segunda-feira, outubro 27, 2008

Xilb no al-Ândalus

Jardins da Alcáçova, Silves, Outubro 2008, &copy, António Baeta Oliveira
Terminou o 6º Congresso de Arqueologia do Algarve, este ano com incidência sobre o período islâmico no nosso território.
Aqui esteve, durante estes três dias de trabalho, a nata dos mais conceituados especialistas nesta área em todo o mundo: foi valiosíssimo o seu contributo, tanto nas comunicações que apresentaram, como no enriquecimento que proporcionaram ao debate.

Além desse elevado contributo, o Encontro mereceu a atenção dos vários arqueólogos que no dia-a-dia se ocupam no estudo dessa civilização que nos precedeu e que deixou marcas nos hábitos, nos costumes, na nossa maneira de ser e de estar.

Os livros de Actas destes encontros, publicados na Revista Xelb, editada pela Câmara Municipal de Silves (CMS), são um manancial de informações de elevado valor documental e um grande serviço que os responsáveis pelo Departamento de Arqueologia da CMS (honra seja feita a Maria José Gonçalves) prestam a todos os estudiosos e curiosos da nossa História.

segunda-feira, outubro 20, 2008

Semana de Marraquexe em Silves

Findou a Semana de Marraquexe em Silves.

É importante dar a conhecer que as duas cidades têm um protocolo de geminação; e afirmo essa importância porque esta semana de iniciativas poderia ter sido com outra cidade qualquer, mas não, foi com uma cidade geminada.

Tive a oportunidade de assistir e participar em algumas das iniciativas propostas, por minha livre vontade e gosto pessoal.

O que me pareceu foi que esta iniciativa passou à margem da cidade e dos seus cidadãos, o que não me espantou, visto que não conheço nenhuma actividade associativa a envolver os seus sócios e a suportar uma manifestação desta natureza.

O habitual nestas geminações é o intercâmbio das associações, afinal a expressão viva do que fazem os cidadãos. Mas esta geminação parece-se um pouco com a fotografia....

Semana de Marraquexe em Silves, Outubro 2008, © António Baeta Oliveira... coisinhas bonitinhas, "para o inglês ver", com o fundo desfocado, como uma tal "Associação Al Moutamid" (de transliteração francesa), que não se sabe exactamente de que se trata - e que o grande público confunde com o CELAS (Centro de Estudos Luso-Árabes de Silves) -, onde não se conhece pessoas de Silves, a não ser alguns dos indefectíveis "fidalgos da corte" da Sra. Presidente. Bastaria olhar a comitiva dos passantes para nela identificar várias figuras públicas da região, mas não os cidadãos comuns de Silves ou de Marraquexe nem, minimamente, os dirigentes associativos locais.

Que venham mais semanas de Marraquexe em Silves e de Silves em Marraquexe, mas que se cumpram os objectivos do protocolo de geminação, ou não passarão de uma mero intercâmbio de responsáveis políticos ou de uma excursão de fim-de-semana com os amigos, à custa das duas comunidades.

sexta-feira, outubro 17, 2008

De Ramos Rosa a Alexandre O'Neill

António Ramos Rosa nasceu em Faro a 17 de Outubro de 1924.

Os meus parabéns assumem a forma de um poema seu, dedicado a um amigo, a quem se dirige com toda esta ternura, retratando a sua ironia e a sua mordacidade:


  • Ter um braço de barro, um braço só
    todo carinho: terra!
    Cabelo, telhas, livros, solidões
    pedras e pedras, pedras
    e ruídos doces de casas velhas de fundos corredores.
    Um braço: uma raiz.

    Um menino que mija no escuro sobre as estrelas
    sobre o meu rosto:
    no chão, na terra, nas pedras, no estrume,
    irmão do insecto, obscuro, pesado
    de muros, ervas, ossos e flores.

    Um pássaro?
    Um braço
    Um braço de terra, pedras, ossos,
    um braço: todo o carinho, terra.

António Ramos Rosa
Voz Inicial
Livraria Morais, Ed.
Lisboa 1967

sexta-feira, outubro 10, 2008

Prémio Sharjah 2008, da UNESCO

Adalberto Alves, crop efectuado a partir de uma foto que me foi enviada pela Fundação Al-Idrisi

Adalberto Alves, poeta e autor/intérprete da grande maioria dos poemas que guardo neste acervo de poesia luso-árabe, e que me dá a honra de me tratar como amigo, acaba de ser agraciado com o Prémio Sharjah 2008 para a cultura árabe, pela UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura).
Este prémio é atribuído aos que revelam significativo contributo para o desenvolvimento e promoção da cultura árabe no mundo, bem como pelos esforços desenvolvidos em função da sua preservação e revitalização.

Adalberto Alves é Presidente do Conselho Geral do CELAS (Centro de Estudos Luso-Árabes de Silves) e é o grande divulgador da poesia de dezenas de poetas que aqui viveram, nesta minha terra, ao tempo da civilização do Al-Ândalus, neste território a que hoje chamamos Portugal.
O meu coração é árabe é a publicação a que acabei de me referir.
Também Al-Mu'tamid / Poeta do Destino e Ibn 'Ammâr al-Andalusi / o drama de um poeta são publicações da sua autoria e que se debruçam sobre a vida e a obra de personalidades que aqui viveram.
O Descalçar das Sandálias, que reproduz o título do tratado de filosofia de Ibn Qasi, sufi e senhor de Silves ao tempo de Afonso de Henriques, é também fruto da dedicação e da estima que Adalberto Alves nutre por estas personalidades e por esta nossa terra - Silves.

Bem-haja, Adalberto Alves!

quarta-feira, outubro 08, 2008

Contos fantásticos num mundo virtual

Ibrahim Bates, personagem de uma outra vida, irá apresentar o quinto volume da sua colecção de Contos Fantásticos, sob o título - Dois contos de final de Verão -, no dia 12 de Outubro (domingo), pelas 2 pm desse outro mundo, 22h00 no nosso fuso horário, na Livraria LX.

Eis a foto do livro numa estante da referida livraria.

sexta-feira, outubro 03, 2008

Como estás?

No meu regresso de Badajoz, onde há pouco estive e a cuja visita aqui (clique) me referi, recordei alguns poemas de...
                    Ibn as-Sid, poeta nascido em Silves, mas que passou naquela cidade de Espanha grande parte da sua vida.
Esta não é a primeira vez que menciono este poeta, nascido nesta minha terra em meados do séc. XI. Já aqui (clique) o havia referenciado.


  • perguntam-me «como estás?»,
    em vão procuro
    dizer que vou bem e, no entanto,
    são apenas palavras
    que a boca repete por saber de cor.
    só Alá conhece o coração dos homens
    e o «seu olhar gelado de perfídia»!

Adalberto Alves
O meu coração é árabe
Assírio & Alvim, Lisboa 1999