segunda-feira, abril 30, 2007

Arte Poética

José Carlos Barros e Camiro de Brito, Loulé, Abril 2007, telemóvel, © António Baeta Oliveira


Helder Raimundo, em colaboração com a Biblioteca Municipal de Loulé, organizou a apresentação do último trabalho de Casimiro de Brito - Fragmentos de Babel, seguido de Arte Poética - e convidou como palestrante José Carlos Barros.

Aqui houve blogs!

José Carlos Barros debruçou-se sobre as temáticas e as motivações subjacentes à obra de Casimiro de Brito, numa análise aprofundada, com que o próprio poeta se viria a identificar, ao realçar a justeza dessa análise ao longo da sua intervenção, que primou pela exuberância do seu discurso, pela riqueza das suas histórias de vida, partilhadas em público, numa expressividade estonteante de alegria de viver, de um homem que se debruça sobre o seu percurso e nos enriquece com uma cosmogonia muito sua, feita de saber e experiência, como só um viajante, conhecedor do mundo, pode usufruir e partilhar.



  • O que busco nesta vagabundagem é apenas um som, uma visão: ouvir em cada som a vasta polifonia, a respiração do animal universal; captar em cada coisa ou partícula dela o todo (o mundo) em mudança que nela se contém. O que busco é o impossível mas algumas palavras, se na música do corpo me debruço, ainda se abrem.


Casimiro de Brito
Fragmentos de Babel seguido de Arte Poética
Edições Quasi, Vila Nova de Famalicão 2007

quinta-feira, abril 26, 2007

Fragmentos de Babel

Sabem quem irá estar no próximo Sábado (28), pelas 15h30, na Biblioteca Municipal da sua terra natal, Loulé, para a apresentação do seu último trabalho - Fragmentos de Babel?





  • Quando me aproximo do mar
    tudo me parece aceitável.
    As ondas são folhas que vão
    a caminho da perfeição.
    Perfeito é pois quem do tempo
    tem a longa paciência -
    também a tenho quando escuto
    a nervura mágica de tudo,
    um tudo feito de sombras
    que amaciam a pedra luminosa
    que todas as coisas são.
    Saltando de estação para estação
    como se o caminho se fizesse,
    sereno, entre o mar e o céu.
    As ondas que vejo cair
    também as sinto nas areias de mim
    como se tudo, na barca deste mundo,
    fosse mar e luz.
    Por isso a minha vida é intensa
    e velha como a paciência
    que não cessa de se renovar
    no sangue da pedra, e das aves.

Casimiro de Brito
ALGARVE todo o mar
(Colectânea)
Dom Quixote, Lisboa 2005

segunda-feira, abril 23, 2007

De São Brás a Silves

Abdallah em sessão de autógrafos, São Brás de Alportel, Abril 2007, telemóvel
Abdallah Khawli, em sessão de autógrafos


Estive em São Brás para a apresentação do livro A Viagem de Ibn Ammâr - de São Brás a Silves.
Diversas afinidades e circunstâncias fizeram juntar no mesmo local amigos que não via faz algum tempo. Foi bom revê-los.

A obra em questão não é uma obra literária ou poética sobre Ibn 'Ammâr, antes um trabalho multidisclinar sobre a eventual viagem que teria conduzido Ibn 'Ammâr, da sua terra natal até à grande e cosmopolita urbe do seu tempo - Silves - para o prosseguimento dos seus estudos.
Abdallah Khawli, contribui com a História e as fontes árabes, Luís Fraga da Silva com a informação geográfica e a geografia histórica e Maria Alice Fernandes com a análise etimológica e toponímica.
Esta abordagem multidisciplinar é muito enriquecedora, tanto neste contexto de reconstituição de um relato, como pelas interrogações que suscita e que poderão tornar-se geradoras de estudos posteriores, a trazer nova luz sobre esse glorioso período histórico da civilização do Al-Ândalus.

Dando o seu contributo para a ambiência de uma sessão que se debruçou sobre a presença árabe no nosso território, esteve presente o meu amigo e músico Eduardo Ramos que, com o seu alaúde, interpretou uma sua composição em torno do poema de Ibn 'Ammâr que aqui reproduzi no último post, se bem que numa versão anterior.

Eduardo Ramos
Andalusino
Capa do Álbum - Andalusino


quinta-feira, abril 19, 2007

Relembrando Ibn 'Ammâr

Ex-Matadouro Municipal, Fevereiro de 2007, © António Baeta Oliveira


  • Há um longo corredor repleto de memórias inscritas no acervo cultural comum aos povos do Mediterrâneo.


A fotografia e o comentário foram suscitados pela apresentação, amanhã, em São Brás de Alportel, de um livro que se debruça sobre o possível percurso que Ibn 'Ammâr teria feito, quando da sua terra natal veio estudar para Silves.
Do livro, eventualmente, vos darei conta depois. Ibn 'Ammâr, esse, recordo-vo-lo já.


  • ela é uma frágil gazela:
    olhares de narciso
    acenos de açucena
    sorriso de margarida.

    e se os seus brincos se agitam
    quedam-se os braceletes na escuta
    da música do requebro da cintura.


Adalberto Alves
O meu coração é árabe
Assírio & Alvim, Lisboa 1999

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Como vem sendo habitual, ao comentar uma fotografia recordo uma outra, anterior - A Xantarim e a Ibn Bassam (clique) - aqui publicada em 24 de Novembro de 2003.

segunda-feira, abril 16, 2007

O Amor, em Ibn Bassam

Faz tempo que não passo um poema árabe ou luso-árabe; receio acabar por transcrever por completo a obra de Adalberto Alves, o grande divulgador da poesia de expressão árabe, de entre os poetas que viveram no território que é hoje Portugal.
Ao fazê-lo agora quero homenagear Ibn Bassam, natural de Santarém, ele também, ao seu tempo, responsável pela mais famosa antologia da poesia hispano-árabe; nas palavras de Adalberto Alves «uma obra de referência absolutamente fundamental, sendo lamentável que não tenha ainda tradução portuguesa».



  • porque será que não sentes
    por quem te ama piedade?
    por mais que contigo esteja
    mal te afastas vem saudade.
    dá-me, pois, consolação:
    não tarda a separação!


Adalberto Alves
O meu coração é árabe
Assírio & Alvim, Lisboa 1999

quinta-feira, abril 12, 2007

O mar, ao fundo

Cacela, Setembro de 2006, © António Baeta Oliveira


  • Hoje, em Abril, com «águas mil», acudiu-me à ideia a calma e a luz dissipadas num muro de paredes brancas, o bálsamo da sombra de uma árvore frondosa e a quietude azul do mar como cenário de fundo.


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Como vem sendo habitual, ao comentar uma fotografia recordo uma outra, anterior - Fechado para Inverno (clique) - aqui publicada em 11 de Novembro de 2003.

segunda-feira, abril 09, 2007

Obrigado!

100 MIL


É o número de visitantes que o Local & Blogal ultrapassou hoje.

Agradeço a todos os que, voluntária ou involuntariamente, caíram nas malhas do meu blog.
Obrigado!

          Tem música...

Cole Porter
Begin the Beguine
Artie Shaw & His Orchestra



Nota:
O saber não ocupa lugar. Sigam a Wikipedia (clique) a propósito da história desta composição de Cole Porter.

quarta-feira, abril 04, 2007

É tempo de Páscoa

É tempo de Páscoa. Sei a que se refere, mas eu nada tenho a comemorar a tal propósito; são conceitos religiosos que me são estranhos e pouco ou nada me dizem.
Sei, também, que se aproxima um longo fim-de-semana. Sei que a partir de hoje o número dos que por aqui irão passar será diminuto; o tempo é de ar livre. Mas haverá sempre alguém que procura uma palavra e é para esses que aqui deixo este poema.
Até breve, depois da Páscoa.



  • No fogo das estradas é que
    o medo de ter
    tempo de mais as mãos pousadas
    no amor nas espáduas
    na amargura no rio
    é que molhar as mãos
    na água dos joelhos e andar
    um pouco mais ainda sobre o fogo
    das pernas e alcançar a terra
    o ar do tronco o vapor o
    movimento infindável do corpo em torno
    do amor é que o mar as estradas
    é que a locomoção por sobre a mágoa
    no fogo das estradas é que tudo
    se pode incendiar


Gastão Cruz
Poemas de Gastão Cruz
ditos por Luis Miguel Cintra

Assírio & Alvim, Lisboa, 2005



segunda-feira, abril 02, 2007

Senador na SL

© António Baeta Oliveira

Como tenho vindo a informar, com alguma regularidade, sobre o que o meu heterónimo vai fazendo na Second Life (SL), cumpre-me dizer-vos que se candidatou ao Senado de Roma e, aceite a sua candidatura, tomou posse no passado Sábado, tendo sido ungido pelas vestais, na Basílica, recebido pelo Imperador em sessão privada no Palácio Imperial e fazendo ouvir a sua declaração de intenções na primeira sessão da Cúria Romana.

O que agora vos escreve, se bem que preocupado e atento à política no quotidiano da sua realidade, local e global, é avesso às disputas partidárias e sem inclinação para as questões do poder. Sente-se bem, no entanto, no papel do seu heterónimo, até porque as sessões da Cúria Romana, na SL, se centram nas questões históricas e culturais e nos debates sobre a simulação da cidade - a ROMA Imperial - ROMA (206, 26, 22)