quarta-feira, dezembro 17, 2008

A uma semana do Natal

Ermida em Alte - Loulé, Novembro 2008, © António Baeta OliveiraFoto de António Baeta

Não sou religioso, portanto nem sequer sou católico, mas o cristianismo está culturalmente entranhado na minha formação e na minha maneira de ser e proceder.
E digo isto porquê?
Porque esta foto me transmite uma enternecedora sensação de paz e tranquilidade, que certamente tem a ver com a projecção das sombras, com o branco da cal nas paredes, com o azul do céu, com a componente tão mediterrânica da arquitectura do templo, a mexer com as minhas raízes, mas também com a simbologia religiosa: o cruzeiro a lembrar o sacrifício em função dos outros, o sino a chamar à reunião toda a comunidade.
Junto ainda a corda, que do sino corre ao longo da parede, nesta singeleza tecnológica que parece refutar este tempo de consumismos vários, que fazem esquecer o Natal da fraternidade.

quinta-feira, dezembro 11, 2008

Boas Festas

Embocadura na parede, em Alte - Loulé, Novembro 2008, © António Baeta OliveiraFoto de António Baeta

Peguei na foto acima e juntei-lhe um poema de Luiza Neto Jorge, do seu período de permanência nesta minha terra, de que resultou a publicação que mereceu o título Silves 83, e que já aqui havia colocado faz algum tempo.
Com estes elementos construí uma página em html e enviei a alguns amigos como se fosse um cartão de Boas Festas.
Os que quiserem conhecer esse cartão, recebam com ele os meus votos de fraternidade neste Natal de 2008. (clique).

terça-feira, dezembro 09, 2008

No silêncio das abóbadas

Em Loulé, Novembro 2008, © António Baeta OliveiraFoto de António Baeta

É nestes lugares de sombra, abobadados, que ressoam os ecos de um tempo que já foi.

quinta-feira, dezembro 04, 2008

Sol de Inverno

Porta em Loulé, Novembro 2008, © António Baeta OliveiraFoto de António Baeta

Quando o Inverno se começa a instalar, o Sol assume atitudes estranhas e furtivas, evitando as casas.
Vem baixo, sorrateiramente junto às paredes, fazendo a aproximação junto às cantarias das portas, fixando-se nas gelosias para mirar a intimidade, mas evitando a todo o custo as maçanetas, não vá tocar à porta inadvertidamente, ser surpreendido e convidado a entrar.

sexta-feira, novembro 28, 2008

ESTA CASA

Loulé, Novembro 2008, © António Baeta OliveiraFoto de António Baeta

  • ESTA CASA

    Gosto dela assim: ainda vibrante dos passos
    que a deixaram a sós comigo
                                                            desobrigada
    de abrigar seus moradores
                                                        Comigo é
    diferente:
                          não me limito a usá-la
    a habitá-la:
                          namoro com ela
                                                        Comigo
    abandona-se a seus mais íntimos rumores
    e cheiros
                          e     aliviada do dever de ser útil
    em silêncio
                          canta

Teresa Rita Lopes
ALGARVE todo o mar
(Colectânea)
D. Quixote, Lisboa 2005

terça-feira, novembro 25, 2008

Mediterrânic Ensemble

Mediterrânic Ensemble, Biblioteca Municipal, Novembro 2008, © António Baeta OliveiraMediterrânic Ensemble, Biblioteca Municipal, Novembro 2008, © António Baeta Oliveira
(clique nas imagens se as quiser ampliar)



Já os tinha ouvido, quando o APARTE/Racal Clube ainda existia, e voltei a ouvi-los de novo agora, na Biblioteca Muncipal, se bem que sem a sua formação completa, mas com os dois principais criativos: o Zé Carlos Severino, no bandolim, e o Mário Bacelar, no violão.

Recreio-me nos acordes que me evocam o Sol e o Mar e abandono-me na corrida do bandolim, instalando-me nos sons mais graves e confortáveis do violão. Gosto de viajar com riscos, mas sem perigo. É da minha natureza: meio louca, mas controlada. Coisas de criação!

Ouçam então esta faixa que escolhi e deixem-se embalar, como eu, quando a música desperta estas minhas raizes de homem do Sul.


domingo, novembro 23, 2008

Pelo aniversário de Herberto

Fenda na parede, Alte, Novembro 2008, © António Baeta OliveiraFoto de António Baeta


  • Boca.
    Brûlure, blessure. Onde
    desembocam, como se diz em nome, os canais muitos.
    Pura consumpção em voz alta, ou num murmúrio,
    entre sangue venoso, ou
    traça de lume. Gangrena,
    música,
    uma bolha.
    Arte medonha da paixão.
    Um poro monstruoso que respira o mundo.
    Nele se coroam
    o escuro, o fôlego, o ar ardido.
    O ouro, o ouro.
    Tubo sonoro por onde se coa o corpo.
    Se escoa todo.

Herberto Helder
Flash
Ou o Poema Contínuo
Assírio & Alvim, Lisboa 2004

quinta-feira, novembro 20, 2008

50 anos de escrita

Casimiro de Brito junto a uma ilustração de Ramos Rosa, Faro, Novembro 2008, © António Baeta Oliveira
Casimiro de Brito veio a Faro sem a companhia de seu amigo e seu irmão nas letras, António Ramos Rosa; mas o poeta que sabe como bate o coração esteve entre nós, na biblioteca que recebeu o seu nome e onde a sua voz se fez ouvir, na voz de outros que a tomaram como sua.
É assim que a poesia acontece.


Coube a José Carlos Barros, meu estimado amigo, a responsabilidade pela apresentação desta última publicação de Casimiro de Brito, numa edição de 4Águas Editora, sob a direcção de Fernando Esteves Pinto, que também conto como bom amigo, e do seu sócio neste projecto editorial, Vítor Cardeira.
Já em Abril de 2007 José Carlos Barros tinha apresentado um outro trabalho de Casimiro de Brito, dessa feita na Biblioteca de Loulé. É para esse texto que vos remeto (clique), evitando alongar este post, que está mesmo a precisar de um poema para que se cumpra.


  • A luz trocada em olhos que ficaram
    subitamente cegos, e depois as palavras,
    cautelosas, dizendo a seda
    dos corpos sós. O desejo
    foi polindo em silêncio
    um fruto em busca da sua maturação.
    A teu lado me deito e bebo a água
    que tu me abres
    e onde me perco e ardo e tudo.
    Aqui tens o meu corpo cheio de mundo.
    Amar-te é viagem que não se acaba
    e contigo vou, para o alto
    e para o fundo.

Casimiro de Brito
69 Poemas de Amor
4Águas Editora, Tavira 2008

sexta-feira, novembro 14, 2008

A nostalgia de um ocaso

Armação de Pêra, Novembro 2008, © António Baeta Oliveira
É nestes locais que consagrámos ao Sol que mais sinto a nostalgia de um ocaso; assim, quando se esconde nas tardes de Outono, decaindo, num desmaio lento e silencioso sobre a linha do horizonte.

segunda-feira, novembro 10, 2008

Visões do Sul

Visões do Sul (clique), foi o título atribuído a esta 1ª Mostra Internacional de Cinema, numa louvável iniciativa do Museu de Portimão, de atenção voltada para o cosmopolitismo de um dos seus maiores, Manuel Teixeira Gomes, e às suas viagens pelo Mediterrâneo, este Mar do Sul.

Assisti a todos os filmes das sessões da tarde, à excepção das projecções de segunda e sexta, e vibrei intensamente com os testemunhos, quase diria manifestos, deste olhar sobre as sociedades da outra margem, a não-europeia deste mar comum.

Em Jellyfish (clique), o autor, israelita, sem a preocupação das motivações associadas ao cinema comercial, trouxe-nos uma sociedade cuja descrição não assenta no terrorismo nem no ódio, antes se debruça sobre o dia-a-dia de uma série de personagens, cujas histórias se entrecruzam, numa teia reveladora das dificuldades e dos anseios de gente comum e nos fala sobretudo de problemas de comunicação: ou pela solidão, ou pela idade e mentalidade, pela diferença linguística dos que imigram, pela busca do emprego, pelo absurdo das situações e da própria vida, pelo amor...

Em My Marlo and Brando (clique), de realização turca, seguimos a história de amor de uma mulher; que deixa tudo para trás e percorre os difíceis caminhos que a levam de Istambul ao Irão para se encontrar com o seu amado, que em sentido inverso a procura, partindo ao seu encontro, em fuga de uma guerra no Sul do Líbano. Assim têm lugar os fortes contrastes sociais e morais entre uma mulher urbana, proveniente de uma grande cidade, e o mundo masculino do Irão rural.

Em Bab Septa (A Porta de Ceuta), Pedro Pinho, que esteve presente para comentar e responder a questões do público sobre o seu filme, realizou com Frederico Lobo este documentário sobre o fenómeno da migração sub-sariana para a Europa, a partir do Norte de África. É tocante a forma como nos revela o desespero desta gente em busca do El Dorado, como única forma de libertação de uma vida sem horizontes, nas sociedades para lá do Saara, e onde, apesar do drama, esta gente brinca sobre o seu infortúnio, acalentando o sonho de vir a dar aos seus filhos um futuro melhor.

Com Under the Bombs, de realização franco-libanesa, vivi o filme que mais profundamente mexeu comigo. Uma mulher, emigrada na Europa, vem para o Líbano mal sabe dos ataques israelitas no Sul do seu país, para se juntar a seu filho e a sua irmã, com quem o tinha deixado.
Deixem-me que vos diga que este filme é realizado em cenário real, com gente real, sendo a história protagonizada por actores, que se misturam com gente comum. Trata-se de uma ficção sobre a realidade, um novo modelo de cinema, onde o documentário e a ficção se fundem num todo.
Esta mulher não quer saber da guerra, de quem ataca ou de quem defende, se o inimigo é o israelita ou o culpado é o Líbano e a sua política, ela quer saber do seu filho cuja vida está em perigo e não aceita estas sociedades vizinhas, de rostos iguais em ambos os lados da fronteira, mas permanentemente em guerra em nome de Deus e das interpretações religiosas.

Se estes filmes fossem vistos pela população que comummente vai ao cinema, talvez muita coisa mudasse nos preconceitos que o desconhecimento gera.

Under the Bombs


quinta-feira, novembro 06, 2008

Mar Sonoro

O MAR é tema frequente na poesia de Sophia de Mello Breyner Andresen.

Armação de Pêra, Outubro de 2008, © António Baeta Oliveira
Hoje, 6 de Novembro, data em que no Porto nasceu, no já distante ano de 1919, foi o poema que escolhi para a evocar, recordando também uma amiga minha, que há pouco faleceu, no esplendor da sua juventude, e que tanto amava Sophia e o mar.

  • Mar Sonoro

    Mar sonoro, mar sem fundo, mar sem fim,
    A tua beleza aumenta quando estamos sós
    E tão fundo intimamente a tua voz
    Segue o mais secreto bailar do meu sonho,
    Que momentos há em que suponho
    Seres um milagre criado só para mim.

Sophia de Mello Breyner Andresen
Quinze Poetas Portugueses do Século XX
(selecção e prefácio de Gastão Cruz)
Assírio & Alvim, Lisboa 2004

sábado, novembro 01, 2008

Está aí a Feira de Todos-os-Santos

Feira de Todos-os-Santos, Silves 2008, © António Baeta Oliveira
Sabe que pode aceder às fotografias no seu tamanho original? Experimente clicar!

Outros escritos, de outras feiras:
          - em 2003
          - em 2004
          - em 2005 (sob a forma de conto)
          - em 2006
          - em 2007

segunda-feira, outubro 27, 2008

Xilb no al-Ândalus

Jardins da Alcáçova, Silves, Outubro 2008, &copy, António Baeta Oliveira
Terminou o 6º Congresso de Arqueologia do Algarve, este ano com incidência sobre o período islâmico no nosso território.
Aqui esteve, durante estes três dias de trabalho, a nata dos mais conceituados especialistas nesta área em todo o mundo: foi valiosíssimo o seu contributo, tanto nas comunicações que apresentaram, como no enriquecimento que proporcionaram ao debate.

Além desse elevado contributo, o Encontro mereceu a atenção dos vários arqueólogos que no dia-a-dia se ocupam no estudo dessa civilização que nos precedeu e que deixou marcas nos hábitos, nos costumes, na nossa maneira de ser e de estar.

Os livros de Actas destes encontros, publicados na Revista Xelb, editada pela Câmara Municipal de Silves (CMS), são um manancial de informações de elevado valor documental e um grande serviço que os responsáveis pelo Departamento de Arqueologia da CMS (honra seja feita a Maria José Gonçalves) prestam a todos os estudiosos e curiosos da nossa História.

segunda-feira, outubro 20, 2008

Semana de Marraquexe em Silves

Findou a Semana de Marraquexe em Silves.

É importante dar a conhecer que as duas cidades têm um protocolo de geminação; e afirmo essa importância porque esta semana de iniciativas poderia ter sido com outra cidade qualquer, mas não, foi com uma cidade geminada.

Tive a oportunidade de assistir e participar em algumas das iniciativas propostas, por minha livre vontade e gosto pessoal.

O que me pareceu foi que esta iniciativa passou à margem da cidade e dos seus cidadãos, o que não me espantou, visto que não conheço nenhuma actividade associativa a envolver os seus sócios e a suportar uma manifestação desta natureza.

O habitual nestas geminações é o intercâmbio das associações, afinal a expressão viva do que fazem os cidadãos. Mas esta geminação parece-se um pouco com a fotografia....

Semana de Marraquexe em Silves, Outubro 2008, © António Baeta Oliveira... coisinhas bonitinhas, "para o inglês ver", com o fundo desfocado, como uma tal "Associação Al Moutamid" (de transliteração francesa), que não se sabe exactamente de que se trata - e que o grande público confunde com o CELAS (Centro de Estudos Luso-Árabes de Silves) -, onde não se conhece pessoas de Silves, a não ser alguns dos indefectíveis "fidalgos da corte" da Sra. Presidente. Bastaria olhar a comitiva dos passantes para nela identificar várias figuras públicas da região, mas não os cidadãos comuns de Silves ou de Marraquexe nem, minimamente, os dirigentes associativos locais.

Que venham mais semanas de Marraquexe em Silves e de Silves em Marraquexe, mas que se cumpram os objectivos do protocolo de geminação, ou não passarão de uma mero intercâmbio de responsáveis políticos ou de uma excursão de fim-de-semana com os amigos, à custa das duas comunidades.

sexta-feira, outubro 17, 2008

De Ramos Rosa a Alexandre O'Neill

António Ramos Rosa nasceu em Faro a 17 de Outubro de 1924.

Os meus parabéns assumem a forma de um poema seu, dedicado a um amigo, a quem se dirige com toda esta ternura, retratando a sua ironia e a sua mordacidade:


  • Ter um braço de barro, um braço só
    todo carinho: terra!
    Cabelo, telhas, livros, solidões
    pedras e pedras, pedras
    e ruídos doces de casas velhas de fundos corredores.
    Um braço: uma raiz.

    Um menino que mija no escuro sobre as estrelas
    sobre o meu rosto:
    no chão, na terra, nas pedras, no estrume,
    irmão do insecto, obscuro, pesado
    de muros, ervas, ossos e flores.

    Um pássaro?
    Um braço
    Um braço de terra, pedras, ossos,
    um braço: todo o carinho, terra.

António Ramos Rosa
Voz Inicial
Livraria Morais, Ed.
Lisboa 1967

sexta-feira, outubro 10, 2008

Prémio Sharjah 2008, da UNESCO

Adalberto Alves, crop efectuado a partir de uma foto que me foi enviada pela Fundação Al-Idrisi

Adalberto Alves, poeta e autor/intérprete da grande maioria dos poemas que guardo neste acervo de poesia luso-árabe, e que me dá a honra de me tratar como amigo, acaba de ser agraciado com o Prémio Sharjah 2008 para a cultura árabe, pela UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura).
Este prémio é atribuído aos que revelam significativo contributo para o desenvolvimento e promoção da cultura árabe no mundo, bem como pelos esforços desenvolvidos em função da sua preservação e revitalização.

Adalberto Alves é Presidente do Conselho Geral do CELAS (Centro de Estudos Luso-Árabes de Silves) e é o grande divulgador da poesia de dezenas de poetas que aqui viveram, nesta minha terra, ao tempo da civilização do Al-Ândalus, neste território a que hoje chamamos Portugal.
O meu coração é árabe é a publicação a que acabei de me referir.
Também Al-Mu'tamid / Poeta do Destino e Ibn 'Ammâr al-Andalusi / o drama de um poeta são publicações da sua autoria e que se debruçam sobre a vida e a obra de personalidades que aqui viveram.
O Descalçar das Sandálias, que reproduz o título do tratado de filosofia de Ibn Qasi, sufi e senhor de Silves ao tempo de Afonso de Henriques, é também fruto da dedicação e da estima que Adalberto Alves nutre por estas personalidades e por esta nossa terra - Silves.

Bem-haja, Adalberto Alves!

quarta-feira, outubro 08, 2008

Contos fantásticos num mundo virtual

Ibrahim Bates, personagem de uma outra vida, irá apresentar o quinto volume da sua colecção de Contos Fantásticos, sob o título - Dois contos de final de Verão -, no dia 12 de Outubro (domingo), pelas 2 pm desse outro mundo, 22h00 no nosso fuso horário, na Livraria LX.

Eis a foto do livro numa estante da referida livraria.

sexta-feira, outubro 03, 2008

Como estás?

No meu regresso de Badajoz, onde há pouco estive e a cuja visita aqui (clique) me referi, recordei alguns poemas de...
                    Ibn as-Sid, poeta nascido em Silves, mas que passou naquela cidade de Espanha grande parte da sua vida.
Esta não é a primeira vez que menciono este poeta, nascido nesta minha terra em meados do séc. XI. Já aqui (clique) o havia referenciado.


  • perguntam-me «como estás?»,
    em vão procuro
    dizer que vou bem e, no entanto,
    são apenas palavras
    que a boca repete por saber de cor.
    só Alá conhece o coração dos homens
    e o «seu olhar gelado de perfídia»!

Adalberto Alves
O meu coração é árabe
Assírio & Alvim, Lisboa 1999

terça-feira, setembro 30, 2008

Nova máquina, nova foto

Como muitos dos meus posts se apoiam na fotografia, achei por bem comunicar que acabei de adquirir a minha primeira reflex digital: uma Nikon - D60.
Não é que a foto signifique algo de especial; é, tão só, uma das primeiras fotografias de contacto com a nova câmara, sem o atrevimento de sair com ela para a rua, ainda no estreito corredor da minha casa, a que gosto de chamar pátio ou jardim.

Pátio de casa, Setembro 2008, © António Baeta Oliveira
Ainda hei-de dar luz a esta malva! :))

sexta-feira, setembro 26, 2008

Penitencio-me!

Vem esta penitência a propósito de um dos os meus últimos posts, sob o título Por Maria Keil e sua obra.

Telefonou-me hoje um amigo a brincar com a minha habitual casmurrice em não dar fé ao que me chega às mãos, nomeadamente através da Internet, desde que não conheça ou desconfie das suas origens. E dizia:
          - Tens razão em proceder assim, mas desta vez foste ludibriado. Ora vai lá ler... isto. (clique)
Fui ler e espero que os que me lêem também o façam, porque induzido em tamanha injustiça reagi imediatamente e nem desconfiei que tal se devesse a sequências incontroladas de "diz-que-disse".
Poderia agora suceder-me o mesmo com este texto de Viriato Teles cuja leitura vos propus, mas confio o suficiente na integridade da transcrição das afirmações de, pelo menos, dois dos responsáveis pelo sucedido.
Que me perdoem, particularmente Maria Keil se de alguma forma contribuí para perturbar a sua paz.

quinta-feira, setembro 25, 2008

A nossa primeira escrita (II)

Sim. Com este mesmo título publiquei, faz agora um ano a 1 de Outubro, um texto sobre a inauguração, em Almodôvar, do Museu da Escrita do Sudoeste, cuja leitura vos aconselho através deste link (clique, por favor).

De novo, sensivelmente pela mesma ocasião, o referido Museu volta a apresentar uma nova estela, recentemente encontrada.

Ei-la!

Estela das Mesas do Castelinho, Museu da Escrita do Sudoeste, Almodôvar, Setembro 2008, © António Baeta Oliveira
Esta nova estela, encontrada no sítio arqueológico das Mesas do Castelinho, em estratificação correspondente a período romano, para o que ainda não há uma explicação, é a estela epigráfica com maior número de caracteres jamais encontrada. Cerca de 90 caracteres, o que representa razoáveis expectativas em relação aos morosos estudos científicos que visam a completa decifração desta escrita e da sua estrutura gramatical, para além do conhecimento já avançado da sonoridade da sua leitura.

É uma peça de interesse científico internacional a que aqui ontem se revelou na presença de cerca de uma dezena de arqueólogos e outros entendidos, além dos curiosos e do público em geral.

Como ontem se afirmou, o superior número de estelas encontradas no concelho de Almodôvar, relativamente aos concelhos limítrofes, bem como a presença deste Museu, a preservar estes testemunhos, são fruto do contínuo investimento da autarquia nesta área por tempo prolongado.

terça-feira, setembro 23, 2008

Por Maria Keil e sua obra


Maria Keil, natural de Silves, já aqui foi motivo de algumas referências, nomeadamente neste post.
(a que pode aceder, clicando na palavra sublinhada)

Hoje venho de novo referir-me a ela, num momento em que carece do nosso apoio para que seja feita justiça.
Para vos elucidar transcrevo este texto, que integra uma petição junto dos responsáveis pela empresa do Metropolitano de Lisboa:

  • Maria Keil (gosta que a tratem apenas por Maria) nasceu na cidade de Silves, em 1914.
    Partilhou a maior parte da sua vida com o arquitecto Francisco Keil do Amaral, com quem se casou, muito jovem, em 1933.
    De lá para cá fez milhares de coisas, sobretudo ilustrações, que se podem encontrar em revistas como a “Seara Nova”, livros para adultos e “toneladas” de livros infantis, os de Matilde Rosa Araújo, por exemplo, são em grande quantidade.
    Está quase a chegar aos 100 anos de idade de uma vida cheia, que nos primeiros tempos teve alguns “sobressaltos”, umas proibições de quadros aqui, uma prisão pela PIDE, ali... as coisas normais para um certo “tipo de pessoas” no tempo do fascismo.

    Para esta “história”, no entanto, o que interessa são os seus azulejos.
    São aos milhares, em painéis monumentais, espalhados por variadíssimos locais.
    Uma das maiores contribuições de Maria Keil para a azulejaria lisboeta, foi exactamente para o Metropolitano de Lisboa.
    Para fugir ao figurativo, que não era o desejado pelos arquitectos do Metro, a Maria Keil partiu para o apuramento das formas geométricas que conseguiram, pelo uso da cor e génio da artista, quebrar a monotonia cinzenta das galerias de cimento armado das primeiras 19, sim, dezanove estações de Metropolitano.
    Como o marido estava ligado aos trabalhos de arquitectura das estações e conhecendo a fatal “falta de verba” que se fazia sentir, o Metro lá teve de pagar os azulejos, em grande parte fabricados na famosa fábrica de cerâmica “Viúva Lamego”, mas o trabalho insano da criação e pintura dos painéis... ficou de borla.
    Exactamente! Maria Keil decidiu oferecer o seu enorme trabalho à cidade de Lisboa e ao seu “jovem” Metropolitano.

    Finalmente, a história!
    Recentemente a Metro de Lisboa decidiu remodelar, modernizar, ampliar, etc, várias das estações mais antigas e não foram de modas.
    Avançaram para as paredes e sem dizer água vai, picaram-nas sem se darem ao trabalho de (antes) retirar os painéis de azulejos, ou ao incómodo de dar uma palavra que fosse à autora dos ditos.

    A parte “realmente boa” desta (já longa) história é que, ao contrário de quase todos os arquitectos, engenheiros, escultores, pintores e quem quer que seja que veja uma sua obra pública alterada ou destruída sem o seu consentimento, Maria Keil não tem direito a qualquer indemnização.

    Pergunta-se porquê?
    Porque na Metro de Lisboa há juristas muito bons, que descobriram não ser obrigatório pedir nada, nem indemnizar a autora, de forma nenhuma... exactamente porque ela não cobrou um tostão que fosse pela sua obra!!!

    Este crime silencioso não pode continuar impune. Pior do que o crime em si será o (nosso) silêncio à sua volta.


Conto com a vossa assinatura nesta
Petição por Maria Keil
solicitando a reposição dos seus painéis de azulejos, pelo Metropolitano de Lisboa.
Bem hajam!

segunda-feira, setembro 22, 2008

sexta-feira, setembro 19, 2008

Monchique, na serra algarvia

A minha ausência, desta vez, foi por culpa do computador, que ainda não recuperou cabalmente.

Acontece que, no passado fim-de-semana, viajei até Monchique, a serra algarvia cuja maior elevação, a Fóia, atinge os 1000 metros de altitude.
Estive lá por uma Corrida Fotográfica, que me ocupou entre as 8 e as 20 horas.


Esta foto foi tirada à margem do concurso, mas retrata na cor, nas texturas, nos ângulos de sombra, na barra branca, de cal, a presença desta cultura do Sol, do Algarve e do Sul, apesar da geografia serrana, donde ao longe se avista o mar.

sábado, setembro 13, 2008

Augusta Emerita

Mérida, Emerita Augusta, capital da Lusitânia, integra, seguramente, o património histórico que é a base da nossa nacionalidade ou não nos poderíamos reivindicar de lusitanos.
Já a afirmação da nossa hispanidade provoca um certo prurido, tão distorcida foi pelas concepções da historiografia nacionalista que, da mesma forma, tentou varrer do nosso imaginário colectivo a importância da civilização islâmica, basilar para o entendimento de quem somos.

Teatro Romano, Mérida, Setembro 2008, © António Baeta Oliveira

Outras fotos que bati em Mérida podem ser vistas aqui (clique)
Aconselho, para maior facilidade, a utilização do botão de slideshow, num pequeno quadro sobre o lado direito.

Em Mérida, a monumentalidade das construções é de tal forma esmagadora que ninguém pode passar indiferente.

terça-feira, setembro 09, 2008

Cáceres, Património da Humanidade

Espaço singular o desta Cidade Monumental, cujo perímetro constitui parte significativa da contemporânea cidade espanhola de Cáceres.

Torre de Carvajal, Cáceres, Setembro 2008, © António Baeta Oliveira

Outras fotos que tirei em Cáceres podem ser vistas aqui (clique)
Aconselho, para maior facilidade, a utilização do botão de slideshow, num pequeno quadro sobre o lado direito.

De entre ruelas, becos e largos surgem-nos edifícios, como este, anexo a uma torre redonda, construção almóada do séc. XII.
O Palácio Carvajal, cujo exterior a foto reproduz, é significativo pela demonstração de uma ocupação permanente, que se iniciou sob o domínio muçulmano e foi sofrendo alterações de readaptação até ao séc. XVI. A sua recuperação, bem como a da maior parte desta cidade, é já obra do nosso tempo.
A referência a este exemplar, um de entre dezenas de outros, deve-se à minha opção pela fotografia que aqui escolhi colocar; e não é fácil optar no meio de tanta maravilha, a surpreender-nos de passo a passo.

sexta-feira, setembro 05, 2008

A alcáçova de Badajoz

Visitei há bem pouco tempo Badajoz e o que mais me prendeu a atenção e o interesse foi, para além das largas e longas avenidas, da sua agitação comercial, de alguns belos edifícios, como a Catedral, e outros bem mais recentes, a sua enorme alcáçova, reconstruída e alargada em período almóada (sécs. XII/XIII), ao tempo da presença islâmica.

Alcáçova de Badajoz, Setembro 2008, © António Baeta Oliveira

Outras fotos de Badajoz e da sua alcáçova podem ser vistas aqui (clique)


É claro que esta predilecção se deve ao meu imaginário, à minha afeição pela história, em particular pela curiosidade em conhecer as civilizações que nos precederam neste território.
Já o devo ter dito neste lugar, mas acontece-me frequentemente perante uma paisagem do nosso património natural, mas mais fortemente perante o património construído, imaginar com que olhar isso teria sido observado por outros que me precederam.

Em Badajoz, ao longo de todo o perímetro da alcáçova, fui assaltado pela presença do Guadiana; pela figura de Ibn Marwan, senhor de Marvão, que este território dominava e cuja influência se fazia sentir até bem longe; pela dinastia aftássida, contemporânea e opositora da taifa do rei-poeta de Silves e Sevilha, Al-Mu'tamid, talvez o período mais importante da história de Badajoz, a marcar definitivamente a sua supremacia sobre a romana e visigoda cidade de Mérida, capital da Lusitânia; e finalmente com os almóadas, a defender-se do cerco, cada vez mais apertado, dos senhores cristãos do Norte, onde se conta o nosso Afonso Henriques, que aqui, à porta da mesma alcáçova que agora visitei, se entalou e quebrou uma perna na precipitação da fuga.

sexta-feira, agosto 22, 2008

Férias em Agosto


Até Ibrahim Bates, meu avatar na Second Life, foi de férias em Agosto, como se pode comprovar pela foto abaixo, onde nos surge como peixe na água e a plenos pulmões.

segunda-feira, agosto 18, 2008

A "Feira Medieval" passou por aqui

Pormenor do cortejo medieval, Silves, 2008, © António Baeta Oliveira
Há anos que, por esta ocasião, costumo aqui deixar a minha crítica.
Como nada de fundamental se alterou, não mais insistirei na "vaca fria". (Os interessados podem procurar referências nos arquivos dos anteriores meses de Agosto).
Permito-me, no entanto, referir que este ano se notou menos a participação popular no que se refere à utilização das vestes medievais, que era, na minha opinião, a característica mais distintiva desta feira em relação a todas as outras que conheço. A justificação para essa menor participação pode relacionar-se com a ausência de "roupeiros reais", bem visíveis, nas artérias que confluem à maior zona de acesso - O Largo do Município - até porque 3 roupeiros para uma feira que, segundo os dados da autarquia, recebeu uma média de 30 mil visitantes/dia é mesmo muito pouco.

É claro que gostei, é claro que me diverti, é claro que isto é muito bom para a vida económica da cidade e é claro que espero sempre que as referências identitárias da história local tenham uma melhor oferta. Também é certo que receio que a feira exceda a sua capacidade e não satisfaça as expectativas, sempre crescentes, de quem nos visita.

Uma nota final e muito especial ao empenho, à boa vontade, à simpatia, à disponibilidade dos funcionários da autarquia durante este período, num desempenho que, além do seu profissionalismo, se excede pelo vincado entusiasmo pela sua cidade.

terça-feira, agosto 12, 2008

MAPA, de certa maneira

Ontem à noite dei um salto a Faro.
Fui ao encontro de amigos, visitar a Feira do Livro e, no fundamental, assistir ao lançamento da publicação que a imagem abaixo documenta e cuja divulgação o Sulscrito (Círculo Literário do Algarve) (clique) apoiou.

MAPA, de manuel a. domingos, poesia, Livro do Dia
manuel a. domingos, assim assina, é meu amigo, autor do livro e do blog meia-noite todo dia (clique)

Nasceu em Manteigas. Publicou em 2002, o livro Entre o Silêncio e o Fogo (poesia), pelo Aquilo Teatro (Guarda). Foi colaborador do DN Jovem e da revista Rodapé (Biblioteca Municipal José Saramago - Beja). É colaborador da revista on-line de micro narrativas Minguante (www.minguante.com). Tem colaboração dispersa em várias revistas: Praça Velha (Guarda), Palavra em Mutação (Porto), Sulscrito (Faro) e Big Ode (Lisboa). Está representado na antologia de micro narrativas Contos de Algibeira (Porto Alegre, Brasil). É co-autor (com António Godinho) da peça de teatro Eu queria encontrar aqui ainda a terra, estreada no Teatro Municipal da Guarda.

Deste seu livro transcrevo um poema que me dedicou e a um outro amigo comum, como um dos percursos deste MAPA que ontem apresentou em Faro:

  • Silves

    ao António Baeta e ao Manuel Ramos

    há muito que o castelo
    deixou de proteger
    contra o invasor do norte.
    o tempo do rei-poeta
    existe apenas nos seus versos.
    agora, só resta a memória
    desses dias. mas a palavra
    moura ainda resiste
    na terra cor de sangue,
    nas amendoeiras em flor,
    no silêncio quente
    das noites de junho.

manuel a. domingos
MAPA
LIVRODODIA EDITORES, Maio 2008

quarta-feira, agosto 06, 2008

O Porto do dealbar do século XX

O Porto do início do século passado é ainda uma presença importante a marcar o carácter desta cidade; o seu centro histórico preserva muito do património desses tempos de acumulação da riqueza rural, nomeadamente a que se relaciona com a produção e comercialização do reputadíssimo Vinho do Porto.
O grande desafio é o de saber adaptar esta cidade às imposições e necessidades da contemporaneidade sem que perca o seu estilo, a sua vida.
Livreria Lello, Porto, © António Baeta Oliveira

O que seria do Porto sem edifícios como o da Livraria Lello e o deslumbramento dos seus trabalhos em madeira, mantendo-o com a vida que ainda hoje possui, num corrupio permanente de actividade!?
(Não perca a visita virtual que lhe proponho no link acima)

Café Majestic, Porto, © António Baeta OliveiraE que dizer da ambiência requintada do Café Majestic (utilize o link) e do excelente serviço que proporciona, depois da intervenção que lhe restaurou o brilho de outros tempos!?
Salão Árabe do Palácio da Bolsa, Porto, © António Baeta Oliveira
Oh!!
E o revivalismo orientalista do Salão Árabe do Palácio da Bolsa!? (clique)
Se for ao Porto, não perca estas preciosidades e muitas outras a que aqui não fiz referência, pois desta vez o tempo não deu para mais.
Voltarei!

domingo, agosto 03, 2008

Regressar ao Porto...

Regressar ao Porto tem muito deste reencontro com uma época que findou, mas aonde ainda persistem estes lugares de nostalgia, com utilidades para uma velha peça desgastada pelo tempo, para o restauro de uma lembrança de família que deixou de funcionar, para o parafuso, a moldura, o caixilho, a caixa debruada a estanho com relevos de rosas, vides e dizeres que o tempo esqueceu...






... e as colchas bordadas, os lençóis de linho e suas rendas, as toalhas, os guardanapos, os tecidos que o tempo já não tece.

quinta-feira, julho 31, 2008

Ainda no hotel, no Porto


Antes de prosseguir com outras incursões pela cidade do Porto quero mostrar-vos o salão a que acedemos para tomar o pequeno-almoço.

Um charme, não é?

À margem da publicidade, deixo-vos também um link para o site (clique) do hotel, onde podereis apreciar outras fotos e, quem sabe, vir a seguir a minha rota.

O espaçamento das minhas "crónicas" deve-se sobretudo à preguiça, mas são fruto desta época calma, de férias e de Verão.

segunda-feira, julho 28, 2008

E o Porto aqui tão perto...

Com um casal amigo fui passar o fim-de-semana ao Porto.

Ali chegados dirigimo-nos ao hotel que tínhamos reservado, em pleno centro da cidade, na Rua de Santa Catarina.
O hotel já era conhecido deste amigo com quem viajei, que já ali se tinha instalado há uns 15 anos atrás e escolhemo-lo, não só pela sua localização tão central, mas pela sua particularidade de hotel de charme, pelo seu ar decadente, de um kitsche típico de "casa de brasileiro" das primeiras décadas do século passado.

Ei-lo, ao cair do sol, para lá dos muros que o separam do bulício da rua, oculto dos olhares dos transeuntes, acessível através de um largo e pesado portão de ferro, pintado a verde.



Ultrapassadas as breves formalidades da recepção, aguardavam-nos estas acolhedoras cadeiras, junto aos quartos, num jardim envolvente, tendo atrás uma pequena ermida que ostentava uma particular devoção pelo culto do "Divino Espírito Santo".
Refrescámo-nos!

terça-feira, julho 15, 2008

Que viva o JAZZ!


A foto, batida com a câmara do telemóvel no Estádio da Restinga, em Alvor, regista a presença dos Manhattan Transfer.

Um som caído em desuso, produzido por quatro excelentes vozes, duas masculinas e duas femininas, preenchendo o habitual espectro vocal, num tricotar de sons distintos que determinam esse harmónico, de sabor antigo, num swing que o piano ou o órgão electrónico, o contrabaixo, a guitarra eléctrica e a bateria acentuam e forçam o bater das palmas, a cadência e o ritmo que os pés, as ancas e com eles todo o corpo assume, num desvario que só os grandes músicos e as grandes músicas conseguem provocar só por si, sem apelos externos, sem batidas extras, sem piscar de luzes, sem nomes daqueles com que nos bombardeiam todos os dias nas rádios e nas televisões, fazendo prevalecer os gostos de ocasião, tão ao gosto dos gostos que duram o tempo de uma campanha publicitária.

Que viva a música! Que viva o Jazz!

Route 66 - The Manhattan Transfer

terça-feira, julho 08, 2008

Aniversários e reconhecimentos...

Apesar da aridez que me costuma assaltar quando chega o tempo quente e de um quase permanente descontentamento com o que me cerca e não me apetece comentar, consegui trazer este blog até ao seu 5º aniversário.

Acontece ainda que o google me alertou para outro aniversário, o de Marc Chagall, ocorrido neste dia em que escrevo, a poucos minutos da meia-noite.

The Promenade, Marc ChagallFecho os olhos e situo-me em Londres, em Abril passado, na Royal Academy of Arts, no período em que esteve patente a exposição - From Russia - a que já aqui fiz referência e onde pude contemplar, ao vivo, esta "Promenade" que olho agora e preenche uma página inteira do catálogo dessa exposição.
Aqui fica esta breve expressão do meu reconhecimento.

Obs.: A foto, contudo, não é a do meu catálogo, mas do blog O Século Prodigioso, um incrível repositório de arte contemporânea, em Marc Chagall.

Paraíso, Companhia Olga Roriz, © Rodrigo CésarUma nota de reconhecimento ainda a Olga Roriz e à sua companhia, que estiveram em Faro no passado fim-de-semana, no Teatro das Figuras, com Paraíso, num trabalho de "desconstrução" dos conceitos e estéticas associados ao "musical americano", numa toada irónica e desconcertante, a provocar o riso, e a deixar na memória belíssimos apontamentos cenográficos, cénicos e coreográficos, servidos por um grupo de profissionais da mais elevada competência.
Um prazer!!!

quarta-feira, julho 02, 2008

Sophia, sempre!

Há quatro anos que Sophia partiu.
Quero recordá-la na sua suavidade, na forma tranquila como, neste poema, se referia à própria morte.


  • Sei que estou só e gelo entre as folhagens
    Nenhuma gruta me pode proteger
    Como um laço deslaça-se o meu ser
    E nos meus olhos morrem as paisagens.

    Desligo da minha alma a melodia
    Que inventei no ar. Tombo das imagens
    Como um pássaro morto das folhagens
    Tombando se desfaz na terra fria.

Sophia de Mello Breyner Andresen
Quinze Poetas Portugueses do Século XX
(Selecção e Prefácio de Gastão Cruz)
Assírio & Alvim, 2004

segunda-feira, junho 23, 2008

Nas margens da poesia (V)

Guardei esta minha última intervenção a propósito da III Bienal de Silves para vos trazer um poema da autoria da pessoa que é a vida deste projecto - Gabriela Martins, silvense, de quem me honro ser tratado como amigo e por quem tenho sincera amizade.



  • Sou um vagabundo e
    ando com as palavras
    nuas em casa ou
    esculpidas em verso
    branco

    sou um vagabundo e
    brinco com as palavras
    presas às folhas
    impressas em seis livros

    sou um vagabundo que
    despiu a palavra
    ao poema

    os vagabundos são como
    livros

    vestem.se de palavras

gabriela rocha martins
Nas margens da poesia
Câmara Municipal de Silves, 2008

quinta-feira, junho 19, 2008

Nas margens da poesia (IV)

De regresso ao que interrompi, por motivos vários, acabei por me confrontar com uma situação algo delicada: um dos poetas que constam desta antologia inspirou-se em Silves na maioria dos poemas que escolheu e terei que ser eu a decidir, de entre eles, qual vos irei apresentar.
A tarefa não foi fácil, mas decidi-me.

  • Ode

    Num rosto de sílabas brancas te escrevo, templo de luz,
    útero de estrelas, semente de douradas neblinas.
    De fábulas e perfume é o teu nome,
    relógio onde a claridade pára e se incendeia,
    cristal que arde, na lonjura do tempo.

    Nos teus hortos, há jasmim e hortelã, silfos, sílfides,
    flautas de Pã, que recriam a flor cristalina,
    a herança taifa, na cal perfurada de raizes brancas.

    Na tua água deslizam palácios mouros, qasîdas brilhantes.
    Junto aos poços de ouro profundo repousam as garças.
    Nos teus jardins, princesas submersas, em jardins
    de outrora, envoltas em candelabros luminosos,
    níveos perfumes, tangem alaúdes, harpas,
    laranjais de mistério, nas sílabas embriagadas
    dos jardins da aurora.

    Num rosto de sílabas brancas, és chama de um deserto
    ardente.
    Ver-te, uma vez só, é aspirar à glória de 'Itimad
    e ser nuvem, sol, centáurea azul,
    água e murmúrio, ressonância de frutos, aves,
    rumor deleitoso, nascente de algas, citrinos,
    flanco de luz, cintura morena.


Maria do Sameiro Barroso
Nas margens da poesia
Câmara Municipal de Silves, 2008

sábado, junho 14, 2008

200 mil

Apesar da minha ausência por mais de uma semana, ontem (13) este blog ulrapassou as 200 000 page views e aproxima-se a breve trecho das 160 mil visitas.

O meu obrigado a todos os que nestes últimos 5 anos (que se completam a 8 de Julho próximo) por aqui passaram e insistem em continuar, pois estes números apontam para uma média superior às 100 páginas/dia.

terça-feira, junho 03, 2008

Semana Portuguesa em Sl'Ang Life

Sl'Ang Life é o título de uma revista impressa em papel e distribuída gratuitamente, por todo o mundo, na residência dos seus subscritores. Aí se abordam temas relacionados com a Second Life (SL), da arte à literatura, da música aos grandes temas da política internacional, da arquitectura ao mobiliário, da moda ao divertimento... afinal, a tudo o que se passa nesse mundo virtual ou ali se reflecte, como o faz uma boa e séria revista na vida real.
SlangLife é também um local na SL, construído pelos responsáveis dessa revista.
Decidiram esses responsáveis dar visibilidade às diversas comunidades nacionais instaladas neste outro mundo. A primeira comunidade a fazer-se representar será a comunidade portuguesa, a que se seguirá a japonesa no próximo mês de Julho.

Ibrahim Bates, residente português, foi convidado a apresentar uma proposta para uma Semana Portuguesa. Escolheu uma semana que viesse a culminar no dia 10 de Junho - Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas.

Essa mostra do que fazem os portugueses em SL irá ter início já na próxima quinta-feira, dia 5.

(Clique nesta frase e procure informação mais detalhada)


Nesse primeiro dia (5 de Junho), a partir das 22h00, serão apresentadas duas exposições: uma delas de fotografia (clique, se quiser visitar) e a outra dedicada à filatelia (clique, se quiser visitar), contando a História de Portugal em selos, desde a Monarquia até aos nossos dias. Uma zona de quiosques (clique, se quiser visitar), de apresentação de várias iniciativas de portugueses que aqui se dedicam às mais diversas actividades, será também apresentada ao público. Estas iniciativas manter-se-ão disponíveis até ao final desta mostra portuguesa.
O dia 6 fica marcado como o dia de boas-vindas de SlangLife à comunidade portuguesa e será um dia de divertimento, com música e dança, a partir das 21h30 (clique, se quiser visitar).
Dia 7, logo a seguir ao Portugal x Turquia, pelas 22 horas, será um dia de comunicações da responsabilidade de universitários portugueses sobre as suas actividades em Second Life (clique, se quiser visitar).
O dia 8 está reservado à apresentação de criadores portugueses, a partir das 22h30 (clique, se quiser visitar)
e encerra com uma passagem de moda de uma designer portuguesa (clique, se quiser visitar).
Para o dia 9 foram convidados os responsáveis de todos os locais que se conhece e se reclamam da sua origem portuguesa, para apresentar aqui os seus projectos a partir das 22h00 (clique, se quiser visitar).
O dia 10, a partir das 22h30, será o encerrar da semana com um concerto ao vivo de um conhecido músico português na Second Life (clique, se quiser visitar).

quarta-feira, maio 28, 2008

Nas margens da poesia (III)

Hoje, da antologia da III Bienal de Silves, um poema a Silves:

  • as-Shilb

    Já te foi tão próxima essa morada de leões e de gazelas
    junto à gafaria, a solidão das fronteiras
    onde o sussurro do branco se corrói
    exercitando-se horto no coração transmudo
    das mulheres níveas e morenas.

    Hoje sabes que o mistério da luz açoita os olhos
    até que o canto de al-mutamid corra o interior das gusas
    que alimentam tendões de colos cortados
    batendo por dentro das bocas para ostentar a flor
    mas nada te preencherá a cegueira
    das fábulas na margem do arade
    a taifa rebelde rasgando a intimidade dos deuses
    pela insídia da cor da terra e dos espaços ermos.

    Frutificarás então artéria sísmica
    do amarelo envelhecido e que alumbra ancestral
    em opulência de imprevisíveis astros
    que irradiam um cheiro a tâmaras nocturnas
    sob a sede guardada em casulos abertos nos lábios do sal
    um espaço errático igual aos meandros da água
    o sulco da pedra como um covil
    em que o poeta acúleo tangia cordas de alaúde.

    Quem guardará na cozedura sublime dos fornos
    a cintilação das pequenas ruas na perfuração das muralhas
    que se tornam uma mantilha de ouro sob os céus?

João Rasteiro
Nas margens da poesia
Câmara Municipal de Silves, 2008

segunda-feira, maio 26, 2008

Nas margens da poesia (II)

De novo em torno da antologia da III Bienal de Silves. Trago-vos alguém que já constava na lista de poetas deste meu blog e que conto entre os meus amigos.

  • Na praia os óculos de sol dão jeito

    Faria de ti
    a minha musa
    não fosse a tua pose
    de nariz empinado.

    Mas tens mamas rijas,
    cu arrebitado.

    E na hora
    de escrever o poema
    isso faz
    toda a diferença.

manuel a. domingos
Nas margens da poesia
Câmara Municipal de Silves, 2008

terça-feira, maio 20, 2008

Nas margens da poesia

Durante a III Bienal de Sives foi publicada uma antologia que recebeu o título em epígrafe.
Conto seleccionar e trazer-vos alguns poemas, um pouco ao sabor do momento.
Hoje seleccionei um poema de um amigo, natural de Silves, que teve a amabilidade de me oferecer um exemplar autografado.

  • Veraneio

    Tenho o mar à minha frente
    e não sei que fazer
    camones ao sol e não
    marinheiros nesta costa

    Sei de ilhas algures para lá
    deste horizonte imenso e limitado

    - Vai mais um mergulho, querida?

    É Agosto e faz calor

    Não há nada a fazer
    neste Algarve


Paulo Penisga
Nas margens da poesia
Câmara Municipal de Silves, 2008

quarta-feira, maio 14, 2008

Já com Londres à distância

Instalação de Doris Salcedo na Tate Modern, Abril 2008, ©António Baeta Oliveira
Apesar do distanciamento que o tempo gera, não resisto em trazer-vos o que já não podereis ver no mesmo local, porque se tinham iniciado os trabalhos de remoção quando regressei à Tate uma segunda vez: esta enorme fenda, uma instalação da colombiana Doris Salcedo, no grande átrio de entrada da Tate Modern, a provocar pânico ou estupefacção.

Mas o que vos queria mesmo referir foi a promessa que vos deixei, de voltar a comentar sobre a minha visita a Londres, para vos mencionar os impressionistas, que tanto amo.
Por isso mesmo não pude perder, na Royal Academy of Arts, a exposição temporária, que também lá não mais existe - Fom Russia - com as obras primas da pintura da França e da Rússia (1870 - 1925), deslocadas para esta exposição a partir dos museus de Moscovo e São Petersburgo.
Inesquecível!
Não pude fazer fotos, mas felizmente, porque nos últimos dias, consegui o catálogo por um preço acessível á minha bolsa.

Vi também outras obras de Monet, de Degas, de Renoir... na National Gallery e Monet de novo, na sua fase do expressionismo abstracto, na Tate Modern.

La Loge, de RenoirVisitei ainda a Courtauld Gallery, na belíssima Somerset House, em busca de uma exposição temporária - Renoir at the Theater - que reunia pinturas de Renoir e outros autores, nomeadamente Degas, bem como outras obras e documentação variada sobre a vida mundana relacionada com o teatro, e tendo como peça central este quadro de Renoir que a minha objectiva guardou, com autorização expressa do vigilante de serviço, mas sem flash.

Auto-retrato, Van GoghE foi ali, na Courtauld, que mais me impressionei com a variedade e qualidade dos pintores do final desse século XIX e inícios do século XX, na exposição permanente mais representativa desse período que alguma vez pude observar e onde me permitiram reter, na minha "câmara obscura", este auto-retrato de Van Gogh.
Ali, postados na minha frente, por tanto tempo quanto quis, enchendo-me de uma alegria e de um prazer enormes, que não sei descrever, mas vos traduzo numa citação de Picabia (1951), exposta numa parede da Tate, que anotei e agora transcrevo:

I've always loved to amuse myself seriously.

quinta-feira, maio 08, 2008

Guitarra

Passeando ainda a memória pelo fim-de-semana passado, que motivou o meu último post, dedico a Pepe, o homem da guitarra, este poema de Lorca, numa tradução de Eugénio de Andrade; desta feita numa fusão luso-espanhola.

  • Guitarra

    Começa o choro
    da guitarra.
    Quebram-se os copos
    da madrugada.
    Começa o choro
    da guitarra.
    É inútil calá-la.
    É impossível
    calá-la.
    Chora monótona
    como chora o vento
    sobre a nevada.
    É impossível
    calá-la.
    Chora por coisas
    distantes.
    Areia quente do Sul
    pedindo camélias brancas.
    Chora flecha sem alvo,
    tarde sem manhã,
    e o primeiro pássaro morto,
    nas ramadas.
    Oh guitarra!
    Coração malferido
    por cinco espadas.

Eugénio de Andrade
Poemas de Garcia Lorca
Fundação Eugénio de Andrade

quarta-feira, maio 07, 2008

Fusão hispano-marroquina

Estive, no passado fim-de-semana, num encontro de culturas em torno da figura do geógrafo medieval Al-Idrisi.
A foto abaixo, batida com a câmara do telemóvel, documenta um momento de um ensaio, a que tive o privilégio de assistir, em que se cruzaram os ritmos e as sonoridades do flamenco e da música tradicional do Norte de Marrocos.

Al-Idrisi, Vila Real de Sto. António, Maio 2008, © António Baeta Oliveira


              Quando as emoções se partilham através da música, fala-se do que as palavras não puderam transmitir.

quarta-feira, abril 30, 2008

Um Conto (XXIV)

Faz muito tempo que aqui não deixava um conto, nem sei quando voltarei a deixar outro, mas aqui fica, como num prolongamento das notas que venho escrevendo sobre a minha estadia na grande cidade.


  • Um olhar inovador e descomprometido

    Jonah hesitava.
    Mal sabia que a decisão que iria tomar alteraria toda a sua vida.
    Provavelmente serão assim todas as nossas decisões; as inúmeras decisões que temos de assumir, quase de minuto a minuto, ou até de segundo a segundo, nas ligeiras alterações do fluxo da nossa corrente de pensamento. Só validaremos, no entanto, as que nos parecerem mais significativas; as que o nosso julgamento vier a apreciar como tal, pela positiva ou pela negativa.

    Na sua frente erguia-se o enorme edifício onde se instala a Modern Tate Gallery.
    Jonah avançou.
    Impressionou-o a vastidão do espaço. Avistou os elevadores e aproximou-se. Aguardou frente a um deles e entrou junto de outros visitantes. Não premiu nenhum botão. Saiu quando lhe apeteceu e soube que se encontrava no 5º piso. Caminhou ao acaso.
    O seu olhar foi registando peças, de diferentes dimensões, construídas com materiais diversos, mas a que não conseguia atribuir significado ou utilidade. Passeou longamente, observando atento, de sala em sala, de corredor em corredor. A dado momento apercebeu-se de que as salas se repetiam e tentou procurar a saída. Caminhou por horas. A noite caía sobre a cidade, a grande cidade que avistava através dos vidros das amplas janelas.
    Subiu escadas, desceu escadas, cruzou salas e corredores e nem vivalma.
    Quando lhe pareceu não poder subir mais viu-se junto a um restaurante. Entrou na cozinha e não resistiu a comer o que avistou no frigorífico. Num compartimento que lhe pareceu ser o vestiário dos funcionários do restaurante e nas traseiras de uma fila de cacifos, acomodou batas e fardas e deitou-se, sobre elas adormecendo, exausto.

    Acordou era noite, de novo. Sem sono, percorreu todo o edifício. Numa das salas vazias, reservadas a exposições temporárias, Jonah foi montando a sua própria exposição, distribuindo a seu gosto uma escultura com duas ou três pinturas que julgava relacionar ou, numa parede, compondo quadros de diversos autores que lhe pareciam ter algo em comum.
    Oh! Como gostava de o fazer.

    O curador da galeria foi alertado para uma nova exposição que não constava nos catálogos, mas que estava a ganhar enorme sucesso entre os críticos e de que ele francamente não conseguia lembrar-se de ter apreciado ou autorizado.

                - «Será que a memória me falha?», perguntava-se.

    O sucesso ganhou lugar nas primeiras páginas dos jornais da especialidade e o curador via-se constrangido, com os críticos a referir-se ao seu olhar inovador e descomprometido.
    Outro caso o preocupava e decidiu ficar uma noite a pé, tentando averiguar do desaparecimento de comida, mudas de roupa e até da utilização abusiva da sua casa de banho privativa.

    Confrontaram-se no corredor: Jonah e um homem que se lhe apresentava como o curador daquele lugar.

                - «Mas quer ficar? Para sempre? Sente-se bem e é feliz? Não quer saber de mais nada? Prometa-me que este segredo fica entre nós e passe a usar este amplo gabinete, junto ao meu. Nomeio-o meu assistente.»

quarta-feira, abril 23, 2008

Book Fair 2008

Um dos mais movimentados acontecimentos em Second Life vai ocorrer entre 25 e 27 próximos. Trata-se de uma feira do livro que se irá instalar em locais, já eles próprios dedicados ao livro e às publicações em geral, e que o ano passado congregou milhares de visitantes. A animação da feira será intensa, com concertos, conferências, apresentação de livros, animações várias e, obviamente, as tendas (booth), espalhadas por ruas e praças, enriquecendo a feira com a diversidade do seu colorido e as propostas de editores, autores e livreiros.

Já adivinharam quem lá vai estar, com certeza: Ibrahim Bates.
Pois esse meu avatar tem vindo a preencher muito do meu tempo disponível para este blog, mas tem já equipada e apresentável a sua booth, com os seus livros em duas edições separadas, para português e inglês.
A feira será também ocasião para, em simultâneo com as comemorações do 25 de Abril na região onde Ibrahim habita - Portucalis - apresentar a sua próxima publicação: Una furtiva lagrima, título inspirado na bela ária de Donizetti em L'Elisir d'amore, que em inglês recebeu o título One hidden tear.

Aí está a booth do Ibrahim, em Publishing Island (Clique se for utilizador de SL).


P.S.
Esta nota foi escrita depois de regressar do acto solene de inauguração da Biblioteca Muncipal.
Quero expressar o meu voto sincero de que a Biblioteca se cumpra.

quarta-feira, abril 16, 2008

Al-Idrisi, o geógrafo

A primeira referência escrita a nomear a cidade de Silves, que situa e descreve, foi elaborada por Al-Idrisi, o grande geógrafo medieval.

Cartaz do CongressoNos próximos dias 2, 3 e 4 de Maio, em Vila Real de Santo António e Cacela Velha, decorrerá um Congresso Internacional, com continuação temática posterior em Sevilha e Ceuta, que envolve especialistas europeus e do mundo árabe (Portugal, Espanha, França, Marrocos, Argélia, Egipto, Síria, Iraque e Arábia Saudita), que se propõem "realizar uma análise da obra desta grande figura da geografia árabe medieval e da importância do seu trabalho para o desenvolvimento posterior de algumas ciências na época moderna: Geografia, Botânica e Cartografia, esta última fundamental no arranque das viagens europeias dos finais da Idade Média".
Neste encontro de diálogo haverá ainda lugar a uma homenagem a um poeta luso-árabe natural de Cacela - Ibn Darraj (948 - 1030).

Os eventuais interessados poderão aceder ao Programa (clique) e Ficha de Inscrição (clique) e contactar os organizadores:

Câmara Municipal de Vila Real de Santo António
Centro de Investigação e Informação do Património de Cacela

Catarina Oliveira
Antiga Escola Primária de Santa Rita
8900-059 Vila Nova de Cacela – Portugal
Tel. / Fax: 00351 281 952 600
clipcacela@gmail.com

Fundación al-Idrisi Hispano Marroquí para la Investigación Histórica, Arqueológica y Arquitectónica
Fatima-Zahra Aitoutouhen Temsamani
Apartado 4.359 - 41080 Sevilla – España
Tel./Fax: 0034 955717926 Móvil: 0034 639853337
fal_idrisi@hotmail.com

segunda-feira, abril 14, 2008

Na National Gallery

The Fighting Temeraire, de Turner, da colecção de imagens do Google
É como cenário de fundo da enorme Trafalgar Square, nas costas de Nelson, que se ergue o clássico edifício da National Gallery.

Entrei, na rota dos grandes paisagistas românticos ingleses, como Turner e Gainsborough e ainda bem que o fiz.

Mas apesar deles, e sem mencionar os impressionistas, de que me ocuparei noutros contextos, permitam-me que vos diga como me quedei boquiaberto perante a mestria do desenho, dos efeitos de luz, da perfeição na técnica de utilização das cores e na expressividade do barroco de Rubens; e Rembrandt e os outros excelentes retratistas holandeses a dar vida e carácter àqueles homens que me parece reconhecer em pessoas da actualidade; Vermeer e a sua luz natural; e o meu vizinho Velasquez, sevilhano, e a sensualidade da nudez das suas mulheres.

Tem mais, muito mais esta Galeria, e já que não pude tirar fotografias e é grande o meu ensejo de partilhar convosco as minhas emoções, remeto-vos para os 30 destaques da colecção permanente (clique).

quinta-feira, abril 10, 2008

Kew Gardens e Henry Moore

Kew Gardens, Londres, Abril 2008, © António Baeta OliveiraAlertado por uma amiga (muito agradecido, Helena!) para uma exposição temporária de monumentais esculturas de Henry Moore em Kew Gardens, Londres, para lá me desloquei com muita curiosidade. Deslumbrei-me ao avistar a primeira delas, num início de tarde de céu nublado e penumbroso, quando uma nuvem se deslocou e permitiu que o Sol se debruçasse sobre a escultura e o espaço relvado em redor, como a minha foto testemunha.

E foi deslumbrado que o meu olhar percorreu este e outros trabalhos de Moore (clique), rodeando cada escultura nos mais diversos ângulos, querendo registar cada pormenor, cada curva, cada sensação que cada peça me transmitia, em belos enquadramentos de uma paisagem rodeada de árvores, plantas, flores, enormes estufas, múltiplos jardins, vários palácios e espaços de lazer para crianças e adultos, com actividades de envolvimento na diversidade biológica do local e exposições da vida vegetal de mais de uma dezena de diferentes zonas climáticas.

Uma tarde inesquecível de fruição estética nas propostas de arte e de preservação da Natureza.

P.S.
O meu olhar sobre Kew Gardens e algumas esculturas de Henry Moore pode ser observado aqui (clique), a partir do local onde figura a foto que dá início a este post
.

quarta-feira, abril 09, 2008

O exército chinês de terracota

Não mo deixaram fotografar, mas comprei um pequeno guerreiro e quando cheguei a casa coloquei-o num cenário em papel branco (A4), com a minha natural pouca eficiência para estes arranjos, iluminei-o com uma habilidade perfeitamente calibrada com a da construção do cenário, montei a câmara num tripé e click... cá está.

São cerca de 7 mil, os soldados de terracota entretanto resgatados do seu túmulo sob o chão, numa área de 56 km2; todos diferentes uns dos outros, reproduzindo o próprio exército de Ying Zheng, nascido em 259 aC. Foi parte desse exército que quis visitar nesta minha ida a Londres, numa exposição no Museu Britânico, que encerrou no passado dia 6.

Para além do contacto visual com os guerreiros, bem como quadros superiores da administração civil, músicos, utensílios, carros e cavalos, pássaros, palácios, armas... é a organização do espaço e a informação, a utilização dos media ao serviço do enquadramento histórico com outras civilizações da época ou das épocas anteriores e seguintes, a facultar a percepção da construção de um Império a partir das reformas introduzidas, da construção de estradas e canais, do estabelecimento de pesos e medidas, de moeda cunhada, bem como de uma escrita uniformizada, aquilo que de facto irá permanecer na minha memória e no meu entendimento.

Foi assim, com este impacto, que iniciei a minha visita à grande cidade.