o que cabe e não cabe neste mundo.

Torquato da Luz
Por Amor e outros poemas
Papiro Editora, Lisboa 2008

segunda-feira, novembro 23, 2009

Pelo aniversário de ...


                                    ... Herberto Helder:



  • Nenhum corpo é como esse, mergulhador, coroado
    de puros volumes de água.
    Nenhuma busca tão funda, a tal pressão,
    como pesa na água uma ilha fria,
    a raiz de uma ilha.
    Uns procuram ramas de ouro.
    Outros, filões de púrpura unindo
    sono a sono. Há quem estenda os dedos para tocar
    as queimaduras no escuro. Há quem seja
    terrestre.
    Tu esbracejas entre sal agudo.
    Não falas, mal respiras, moves-te apenas
    e fulguras
    como uma estrela cheia de bolhas.
    Feroz, paciente, arremetido, mortal, centrífugo.
    Com todo o peso do coração no centro.
(poema dedicado ao pintor Cruzeiro Seixas)

Herberto Helder
FLASH, 1980
Ou o Poema Contínuo
Assírio & Alvim, Lisboa 2004

domingo, novembro 22, 2009

Obrigado!


O meu obrigado a todos os que contribuíram para que este blogue tenha ultrapassado, há poucos minutos,

250 000

page views.

sexta-feira, novembro 20, 2009

Que vivam as crianças!


Fui cativado pela graça e sensibilidade do realizador francês Gilles Porte, cujo trabalho a TV5Monde (canal internacional da televisão francesa) elegeu como forma de divulgar a passagem do 20º aniversário da Convenção sobre os Direitos da Criança, que se comemora precisamente hoje, 20 de Novembro de 2009.

Gilles Porte percorreu 20 países, dos 5 continentes, propondo a crianças entre os 3 e os 6 anos de idade, que não soubessem ler nem escrever, que desenhassem o seu retrato, em transparência, sobre uma superfície vidrada.
São 80 os retratos que a TV5Monde irá revelar no dia 20 e onde, ao vídeo de cada criança no momento de desenhar, se segue uma animação sobre o seu próprio retrato.
A banda sonora joga também um papel fundamental nesta série de vídeos que, creio, vos irão tocar emotivamente.

Penso não ir interferir nos direitos de autor, que me parece ter defendido nos vários links e referências aqui deixados, a que acrescento o do local preciso onde, a partir de hoje, é possível aceder aos 80 vídeos deste cineasta: (clicando aqui).
Fica uma amostra, com o vídeo de um miúdo birmanês.

quarta-feira, novembro 18, 2009

Em Silves onde as fontes



  • Em Silves onde as fontes

    Chegaram os cruzados e o silêncio
    tocou o fundo da água da cisterna.

    Dispersaram-se os sons do alaúde
    nos jardins do alcácer, onde as fontes
    acompanhavam vozes e corriam
    para um tempo de terra e poesia.

    E alguém chorou a sorte destes campos
    que, um pouco mais a Sul, vêem o mar.
    Alguém deixou a marca para sempre
    de um perfume mais branco que as partidas.

    Guardam flores de sangue alguns caminhos.
    Os guerreiros passeiam sob as naves

    Agora, uma flor branca sai da fenda
    mais alta da muralha e muda a cor
    da pedra à volta, dá-lhe novo brilho
    como se o tempo fosse um arco vivo.

    Húmido canto chega deste rio
    que foi lugar de festa e de viagem:
    ainda se ouve um canto nesta margem,
    um alaúde, um baile, a dança leve.

    Chega do mar um vento luminoso
    que toca a pedra ruiva do castelo:
    traz o gosto da amêndoa, da laranja,
    das rosas bravas, soltas sobre a terra.

    O Garb Al-Andaluz mostra as ruínas:
    nos poços, nas cisternas de arenito
    corre, ainda, o perfume dos vestidos,
    esvoaçando leves sobre os corpos.

    Quem dera ouvir, agora, Ibn Amar
    a ciciar os versos da paixão!
    Quem dera, em Silves, ver Al-Muthamid
    a oferecer-lhe a rosa do perdão!

    Quando chega o perfume incandescente
    dos laranjais em flor, canela e tâmara,
    ouvem-se versos soltos, prolongados
    pelas margens do Arade, o mesmo rio.

    De Abu Afan não falam as memórias:
    já os candis se apagam sobre o mar.

Firmino Mendes
A Terra e os Dias
Pedra Formosa, Guimarães 2000

Adosinda Providência Torgal
Madalena Torgal Ferreira

ALGARVE todo o mar
(colectânea)
Dom Quixote, Lisboa 2005

segunda-feira, novembro 16, 2009

Poema em foto


Uso aqui publicar fotos que ilustram poemas ou até, mais frequentemente, fotos que comento com alguma escrita de pendor poético, mas o que vos trago hoje não é uma poema-foto, nem um foto-poema, mas um poema em foto.

Trata-se de uma fotografia, batida em Alte, sobre um painel de azulejos, numa homenagem ao poeta Cândido Guerreiro, natural desta singela localidade do concelho de Loulé.


Homenagem a Cândido Guerreiro, Alte. Foto de Novembro de 2008

sexta-feira, novembro 13, 2009

Rubis


Jorge de Sousa Braga, tradutor de um haiku de Matsuo Bashô que aqui publiquei há duas semanas, é também ele um poeta.

Um seu brevíssimo poema para este fim-de-semana.

  • Rubis

    A terra escondeu nas entranhas
    as suas lágrimas de sangue
    para que ninguém as pudesse ver

Jorge Sousa Braga
O Poeta Nu
[poesia reunida]
Assírio & Alvim, Lisboa 2007

quarta-feira, novembro 11, 2009

Entre o mito e o homem


Infante, na sua praça renovada, em Lagos, Novembro 2009
O Infante olhando o mar.

Pelo que conheço dele, apesar de toda a mitografia associada, deveria ser homem pouco dado à contemplação da Natureza e pouco preocupado com as condições do tempo, para além das que teriam a ver com o êxito dos seus projectos.
Com a mentalidade própria da sua época e a classe social de um príncipe, de um Infante de Portugal, não lhe deveria passar pela cabeça qualquer preocupação com as gentes do povo que lhe pudesse merecer algo mais do que a distante atitude da chamada "caridade cristã".
Se caravelas houvesse que não partiam com tempo agreste, mais se deveria ao êxito do empreendimento e menos à preocupação com o número de vitimados pelas calamidades do tempo e as condições da viagem.
Praticamente senhor de todo o Algarve, acumulava dividendos pessoais das mais variadas actividades da região, desde o produto da pesca à produção de farinha, de azeite, de frutos secos, de vinho...
E estou em crer que não os usaria em proveito pessoal, de tal forma seria um homem imbuído nos seus afazeres, projectos múltiplos, lúgubre e misógino como parece ter sido.

Mas os mitos empurram-nos para observar um Infante, superiormente sentado frente ao mar, olhando o vento que verga as palmeiras, preocupado com a sorte dos seus mareantes e o destino daquelas mulheres e filhos que no cais ficavam a acenar.

segunda-feira, novembro 09, 2009

A Alvorada, de Palma Dias


Embora conheça o poeta, perdi há muito o contacto com a sua poesia.
Voltei a encontrá-la de novo em Escritores Portugueses do Algarve, numa publicação das Edições Colibri.

O poema que transcrevo tocou-me no que de mais autêntico e profundo há no meu próprio ser, do que me alimentei a partir do ambiente envolvente, da paisagem, da gastronomia, dos costumes e tradições, desta terra da minha infância que Palma Dias canta como nunca antes senti.
Um deslumbramento.

  • Alvorada

    Lembro as terras de infância o sossego do sal
    As águas lentas dos esteiros, a foz
    Do Guadiana
    O voo das francelhas do castelo
    Cometas e morcegos, gaviões do cair da noite no
                        [crescer do Verão
    O porto-cais de madeira com a lua cheia
    ... cheira a Japão e China
    A rio com os tamancos mouros
    A maresia
    A levante
    Com o sapal branco de gaivotas na tormenta

                                           [Terra marismeña]

    Piras de Sal
    Nortada (restêvas)

    Fadas e moiras
    Quimeras (relento)

    Lume brando do caldeiro
    Panela de ferro
    Cozido com xíxaros e peras
    Toucinho amanteigando o pão
    O forno de São Bartolomeu, o barrocal, o arvoredo
    A feira de Setembro com os pêros, suspiros e copinhos de medronho
    A corredoira
    A estila
    O nógado, a casa do azeite e o lagar
    Avô de chapéu, cajado, barbas como vi na Índia
    O prazer de um figo na ialva e
    Atravessar em Monchique, a floresta do Norte
    Luz que desmamou, pais
    Na volta à terra pelo São João
    Fogueiras, mastros, murta e alecrim, ninhos
    Aldeias de laranja
    Ou o Senhor Morto matraqueando a noite
    A noite noite, noite de capuzes
    Noite balandrau
    Noite de velas incenso, damasco roxo
    Noite de salmoira
    Grave
    Com o rosmaninho atapetando o chão
    E as mulheres gritando a agonia
    A infinda morte naufragada.

    Perfumes de mistura, farrôba e marmelo
    Arrôbe
    Adega com vinho
    Açôrda com poêjo
    Açafates de bilros
    Meias de cinco agulhas, mantas de Serra
    Água do Cabeço, barca, ameijoas

    Conquina, as pinhas do mirante
    Um escorpião de oiro
    O sussurro onde tinem todas as estrelas e
    Em grandes abóboras, cintilantes
    Carroças da bela adormecida...

    ... ai o que nos resta de um país azul
    Serão os velhos livros, suas capas lindas
    Ou serão histórias da Senhora dos Mártires
    Promessas pagas com trigo e azeite, cera e frangos
                                            Oiro, a marca das fitinhas
    A seda de todas as cores
    A prôa de Sagres
    O cavaleiro andante da eterna mocidade?

    O mal se espanta
    Descobre-se
    Que não cansa
    Sempre alcança, continua
    Cantado
    Trauteando
    Pela rua do Estácio
    Atravessas Tudo.

Francisco Manuel Palma Dias
Onde Amar Começa a Terra Acaba
Guimarães Editores, 1985

Ilena Luís Candeias Gonçalves
Escritores Portugueses do Algarve
Edições Colibri, Lisboa 2006

P.S.
A minha transcrição respeitou a escrita original.

sexta-feira, novembro 06, 2009


6 de Novembro de 1919 / 6 de Novembro de 2009

Sophia

(A foto, obtive-a numa pesquisa de imagens sem que pudesse determinar o autor.
Permiti-me este tratamento a sépia)

  • ONDAS

    Onde -ondas - mais belos cavalos
    Do que estes ondas que vós sois?
    Onde mais bela curva do pescoço
    Onde mais bela crina sacudida
    Ou impetuoso arfar no mar imenso
    Onde tão ébrio amor em vasta praia?


Sophia de Mello Breyner Andresen
Musa
Caminho, Lisboa 2004

quarta-feira, novembro 04, 2009

Paredes com janelas por dentro delas


Casa em Alcantarilha, Outubro de 2008
Há uma luz que o pigmento desta parede retém e que em particular me atrai e tranquiliza.
Há coisas inertes que nos chamam como se houvesse vida dentro delas.
Quase vislumbro ainda, nos traços que o desgaste do tempo desenhou, duas cabeças unidas num afago, num carinho, num beijo ou somente num segredo confiado e que não mais poderemos escutar.

Também as vês?

segunda-feira, novembro 02, 2009

O meu logótipo é melhor do que o teu


Se eu fosse o autor do logótipo das Autárquicas de 2009 acharia que o logótipo da candidatura das Federações de Futebol de Portugal e de Espanha, se bem que menos dinâmico do que o meu, estaria a plagiar o meu trabalho.

         
                                                     
E era capaz de apostar que o da candidatura foi bastante mais caro, apesar do meu se aproximar mais da forma de uma bola de futebol. :))

quinta-feira, outubro 29, 2009

Chão



Ondjaki nasceu em Luanda e traz com ele o gosto de brincar com as palavras, misturando-as com outras que ele próprio cria, quase numa brincadeira de menino que fala de coisas bem adultas.

  • Chão

    apetece-me des-ser-me;
    reatribuir-me a átomo.
    cuspir castanhos grãos
    mas gargantadentro;
    isto seja: engolir-me para mim
    poucochinho a cada vez.
    um por mais um: areios.
    assim esculpir-me a barro
    e re-ser chão, muito chão.
    apetece-me chãonhe-ser-me.

Ondjaki
Há prendisajens com o xão
Editorial Caminho, Lisboa 2009

segunda-feira, outubro 26, 2009

O gosto solitário do orvalho


Ponte Medieval, Silves, Outono 2008
Bati esta fotografia faz hoje precisamente um ano. Era domingo nesse dia. Um domingo idêntico ao de ontem: cidade deserta, silêncio, tarde outonal.

Inadvertidamente (mas quem sabe dos caminhos da memória?), cheguei a casa e o meu olhar como que procurou entre os livros, na estante, este que vos revelo, com poemas (haiku) de Matsuo Bashô, em versões de Jorge de Sousa Braga.

Não foram só os poemas e a nostalgia da tarde o que me tocou, foi esta cidade sem vida, morna, crepuscular, onde nenhuma actividade cultural tem lugar para preencher um domingo de lazer. E assim nos quedamos, lassos, a espreguiçar pequenos confortos, sem outra actividade mental que a de sermos assim... mamíferos.


  • Ah este caminho
    que já ninguém percorre
    a não ser o crepúsculo

Matsuo Bashô
O gosto solitário do orvalho
Antologia de Jorge de Sousa Braga
Assírio & Alvim, Lisboa 1986

quinta-feira, outubro 22, 2009

Ferlinghetti


Cadernos de Poesia
Sai Allen Ginsberg com seu Uivo pelo fundo desta página e dá lugar a Lawrence Ferlinghetti, seu companheiro de letras e de sonhos na memorável City Lights de San Francisco.

  • O Castelo de Kafka ergue-se sobre o Mundo

                        O Castelo de Kafka ergue-se sobre o mundo
                como uma última bastilha
                                                do Ministério da Existência
    Os seus acessos cegos nos confundem
                                                      Caminhos íngremes
                partem dele e mergulham em nenhures
                                                    Estradas perdem-se no ar
    como labirintos fios de central
                                                    telefónica
    através da qual todas as chamadas
                        se perdem no infinito
                Lá em cima
                            faz um tempo celestial
    As almas dançam despidas
                                    em grupo
                        e como intrusos
                                na periferia de uma feira
                            espiamos o inatingível
                                        mistério imaginado
                        Contudo na parte de trás do castelo
                                como na entrada dos artistas de uma tenda de circo
    há uma fenda funda e larga nas muralhas
                        pela qual até os elefantes
                                podem entrar e dançar

Lawrence Ferlinghetti
A Coney Island of the Mind
Como eu costumava dizer
Publicações Dom Quixote, Lisboa 1972

terça-feira, outubro 20, 2009

TEATRO profissional na província


Graças ao CAPa (Centro de Artes Performativas do Algarve), estrutura de apoio à criação, formação e divulgação das Artes do Espectáculo, tenho conseguido aceder, sem ter que me deslocar à capital macrocéfala deste meu país, a espectáculos de características experimentais e de diversificadas formas de expressão artística.

A 9 de Outubro, na própria sede, em Faro, o Teatro da Garagem (devo ter assistido a todos os espectáculos que trouxe ao Algarve desde que o CAPa existe) veio comemorar aqui mesmo o seu 20º aniversário. Duas peças, separadas por um jantar comemorativo.

À sobriedade da cena, de paredes nuas, sobrepõe-se o som, com música original, e a criatividade da sonoplastia e do desenho de luzes e da operação de variados artefactos de palco, no apoio à evolução dos actores, servidos por um texto soberbo que nos ajuda a reflectir sobre a realidade portuguesa e o atavismo de certos actos e comportamentos, onde me reconheço, numa dimensão poética com que Carlos J. Pessoa, director artístico e encenador, sempre me surpreende e me envolve.

Lamento não ter uma foto ilustrativa, pois não a quis retirar sem autorização de cópia, mas é possível ver várias fotos do espectáculo clicando aqui.

Uma semana depois, a 16 de Outubro, em Loulé, no Convento de Santo António dos Capuchos, também pelas mãos do CAPa, assisti a um outro espectáculo:

Casa de Bernarda Alba, pelo Teatro da Terra, de Ponte de Sôr
No enquadramento da arquitectura do convento, nomeadamente dos seus claustros, no 3º acto, o Teatro da Terra (podeis aceder ao seu blogue clicando na foto, precisamente copiada a partir desse lugar), companhia residente em Ponte de Sôr, não nos trouxe uma reflexão sobre os atávicos comportamentos a que me referi acima, mas fez-nos reflectir sobre outros bem semelhantes, como os que Lorca dramatizou em A Casa de Bernarda Alba.

Enquadra-se bem na volumetria e arquitectura do Convento a representação das vidas destas mulheres andaluzas, numa sociedade fechada pelos costumes e tradição religiosa, numa relação odiosa entre irmãs e sua mãe, num mundo bafiento onde a vida é um inferno e o homem, ausente, distante, desconhecido, um diabo de atracção irresistível.

Para quem, como eu, que vivo em Silves, uma cidade de dimensão aproximada a Ponte de Sôr, ver assim uma companhia profissional residente e imaginar, pela actividade que se pode constatar através da leitura do blogue, a enorme potencialidade que isso poderia acarretar na vida cultural dos residentes, é um sonho que dificilmente verei cumprir-se e que parece estar cada vez mais longe.

sábado, outubro 17, 2009

Uma palavra te procura


António Ramos Rosa cumpre hoje 85 anos de vida.

  • UMA PALAVRA TE PROCURA

    Uma palavra te procura
    ao nível desta existência suave
    dura
    uma palavra não para ostentação mas para seguir na estrada
    no seu ágil correr de fogo
    para te abrir o dia
    para te fazer mais pequeno do que o buraco
    para te dar um breve crepitar
    de um insecto
    a fuga precipitada ou o vagaroso pêlo
    o imperceptível movimento
    da água na vereda
    a existência ínfima
    de qualquer animal
    ou folha
    uma partícula de poeira
    ou sulco
    um estalido
    uma palavra como uma chama um pouco mais clara do que o dia
    só levemente mais clara do que a tua mão
    e escura ou parda como a estrada

António Ramos Rosa
Antologia Pessoal da Poesia Portuguesa,
de Eugénio de Andrade
Campo das Letras, Porto 2001

quarta-feira, outubro 14, 2009

O sofá do poder



Casa destruída, na Travessa da Cató, em Silves
Dada a proximidade ao acto eleitoral pode parecer que se trata de uma alegoria ao poder autárquico, mas a cidade (e o concelho) não estão assim com uma aparência tão ruinosa.

Mau grado as ruas do centro histórico ou a velha ponte medieval, abandonadas pelo POLIS, houve inaugurações com ministros e até com o Presidente da República.

Mau grado a ausência de perspectivas quanto à forma e processo de cativar o interesse empresarial para uma cidade sem indústria e de comércio moribundo, desestruturada economicamente, é o funcionalismo público que garante os poucos empregos e a autarquia o maior empregador da cidade e do concelho.

Mau grado a existência de equipamentos que mal funcionam ou estão mesmo fechados, como o antigo Matadouro e o Teatro Mascarenhas Gregório, e que mesmo a funcionar não supririam as carências de um centro de exposições e de um auditório, ou de um cinema, fechado há anos e anos, posso esforçar-me por compreender que a ausência de acções que visem ultrapassar esses estrangulamentos se deva a alguma desconfiança nas iniciativas da sociedade civil ou então ao manifesto alheamento pelas questões da cultura, já que é bem fraca a participação dos cidadãos nas acções culturais que a autarquia por vezes promove, desabituados de uma criteriosa e regular programação. Excepção seja feita à Biblioteca Municipal, com gestão e orçamento autónomos, numa actividade louvável dirigida a diversos públicos e faixas etárias e com actividades diversificadas.

Mau grado um associativismo em morte acelerada e a ausência de massa crítica culturalmente activa, a autarquia sabe substituir-se, de vez em quando, com festas, concertos, desfiles, competições desportivas, feiras e demais actividades, chegando mesmo, de 4 em 4 anos, a suscitar o interesse cívico da população pelo acto eleitoral, com cerca de 60% de participação.

E se o sofá, na foto, pretendesse representar a cadeira do poder, notem bem como tal não seria possível. Está cheio de pó. E ninguém duvida que há quem se sente nessa cadeira com frequência e há longo tempo.

quinta-feira, outubro 08, 2009

Os nossos dias




Miguel Godinho, jovem poeta, é o autor do 5º volume da colecção de poesia da 4Águas Editora.

É dele este poema que vos trago:


  • Dêem-nos circos e paradas que nós
    inventamos um novo mundo e sentimo-lo
    da maneira que quereis

    este é o fim das consciências
    aguardamos novas ordens
    já só funcionamos com instruções sapientes

    dêem-nos as coordenadas
    indiquem-nos um caminho
    providenciem roteiros organizados e objectivos

    as estradas enlameadas não serão obstáculos
    seremos felizes no fim do horizonte
    bem para lá de nós próprios

Miguel Godinho
Os nossos dias
4Águas Editora, Tavira 2009

terça-feira, outubro 06, 2009

Olvido



Beco na Travessa da Cató, Silves, Verão 2009
Becos escuros e portas cerradas vedam o acesso às memórias já de si toldadas pelas teias do esquecimento e pelas reconstruções que o tempo tece sobre ténues lembranças de uma furtiva alegria ou de uma tristeza que fazemos ainda mais sombria.

quinta-feira, outubro 01, 2009

UIVO


Capa de
Foi com o seu UIVO, plangente, que Allen Ginsberg se projectou como um dos mais famosos poetas da geração beat, e se afirmou entre os destacados homens de letras ligados ao grupo da Livraria City Lights, em São Francisco da Califórnia.

Demasiado longo para se prestar a uma divulgação por este meio escolhi, do caderno cuja capa aqui se reproduz, um outro poema de sua autoria. Contudo, no link que inseri na palava "UIVO", acima, é possível aceder na íntegra àquele poema, se bem que numa tradução diversa da que possuo.
Espero que o uivo de Ginsberg nos incomode através deste poema feito denúncia e que possa contar connosco para que a estatística prossiga:

  • Litania dos Lucros de Guerra

    Estes são os nomes das companhias que ganharam
                dinheiro com esta guerra
    no Annodomini de mil novecentos e sessenta e oito
                no ano hebraico de quatro mil e oitenta
    Estas são as sociedades anónimas que lucraram
                com a venda de fósforo para arder na
                pele ou granadas fragmentadas em milha-
                res de agulhas para perfurarem a carne
    e aqui relacionados estão os milhões ganhos por
                cada grupo na sua actividade industrial
    e aqui estão os ganhos numerados, num índice que
                alastrou por uma década, arrumados por
                ordem
    aqui nomeados estão os Pais tutelares dessas indús-
                trias, que pelo telefone dirigem as suas
                finanças
    os nomes dos administradores, fazedores de desti-
                nos, e os nomes dos accionistas destes
                predestinados Conglomerados,
    e aqui estão os nomes dos seus embaixadores no
                Capital, dos seus representantes no se-
                nado, daqueles que se reúnem nos bares
                dos hotéis para beber e convencer,
    e, numa lista separada, os nomes daqueles que
                lançam anfetaminas com a intriga militar,
                e convencem
    sugerindo a política a seguir, escolhendo a lingua-
                gem, propondo a estratégia, tudo isto feito
                mediante emolumentos como embaixado-
                res junto do Pentágono, como consultores
                dos militares, pagos pela sua indústria:
    e estes são os nomes dos militares, generais e ca-
                pitães, que trabalham actualmente para
                os fabricantes de material de guerra;
    e por cima destes, por ordem, os nomes dos bancos,
                grupos e fundos de investimentos que con-
                trolam estas indústrias;
    e estes são os nomes dos jornais que pertencem a
                estes bancos
    e estes são os nomes das estações de rádio que
                pertencem a estes grupos;
    e estes são os números dos milhares de cidadãos
                empregados por estas companhias;
    e o começo desta contagem teve lugar em 1958
                e o seu fim em 1968, devendo esta esta-
                tística ser prosseguida de juizo perfeito,
                coerente & definitivo;
    e a primeira versão desta litania, principiada no
                primeiro dia de Dezembro de 1967, inte-
                gra-se no poema que estou dedicando a,
                estes Estados.
(Do volume The Fall of America - poems of these states)


Allen Ginsberg
UIVO
Publicações Dom Quixote, Lisboa 1973

terça-feira, setembro 29, 2009

É d'ouro...


Do Furadouro para a outra margem, Verão 2009... este rio ao anoitecer, na margem esquerda, e é Douro nas duas margens, noite e dia.
É d'ouro o sol armazenado em gradas uvas nas encostas soalheiras, Douro acima.
É d'ouro o Douro que me envolve nesta melancolia.

quinta-feira, setembro 24, 2009

Claro que não resisti...



Casa, a nível inferior ao chão - Cerveira
...mas interrogo-me sobre esta pulsão que nos impele a mergulhar na intimidade dos outros e que se exacerba perante os rituais de sobrevivência, como este, de dispor a mesa para o almoço.

segunda-feira, setembro 21, 2009

Passeio de férias - Viana



Viana do Castelo
Viana do Castelo foi das cidades que mais mudou, de entre estas localidades do Minho que agora voltei a visitar passada uma década.
Modernizou-se, sabendo manter as suas características mais peculiares.
Abriu-se ao rio...

Viana do Castelo, Clube Náutico

            ...e junto à sua margem ergueu novos equipamentos sociais e culturais, como a Bilioteca...

Viana do Castelo, Biblioteca Pública

                                                            Viana do Castelo, Biblioteca

                  ...e aprazíveis zonas de lazer...

Viana do Castelo, junto ao rio

...e fruição estética.

Viana do Castelo, peça escultórica

O centro também foi alvo de renovação urbana e os comerciantes parece terem correspondido com lojas de boa aparência, restaurantes, cafés e pastelarias, hotéis e equipamentos turísticos.

É um prazer ver renovar, abrir-se às potencialidades do lugar e da região e saber respeitar o passado.

Mais fotos de Viana do Castelo em álbum na Webshots (basta clicar).

quarta-feira, setembro 16, 2009

Passeio de férias - Cerveira


Já faz tempo passei em Vila Nova de Cerveira cerca de 15 dias. Regressei para a reconhecer, com um novo olhar que o tempo me ensinou.

Centro, Vila Nova de Cerveira
É notável como, nas poucas centenas de metros do percurso pelo centro histórico, se consegue de forma tão equilibrada viajar no tempo através dos testemunhos do património arquitectónico.

Cerveira

                  Cerveira

Cweveira

                                                            Cerveira

Cerveira
 

Que tal?!

Não percam o meu álbum sobre Cerveira, com estas e outras fotos, na Webshots (basta clicar).

segunda-feira, setembro 14, 2009

Passeio de férias - Braga


A minha passagem por Braga foi muito breve.

Queria rever um pouco a imagem que retinha da cidade:

            - a de miúdo, feita de um certo encantamento e de imagens que me ficaram, como a de um final de linha de eléctrico, junto à quinta de uma madrinha de minha mãe e ainda de brincadeiras nessa mesma quinta, que a memória mantém vivas de cada vez que vejo fotografias dessa época:

            - de adolescente, as arcadas da baixa citadina...


Arcadas em Braga

...e um episódio picaresco protagonizado pelo meu irmão José, mais novito que eu, que se perdeu de meus pais por entre a multidão que assistia a uma passagem da Volta a Portugal em Bicicleta. Encontrámo-lo aos pontapés nas canelas de um polícia que o retinha pela mão enquanto procurava os pais da criança lutadora. :))

            - pelos meus 20 e poucos anos, a ideia de uma cidade com uma linguagem estética de grandiloquência que lhe assentava mal.

Baixa de Braga
Comprovei essa minha visão novamente, se bem que restrita ao centro histórico: a de uma cidade que transpira provincianismo e se dá ares de majestade, mesmo quando se abre em amplas avenidas ajardinadas.

Avenida em Braga
Ah! Mas respiro autenticidade neste largo do Paço Episcopal...

Paço Episcopal

...e se a fachada da velha Sé, apresenta o tal aspecto de que não gosto, muito característico do gosto dessa época de reconstrução, já esta entrada lateral é um fascínio para os meus olhos.


Fachada da Sé de Braga             Entrada lateral, na Sé de Braga

Terei que regressar com mais tempo.
Mas vejam o álbum fotográfico que deixei na Webshots (basta clicar)

quinta-feira, setembro 10, 2009

Passeio de férias - Ponte de Lima


A algumas centenas de quilómetros de León volto a encontrar-me com a figura histórica de Teresa de Leão, filha de Afonso VI, pois foi ela quem concedeu, conjuntamente com seu filho, Afonso Henriques, o foral à vila de Ponte de Lima. Esta vila de que vos falo pode pois ser considerada das primeiras vilas portuguesas.
De Lima, porque banhada pelo rio donde lhe vem o nome; Ponte, pela presença da sua ponte romana, de que restam alguns arcos, no final da ponte medieval que se avista na foto abaixo.

Ponte Medieval, em Ponte de Lima
A senhora que aí se apresenta, indubitavelmente minhota e de respeitável idade, não poderá ser Teresa de Leão, condessa de Portugal, mas é bem representativa desta vila, que ainda preserva com algum rigor a aparência tão medieva dos seus troços de muralha, ...

Pano de Muralha em Ponte de Lima
...do mesmo robusto granito que se revela nestas construções que nos fazem lembrar tempos de antanho.


Casario em Ponte de Lima

Do meu passeio pela localidade guardei registo fotográfico a que é possível aceder clicando neste link para a Webshots (basta clicar).

Encerro o post com duas fotos de nota gastronómica:


Almoço minhoto em Ponte de Lima       Almoço minhoto em Paredes de Coura

A primeira, no momento da sopa, em Ponte de Lima, a segunda com o que resta de um cabrito avinhado (verde tinto), em Paredes de Coura.
Preciosidades do Alto Minho!