sábado, junho 27, 2009

Criatividade na Educação (II)


Aqui deixo, para os que se interessaram, a segunda parte da palestra de Ken Robinson.



Votos de bom fim-de-semana!

quinta-feira, junho 25, 2009

Criatividade na Educação


Um amigo relacionado com a investigação em educação enviou-me, há uns dias atrás, um vídeo que vos quero dar a conhecer. Faço-o com a mesma intenção com que esse amigo o fez e a TED (Technology, Entertainment, Design) divulga estes colóquios - expandir ideias.
Espero que seja do vosso inteiro agrado e desculpem o uso da versão em português do Brasil, já que não encontrei uma tradução em português de Portugal.



Há uma segunda parte deste vídeo, que é fácil encontrar na página do youtube, mas conto apresentá-la também aqui, amanhã ou no dia seguinte.

segunda-feira, junho 22, 2009

Silves. Construindo a História da Cidade


A série de colóquios com o título genérico em epígrafe, da responsabilidade do Gabinete de Arqueologia, Conservação e Restauro da Câmara Municipal de Silves, vem contribuindo para um conhecimento cada vez mais aprofundado sobre o passado desta cidade.
Os relatos de várias e significativas intervenções arqueológicas que aqui têm ocorrido, tanto como resultado dos projectos ligados ao POLIS, como das que tiveram lugar em locais onde se construíram novos edifícios, abrem perspectivas de interpretação cada vez mais apoiadas.

Foto com telemóvel, © António Baeta Oliveira
Nesta sessão do passado fim-de-semana, as abordagens centraram-se sobre intervenções na Rua das Parreiras, na Cândidos Reis e na Afonso III.
Não vou passar para aqui o colóquio, mas dizer-vos de uma nova perspectiva que eu ainda não tinha observado: a de que a cidade actual além de se sobrepor à cidade islâmica, não está orientada como a anterior; tal é constatável nas 3 ruas a que atrás fiz referência. A construção na cidade islâmica acompanhava as curvas de nível.

Foto com telemóvel, © António Baeta Oliveira
Outra nova perspectiva é a que nos trazem os resultados da rua Cândido dos Reis, nos números 32/34, onde, além de indicar uma orientação que também respeita as curvas de nível, revela construções de proprietários abastados, tanto no que se refere às dimensões e aos materiais e estruturas de construção, bem como ao espólio encontrado.
A fotografia acima foi feita sobre um slide de um plano de interpretação dessas mesmas construções que avançariam para o outro lado da actual rua, qua as corta transversalmente.

quinta-feira, junho 18, 2009

Vem do calor do estio...


Algures nas Caldas de Monchique, © António Baeta OliveiraFoto de António Baeta

Vem deste calor de estio, certamente, a vontade de me fixar nestes muros de quinta já sem reboco, nestes portais por onde espreita a luminosidade que o Sol deixou na cal, nas extensões de sombra destas árvores marcadas pelo tempo, na declinação da luz ao cair da tarde, no remanso quieto do lugar, na nostalgia bucólica que sempre se desprende destes sítios termais, como aqui, nas Caldas de Monchique.

quarta-feira, junho 17, 2009

O Caderno do Algoz



O Caderno do Algoz, editado pela Caminho, levou-me a Faro, já que não pude estar presente na sua apresentação em Silves, na Biblioteca Municipal.

O Sandro William Junqueira é meu amigo através destas coisas das palavras e de as dizer, mas sempre o senti mais próximo da poesia que da prosa, o que não admira, pois este "caderno" é mesmo a sua primeira obra de ficção.

É uma escrita poética ou bem impregnada de poesia aquela que se me revelou na sua leitura. Não da poesia da candura ou do amor, mas antes reflectindo as atrocidades da realidade de uma vida urbana de solidão, de degradação, de bestialidade, numa narrativa amargurada, pungente, de árdua leitura pela intensidade cortante que o jogo das palavras releva.

Passo um pequeno trecho:


  • (...) A morta está agora de costas voltadas. Com as nádegas sólidas junto das mãos do coveiro. Nesta posição, ele pode ver os dois cortes transversais, enormes, um de cada lado, através dos pulmões: a causa da sua morte. Delicadamente percorre cada milímetro do comprimento daquelas feridas com a ternura possível de cinco dedos encardidos. Depois, abraça-a, e preenche o espaço que as suas mãos disponibilizam para agarrar.
    Senta-se no rebordo da cama e prepara-se para agir. Há algo naquele cenário que o incomoda, coisa mínima: um detalhe a precisar de reparação. Leva a mão esquerda a um dos bolsos das calças e retira um pequeno objecto metálico. Aproxima a boca daquele rosto de anjo desmilitarizado, sussurrando-lhe ao ouvido:
    Posso? Estás tão fria!
    Agarra uma das mãos da morta e descansa-a na palma da sua mão direita. Cuidadosamente, abre o pequeno corta-unhas - que sempre o acompanha - e estende-lhe os dedos azuis como um profissional.
    Diz-lhe:
    Sabes... Crescem depressa. Crescem mais depressa agora. (...)

Sandro William Junqueira
O Caderno do Algoz
Editorial Caminho, Lisboa 2009


Nota:
Se clicar no título deste post acederá à Editorial Caminho e pode, se assim o entender, adquirir o livro.

terça-feira, junho 16, 2009

David Mourão Ferreira, uma vez mais


Corte, a partir de uma foto da capa do livro

 

 

Passam 13 anos sobre o último poema de David Mourão Ferreira.
Neste, que vos recordo hoje, surgem palavras como morte e sepultura, mas é da vida e do seu amor pela vida, do âmago da própria vida, que nos fala.

 

 


  • CASA

    Tentei fugir da mancha mais escura
    que existe no teu corpo, e desisti.
    Era pior que a morte o que antevi:
    era a dor de ficar sem sepultura.

    Bebi entre os teus flancos a loucura
    de não poder viver longe de ti:
    és a sombra da casa onde nasci,
    és a noite que à noite me procura.

    Só por dentro de ti há corredores
    e em quartos interiores o cheiro a fruta
    que veste de frescura a escuridão...

    Só por dentro de ti rebentam flores.
    Só por dentro de ti a noite escuta
    o que sem voz me sai do coração.

David Mourão Ferreira
Lira de Bolso
Publicações Dom Quixote, Lisboa 1969

quinta-feira, junho 11, 2009

O Prazer e o Tédio (II)


É um trecho de O Prazer e o Tédio, de José Carlos Barros, apresentado no passado sábado na Casa de Cacela, em Vila Nova de Cacela - Algarve - numa edição da Oficina do Livro, que vos trago aqui, visando despertar a vossa atenção.

Marcador - O Prazer e o Tédio

 

(...) «O tédio, Aline, é inversamente proporcional ao desassossego de estar vivos; o tédio é a demonstração de que a labareda do prazer se alimenta do seu próprio combustível. Há quanto tempo, Aline, uma nuvem não é para ti senão uma nuvem, há quanto tempo não te percorre verdadeiramente a inquietação de um corpo que se deseja? Há quanto tempo não choras a olhar a chuva contra os vidros das janelas num fim de tarde de Novembro? Há quanto tempo não agitas as mãos na água das levadas a ver a leve ondulação da corrente? Há quanto tempo não adormeces com o desassossego de saber que o mundo permanece vivo por dentro dos sonhos?» (...)

terça-feira, junho 09, 2009

O Prazer e o Tédio


Citando José Carlos Barros, com um excerto de um belo texto que um dia escreveu a propósito deste blogue - «É verdade que somos vizinhos. Que é mais fácil tropeçarmos assim nesse fio quase invisível de cumplicidades...» - posso assegurar que fiz todo o esforço para me distanciar dessas circunstâncias da vizinhança e da amizade e, mesmo assim, fui tomado pela fúria que o prazer instiga, deliciado numa escrita a que me abandonei, na descrição tão topológica dos lugares e tão profundamente psicológica na análise das motivações dos personagens.

O Prazer e o Tédio...

Capa do romance O PRAZER E O TÉDIO
...agora publicado pela Oficina do Livro, é um romance como há muito não lia, como se as paisagens, os lugares, as pessoas tivessem vida e nós, como um deus sobranceiro, ficássemos a observar a dúvida e a certeza, a alegria e a tristeza, a decisão e a cobardia, a bondade e a malvadez, o ódio e o bem-querer, o amor e o sexo, a pele e o corpo, o prazer e o tédio.

Muito vivamente aconselho a leitura aos que sabem ou desejam saber o que é mesmo um romance, que não essa coisa aligeirada a que dão o mesmo nome, com a mesma desfaçatez com que os empilham nos escaparates de algumas livrarias e nos supermercados.


P.S.
Este romance começou por ser um folhetim, publicado entre Fevereiro de 2008 e Janeiro de 2009, no blogue - Casa de Cacela - e onde JCB já iniciou dois outros folhetins.

segunda-feira, junho 08, 2009

Obras terminadas


Aljibe da Alcáçova de SilvesFoto de António Baeta

As obras, entretanto terminadas, visaram tão só adaptar este velho blogue a novas tecnologias e facilidades de utilização, respeitando a aparência de sempre.
Suprimi também alguma informação que perdera actualidade e outra que, por demasiada e acessória, distraía e confundia o utilizador.
Será mais fácil, agora, manejar este blogue, que exigia muita programação para o manter a meu gosto.

Até breve.

Em obras...


Este blog sofre, de momento, algumas alterações de actualização.

Tentarei ser tão breve quanto possível.

quarta-feira, junho 03, 2009

segunda-feira, junho 01, 2009

O Arraial Ferreira Neto, em Tavira


Este fim-de-semana aderi, uma vez mais, às propostas de passeio da Câmara Municipal de Tavira sob o título genérico de Patrimónios do Mar.
Visitámos o Arraial Ferreira Neto.

Fotografia aérea com origem em skyscrapercity, assinada por Prof Godin

Trata-se de uma construção urbana, uma autêntica aldeia, com dois largos e cinco ruas, classificada como Imóvel de Interesse Público desde 2002, e onde, segundo a nota histórico-artística do IPPAR (Instituto Português do Património Arquitectónico), "... habitariam confortavelmente 400 a 500 pessoas, pois oferecia as comodidades e higiene com as instalações adequadas ao exercício da actividade industrial, assim como o conforto necessário ao descanso dos pescadores e das suas famílias. ...".

O Arraial, como se pode entender pela fotografia acima, separava a zona industrial da zona habitacional e foi construído, em 1946, segundo projecto do Eng. Sena Lino, em pleno Estado Novo, propositadamente para servir de apoio às actividades ligadas à pesca do atum.

Fotografia do autor do blog sobre fotografia existente no museu do Arraial

A edificação, último vestígio desta actividade, que perdeu viabilidade económica a partir da década de sessenta do século passado, é um testemunho de elevada importância histórica e... ( de novo citando a nota do IPPAR) "...um exemplo típico dos racionalistas conceitos formais da época, com o seu aprumo volumétrico e a sua métrica "moderna", o uso de "materiais portugueses" (pedra bujardada, telha de canudo, ladrilhos de barro, painéis de azulejo e portas de madeira pintada com aldraba ou postigo de reixa), e as técnicas mais actuais da altura - fundações directas em alvenaria ordinária, escadas em betão, paredes de tijolo cheio rebocado e estruturas da cobertura em asnas de madeira. (...)".

Chegou o momento de vos contar que a zona habitacional, uma autêntica aldeia com... (citando a mesma nota do IPPAR) "edifício escolar, balneário, forno, capela, posto médico, sanitários públicos e clube, além de uma rede completa de esgotos e cinco cisternas com a capacidade de 150.000 litros de água cada uma. (...)" se mantém preservada como nestas fotos:


                       
A escola                                                 a capela


   
A casa do administrador       uma rua da aldeia       a casa do operário


Esta preservação é exemplar pela forma como, respeitando a estrutura dos edifícios da aldeia dos pescadores de atum, o arraial sobreviveu graças a uma nova actividade económica.

Hoje, o Arraial Ferreira Neto...


...é parte integrante do Hotel Vila Galé Albacora.

 


 


 


 


Nota:
As fotos sem indicação de autoria foram batidas pelo autor do blog durante a visita.