quinta-feira, junho 27, 2013

Património silvense (IV)




O Palácio Grade




O Palácio construído em 1907 na cidade de Silves pelo 3º Visconde de Lagoa obedece às características da arquitectura europeia predominante desde a segunda metade do século XIX e que corresponde a um eclectismo de estilos.

Trata-se de um imóvel de amplas estruturas, cujas linhas simétricas revelam profundas influências clássicas.



 
Salientam-se na fachada a porta principal enquadrada num arco de volta inteira, inscrito num rectângulo em pedra limitado por duas grandes mísulas, o varandim saliente protegido por balaustrada, sendo este conjunto encimado pelo brasão em pedra.
 
 
 

Passando ao interior, resplandecem, logo no rés-do-chão, os mármores branco e rosa da escadaria, do tipo da Ópera de Paris, destacando-se também o escritório com tecto em abóbada e os painéis da entrada, pintados com motivos pompeianos e de arte nova. No vestíbulo surgem igualmente elementos de estilo neo-barroco, coríntio e Luís XVI.

No primeiro andar salienta-se o salão nobre com todas as paredes decoradas com pinturas de lagos de Itália, executadas por um artista desse país que se encontrava exilado em Portugal. As pinturas do tecto, assim como as restantes, são da autoria de João Vaz, que foi, ao lado de Columbano, um dos expoentes da mais notável geração de pintores portugueses.

Não é possível a visita.


Texto de: Vasco Mascarenhas Grade, jornalista, descendente dos Viscondes de Lagoa e co-proprietário do palácio Grade, publicado em "V Jornadas de Silves - ACTAS", Associação de Estudos e Defesa do Património Histórico-Cultural de Silves, Silves, Outubro de 1999.

____________________

Na impraticabilidade de fotografar o interior, deixo algumas fotos de pormenores do exterior do edifício.





_________________________


Edições anteriores:

Património silvense (I)  - Claustro interior nos Paços do Concelho

Património silvense (II) - Igreja da Misericórdia

Património silvense (III) - Arte Nova em Silves




segunda-feira, junho 24, 2013

Silves, ao tempo da civilização do al-Ândalus (IV)






Medina az-Zahra (Cidade da Flor), Córdova - Foto de uma visita em 2006

Medina az-Zahara foi uma cidade palatina mandada construir pelo primeiro Califa de Córdova, 'Abd ar-Rahman III (912-961), como afirmação do seu poder sobre todo o mundo islâmico.

O centro do poder, ontem como hoje, está sempre rodeado por toda uma série de interesses que tentam influenciar os que detêm o poder de decisão.

Frequentemente, na antecâmara do poder, há quem filtre essa aproximação e, sem que de facto detenha o poder de decisão, pode vir a influenciá-lo de maneira determinante.

'Abd ar-Rahman III foi um homem decidido e de forte e incontestável carácter. Do seu poder já aqui falámos em episódios anteriores.

Rodeou-se, bem como depois seu filho, al-Hakam II, de uma aristocracia palaciana recrutada junto de oficiais e escravos fiéis, provenientes da Europa Oriental (eslavos), como forma de afastar o poder da aristocracia de origem árabe e reforçar o seu poder pessoal.

A al-Hakam II sucedeu seu filho, Hixam II, que assumiu o poder com 10 anos de idade.

Se 'Abd ar-Rahman e al-Hakam conseguiram conter os poderes da aristocracia palaciana que eles próprios fomentaram e apoiaram, já Hixam, com 10 anos, irá sofrer a influência desses interesses.

Quem veio a encabeçar  todo o jogo de influências sobre o pequeno califa foi Abu 'Amir Muhammad Ibn Abi 'Amir, que praticamente encerrou o califa de todo o contacto com o exterior no seu palácio de Medina az-Zahara e construiu para si próprio um novo palácio, o de  Medina az-Zahira (Cidade Brilhante), donde, a partir de 980 (AD), passou a governar toda a Península. Em 981 assumiu o cognome de Al -Mansur (O Vitorioso).

Com al-Mansur, o estado islâmico do al-Ândalus atinge o auge da riqueza e do poderio militar. Bate leoneses, castelhanos e aragoneses, toma Barcelona e Catalunha, atravessa todo o território do que é hoje Portugal, instala a sua corte em Lamego, e arrasa Santiago de Compostela.

Apoiado nos berberes, como antes 'Abd ar-Rahman III tinha procedido com os eslavos, entrega a estes seus fiéis aliados os portos de mar e as praças de guerra.

Após a morte de al-Mansur segue-se um período controverso, que acabará por determinar o fim do Califado de Córdova.

É neste período que antecede a queda do califado, ao tempo de Sulaiman II, que, conforme Garcia Domingues, são nomeados, em 1016, os chefes berberes do Gharb, entre os quais Abu Otman Said Ibn Harun.

Em 1027, segundo Dozy, o Algarve foi dividido em dois principados: o de Santa Maria (atual Faro) e o de Silves.

Em Santa Maria teria continuado a governar Ibn Harun e em Silves assume o poder Abu Bakr Muhammad  ibn Said ibn Muzain, em 1028.

Esta data marca Silves como um estado verdadeiramente independente e, diz Garcia Domingues: "... a partir desse momento não cessará a sua ascenção."


____________________
 
Garcia Domingues, História Luso-Árabe, edição do Centro de Estudos Luso-Árabes de Silves, 2010
António Borges Coelho, Portugal na Espanha Árabe, vol. 2 - Editorial Caminho
____________________



Se estiver interessado na leitura dos episódios anteriores, siga os links abaixo:

Silves, ao tempo da civilização do al-Ândalus (I)

Silves, ao tempo da civilização do al-Ândalus (II)

Silves, ao tempo da civilização do al-Ândalus (III)




 

quinta-feira, junho 20, 2013

Sabe o que se passou em Silves a 22 de Junho de 1924?




Relembrando os eventos de 22 de Junho de 1924

Silves, anos 30, © Henrique Martins
Silves, anos 30

Corria o já distante ano de 1924. Em luta pela melhoria das suas condições de vida, a greve dos corticeiros prolongava-se no tempo. Sem salário, começa a estar em causa a satisfação das necessidades básicas. A fome atinge as famílias operárias e a solidariedade social organiza-se espontaneamente tentando suprir as necessidades alimentares, protegendo em especial as crianças e a sua saúde. Por todo o Algarve, do Sotavento ao Barlavento, há quem se proponha receber os filhos dos corticeiros de Silves. Centenas de crianças são deslocadas e acolhidas junto de famílias solidárias, de Vila Real de Santo António a Lagos. 

 Terminada a greve organizou-se o regresso das crianças e fixou-se a sua recepção num domingo, 15 dias depois de retomada a normalidade.

 Por volta das oito da manhã, aguardando a chegada do comboio proveniente de Lagos, no largo da estação dos caminhos de ferro que serve Silves, a cerca de dois quilómetros da cidade, as famílias e alguns amigos aguardavam a chegada das crianças. O comboio da zona do Sotavento, onde se acolhera a maioria das crianças, só chegaria lá para o meio-dia. Resolveram descer à cidade.

 Ao longo do percurso, mais gente se foi juntando. À entrada na cidade já o grupo se apresentava como um cortejo alegre e barulhento, com vivas e cantos que expressavam a alegria do reencontro das famílias e que inundavam de emoção todos os que vinham às janelas para ver o que se passava e os outros que se animavam a participar na recepção.


José dos Reis Sequeira, operário corticeiro e militante anarco-sindicalista, que viveu o acontecimento, no seu livro Relembrando e Comentando, numa edição de "A Regra do Jogo", 1978, descreve assim os acontecimentos que se seguiram:

 

" Os industriais e mais senhores ricos da terra não gostaram do acontecido. Sentiram-se comprometidos por terem dado ocasião a que isto viesse a dar-se. E calcularam que à chegada do outro comboio seria pior, já porque a hora era outra e também porque o número de crianças a chegar do lado do Sotavento era muito maior. Temendo isso decidiram pedir às autoridades para impedir o cortejo. Isto é o que se supõe.
 
 De todas as zonas da cidade se encaminhava gente para a estação de caminho de ferro. O comboio era um pouco depois do meio-dia mas chegou um pouco atrasado.

 Eu, de manhã, não tinha participado no cortejo mas agora iam chegar as minhas irmãs, não podia faltar. O largo fronteiriço à estação transbordava de gente. A recepção não é possível descrever: risos, choros de alegria, chamamentos, gritaria descontrolada e vivas de entusiasmo, tudo num ruído amalgamado e ensurdecedor.

 Depois da partida do comboio começou a marcha a caminho da cidade.
 

 A estrada depois de descrever uma curva corta um cerro pelo meio da encosta, em sentido longitudinal. Pela nossa direita o cerro sobe até ao cume. Pela esquerda, um muro de pouco mais de 50 cm de alto, defende a estrada da vertente, bastante declivosa, que desce até às hortas e ao rio.

 O cortejo era maciço. Em Silves, eu, nunca vi tanta gente junta. A primeira parte do percurso fez-se numa animação incontida e transbordante; mas quando a cabeça do cortejo dobrou a curva, começou-se a divisar o aparato bélico das forças da guarda republicana, distribuídas estrategicamente: infantaria à direita, na parte superior da encosta de armas aperradas, em linha de atiradores; ao fundo a cavalaria barrava a passagem na estrada. Restava-nos a vertente da esquerda, o desfiladeiro defendido pelo muro, mas possível de saltar por ser baixo.
 

 A notícia correu célere até à cauda. Um aviso circulou: «mulheres e crianças para a frente!» Isto, na ideia que os mercenários teriam um pouco de respeito pelos inocentes. Terrível ilusão!

 A movimentação fez-se mesmo em marcha. E um silêncio temeroso e de expectativa tomou o lugar da alegria esfusiante de até então. A marcha continuou. Nisto, o comandante da força desceu à estrada e ordenou dispersão imediata. Alguém na frente objectou que não havia outro caminho e que se passaria calado. A marcha continuou, convencidos que calados, não prejudicariam ninguém. Mas o tenente sobe para junto da força e ordena fogo. A primeira descarga foi cerrada e a fuzilaria continuou um pouco desencontradamente. Ao mesmo tempo avança a cavalaria em carga brutal sem respeito pelas mulheres e crianças.
 

Faltam-me recursos para poder descrever o pânico causado por esta inqualificável patifaria. Foi simplesmente horrível. Os que não foram atingidos pelas balas, pelas patas dos cavalos, ou pelas espadeiradas, rolavam pela vertente da esquerda depois de saltar o muro. A confusão era enorme; gritos de dor e aflição; crianças que choravam aleijadas e perdidas da família. Os que não caíram debaixo das patas dos cavalos, caíram desequilibrados na íngreme encosta e raras foram as pessoas que não se feriram duma ou doutra maneira.

 Das balas houve um morto e diversos feridos de mais ou menos gravidade que foram hospitalizados."

José dos Reis Sequeira continua a descrever "o alvoroço e o espanto" que dominou a cidade. No dia seguinte, com o funeral da vítima marcado para muito cedo, a população assistiu de novo à barragem da guarda, impondo que o funeral se realizasse sem acompanhamento. Descreve ainda os protestos que se seguiram, as prisões que se sucederam, a saída dos presos sob fiança, a aguardar julgamento e finalmente a audiência em tribunal, com a defesa do advogado Campos Lima, do Conselho Jurídico da Confederação Geral do Trabalho (CGT), e a absolvição dos que a GNR tinha aprisionado.

P.S.
Este texto já aqui havia sido publicado em 22 de Junho de 2006. (clique)
 
 

domingo, junho 16, 2013

Faz hoje dezassete anos




























Completam-se 17 anos sobre a data em que David Mourão Ferreira nos deixou.

Recordemo-lo num brevíssimo poema de amor e de erotismo, tão ao seu jeito.



PELE
 
Quem foi que à tua pele conferiu esse papel
de mais que tua pele ser pele da minha pele
 
 
David Mourão Ferreira
Do Tempo ao Coração, 1966



quinta-feira, junho 13, 2013

Os mais vistos de sempre (II)




Um dos "posts" mais vistos de sempre no Local & Blogal foi publicado em 13 de Junho de 2005 e dizia assim:


Santos Populares
Santo António, Silves, © António Baeta Oliveira
 
Estão aí os Santos Populares! É tempo de Santo António, prenúncio do Verão. As ruas da baixa comercial da minha terra estão engalanadas, em ar de festa, e as esplanadas começam a agitar-se.
 
 
Marchas populares, Silves, Junho 2005, © António Baeta Oliveira
 
 
 
As marchas populares, a noite passada, com o particular empenhamento da 3ª idade, deixaram no ar o sentimento de algum carinho, mas destoaram com o seu ar de marcha lisboeta, solicitando o sacudir da anca e o bater do pé num ritmo serôdio, diria mesmo decadente, fora de época, a contratempo.

 
 
 
Fui de novo a "O GRÉS", um já extinto jornal em que colaborei, edição de Julho de 2000, rebuscar um texto onde percorria as ruas da minha memória por esta altura do ano, numa toada de evocação, bem ao ritmo das marchas populares, de sabor a passado inconsequente.
 
Cá está ele:

  • Nunca mais vi tal coisa!

    Não sei se se deixou de usar, se se teria esgotado ou, simplesmente, se a minha recordação me engana. O facto é que nunca mais lhe pus a vista em cima, ou melhor dizendo, o sapato.

    Refiro-me a um saibro avermelhado, suficientemente grosso para não fazer pó e suficientemente fino para não sujar o pé. Era com este tipo de saibro que se cobria o piso da primeira parte do jardim (Cancela de Abreu), pois que, a seguir ao coreto, logo depois da porta de entrada para a esplanada do cinema, o piso era de tipo diferente. Era deste saibro, também, o piso do Largo dos Bombeiros, na actual Praça do Município, frente aos Paços do Concelho. O curioso é que só me lembro deste saibro vermelho naquela Praça, quando começavam as Festas dos Bombeiros, pois que até essa data não tenho a ideia de que o piso fosse assim.

    Deixemos estas voltinhas em torno da memória, que todos sabemos ser altamente enganadora e fixemo-nos no Largo dos Bombeiros, em plena época dos Santos Populares. Uma roda gigante, a tômbola, imperava ao centro, ou então era tão importante que parecia central. Compravam-se os bilhetes e aguardava-se a saída do nosso número para obter uma modesta prendinha, que nos enchia de satisfação; não era como agora, onde há de tudo no supermercado. Tábuas corridas serviam de mesas ou se, mais baixas, de cadeiras e ficavam repletas de pratos de caracóis. Iam lá todos, não faltava ninguém. Nenhuma telenovela nos prendia em casa, a deixar a vida a correr lá fora.

    (...)




segunda-feira, junho 10, 2013

Silves n'Os Lusíadas



Hoje é Dia de Camões



Fui buscar a este mesmo blogue um "post" com data de 8 de Junho de 2004, donde transcrevi quatro estrofes dos Lusíadas que se referem à nossa cidade - SILVES.

Elas aqui estão.


Do Canto III, estrofes 86 - 88:
  • (...)
    Despois que foi por Rei alevantado,
    Havendo poucos anos que reinava,
    A cidade de Silves tem cercado,
    Cujos campos o Bárbaro lavrava.
    Foi das valentes gentes ajudado
    Da Germânica armada que passava,
    De armas fortes e gente apercebida,
    A recobrar Judeia já perdida.

    Passavam a ajudar na santa empresa
    O roxo Federico, que moveu
    O poderoso exército, em defesa
    Da cidade onde Cristo padeceu,
    Quando Guido, co a gente em sede acesa,
    Ao grande Saladino se rendeu,
    No lugar onde aos Mouros sobejavam
    As águas que os de Guido desejavam.

    Mas a fermosa armada, que viera
    Por contraste de vento àquela parte,
    Sancho quis ajudar na guerra fera,
    Já que em serviço vai do santo Marte.
    Assi como a seu pai acontecera
    Quando tomou Lisboa, da mesma arte
    Do Germano ajudado, Silves toma
    E o bravo morador destrui e doma.
    (...)

Há ainda uma outra referência no Canto VIII, estrofe 26:
  • (...)
    Vês, com bélica astúcia ao Mouro ganha
    Silves, que ele ganhou com força ingente:
    É Dom Paio Correia, cuja manha
    E grande esforço faz enveja à gente.
    Mas não passes os três que em França e Espanha
    Se fazem conhecer perpètuamente
    Em desafios, justas e tornéus,
    Nelas deixando públicos troféus.
    (...)

Notas (da edição):
86.3-4 “A cidade de Silves tem cercado”: com o auxílio da “Germânica armada” (flamengos e alemães) que formou a Terceira Cruzada (1189-1192) os Portugueses atacaram Silves; “Cujos campos o Bárbaro lavrava”; o Bárbaro é o Muçulmano.
87.2-5 “O roxo Federico, ...”: Frederico I, imperador da Alemanha (1123-1190), o Barba-Roxa ou Barba-Ruiva; “Quando Guido, co a gente em sede acesa”: Guido de Lusignan, último rei de Jerusalém, rendeu-se a Saladino, sultão do Egipto e da Síria, porque as suas tropas morriam de sede. A batalha de Tiberíade terminou pela captura de Guido.
88.1-4 “Mas a fermosa armada, ... / Já que em serviço vai do santo Marte”: a fermosa armada quis ajudar Sancho porque ia pelejar na Guerra Santa.
Ort.: fermosa (por formosa).

26.1-8 “Vês, com bélica astúcia ao Mouro ganha / Silves, ...”: por meio de cilada. Desviando o governador de Silves para Paderne e indo por caminho desviado, foi lançar-se sobre Silves, tomando todas as portas da cidade e impedindo as forças do governador de entrarem e ele próprio (v. Rui de Pina, Cr. de D. Afonso III),, cap. IX); “Mas não passes os três que em França e Espanha”: Gonçalo Rodrigues Ribeiro, Vasco Anes e Fernando Martins de Santarém, que em tempo de D. Afonso IV andaram como cavaleiros andantes em justas e torneios (v. Rui de Pina, Cr. de D. Afonso IV, caps. XIV a XVI).
Ort.: enveja (por inveja); tornéus, por causa da rima.



quinta-feira, junho 06, 2013

Voltar à serra





Foto batida a partir da açoteia de um amigo, em Salir, por ocasião do Dia da Espiga - 2013


Voltar à serra.
 
Deslumbrar-me com a variedade das tonalidades do verde, com a cor da terra, com o alvo casario marcado pelo colorido dos telhados, com o cenário de fundo das montanhas a lembrar esse outro mundo onde só se atreviam os almocreves, aqui, tão na proximidade da Rocha de Pena.
 
Na povoação, a festa da Quinta-feira da Espiga.
 
Os velhos vestidos a rigor, com aquela autenticidade das jaquetas, que já não vemos nas cidades, e as velhas com suas roupas escuras, com um ou outro apontamento de cor e o molho de espiga na mão, passeando, cumprimentando, rindo-se dos dichotes de uns e de outros.

Os mais novos, os rostos marcados pelo sol, as roupagens pretensamente citadinas, "mini" na mão, aguardando o concerto que se seguirá no grande palco cheio de luzes, a projetar a quimera do refrão romântico que o cantor de "charme" fará passar de boca em boca.
 
Hoje é dia de alegria. O trabalho, se o houver, é para amanhã.
 
 
 

 

segunda-feira, junho 03, 2013

Memórias do blogue (II)



Este blogue irá cumprir dez anos no decurso deste ano de 2013.

Proponho-me trazer aqui, de vez em quando, alguns dos meus textos de 2003 menos marcados pelo tempo.


Assim... suspenso...


Foto batida em Armação de Pêra, em Setembro de 2003


... como  a pequena gota.

Quieta, imponderável, desligada da onda mãe, ausente, incomunicável, presa num momento virtual.