terça-feira, setembro 30, 2008

Nova máquina, nova foto

Como muitos dos meus posts se apoiam na fotografia, achei por bem comunicar que acabei de adquirir a minha primeira reflex digital: uma Nikon - D60.
Não é que a foto signifique algo de especial; é, tão só, uma das primeiras fotografias de contacto com a nova câmara, sem o atrevimento de sair com ela para a rua, ainda no estreito corredor da minha casa, a que gosto de chamar pátio ou jardim.

Pátio de casa, Setembro 2008, © António Baeta Oliveira
Ainda hei-de dar luz a esta malva! :))

sexta-feira, setembro 26, 2008

Penitencio-me!

Vem esta penitência a propósito de um dos os meus últimos posts, sob o título Por Maria Keil e sua obra.

Telefonou-me hoje um amigo a brincar com a minha habitual casmurrice em não dar fé ao que me chega às mãos, nomeadamente através da Internet, desde que não conheça ou desconfie das suas origens. E dizia:
          - Tens razão em proceder assim, mas desta vez foste ludibriado. Ora vai lá ler... isto. (clique)
Fui ler e espero que os que me lêem também o façam, porque induzido em tamanha injustiça reagi imediatamente e nem desconfiei que tal se devesse a sequências incontroladas de "diz-que-disse".
Poderia agora suceder-me o mesmo com este texto de Viriato Teles cuja leitura vos propus, mas confio o suficiente na integridade da transcrição das afirmações de, pelo menos, dois dos responsáveis pelo sucedido.
Que me perdoem, particularmente Maria Keil se de alguma forma contribuí para perturbar a sua paz.

quinta-feira, setembro 25, 2008

A nossa primeira escrita (II)

Sim. Com este mesmo título publiquei, faz agora um ano a 1 de Outubro, um texto sobre a inauguração, em Almodôvar, do Museu da Escrita do Sudoeste, cuja leitura vos aconselho através deste link (clique, por favor).

De novo, sensivelmente pela mesma ocasião, o referido Museu volta a apresentar uma nova estela, recentemente encontrada.

Ei-la!

Estela das Mesas do Castelinho, Museu da Escrita do Sudoeste, Almodôvar, Setembro 2008, © António Baeta Oliveira
Esta nova estela, encontrada no sítio arqueológico das Mesas do Castelinho, em estratificação correspondente a período romano, para o que ainda não há uma explicação, é a estela epigráfica com maior número de caracteres jamais encontrada. Cerca de 90 caracteres, o que representa razoáveis expectativas em relação aos morosos estudos científicos que visam a completa decifração desta escrita e da sua estrutura gramatical, para além do conhecimento já avançado da sonoridade da sua leitura.

É uma peça de interesse científico internacional a que aqui ontem se revelou na presença de cerca de uma dezena de arqueólogos e outros entendidos, além dos curiosos e do público em geral.

Como ontem se afirmou, o superior número de estelas encontradas no concelho de Almodôvar, relativamente aos concelhos limítrofes, bem como a presença deste Museu, a preservar estes testemunhos, são fruto do contínuo investimento da autarquia nesta área por tempo prolongado.

terça-feira, setembro 23, 2008

Por Maria Keil e sua obra


Maria Keil, natural de Silves, já aqui foi motivo de algumas referências, nomeadamente neste post.
(a que pode aceder, clicando na palavra sublinhada)

Hoje venho de novo referir-me a ela, num momento em que carece do nosso apoio para que seja feita justiça.
Para vos elucidar transcrevo este texto, que integra uma petição junto dos responsáveis pela empresa do Metropolitano de Lisboa:

  • Maria Keil (gosta que a tratem apenas por Maria) nasceu na cidade de Silves, em 1914.
    Partilhou a maior parte da sua vida com o arquitecto Francisco Keil do Amaral, com quem se casou, muito jovem, em 1933.
    De lá para cá fez milhares de coisas, sobretudo ilustrações, que se podem encontrar em revistas como a “Seara Nova”, livros para adultos e “toneladas” de livros infantis, os de Matilde Rosa Araújo, por exemplo, são em grande quantidade.
    Está quase a chegar aos 100 anos de idade de uma vida cheia, que nos primeiros tempos teve alguns “sobressaltos”, umas proibições de quadros aqui, uma prisão pela PIDE, ali... as coisas normais para um certo “tipo de pessoas” no tempo do fascismo.

    Para esta “história”, no entanto, o que interessa são os seus azulejos.
    São aos milhares, em painéis monumentais, espalhados por variadíssimos locais.
    Uma das maiores contribuições de Maria Keil para a azulejaria lisboeta, foi exactamente para o Metropolitano de Lisboa.
    Para fugir ao figurativo, que não era o desejado pelos arquitectos do Metro, a Maria Keil partiu para o apuramento das formas geométricas que conseguiram, pelo uso da cor e génio da artista, quebrar a monotonia cinzenta das galerias de cimento armado das primeiras 19, sim, dezanove estações de Metropolitano.
    Como o marido estava ligado aos trabalhos de arquitectura das estações e conhecendo a fatal “falta de verba” que se fazia sentir, o Metro lá teve de pagar os azulejos, em grande parte fabricados na famosa fábrica de cerâmica “Viúva Lamego”, mas o trabalho insano da criação e pintura dos painéis... ficou de borla.
    Exactamente! Maria Keil decidiu oferecer o seu enorme trabalho à cidade de Lisboa e ao seu “jovem” Metropolitano.

    Finalmente, a história!
    Recentemente a Metro de Lisboa decidiu remodelar, modernizar, ampliar, etc, várias das estações mais antigas e não foram de modas.
    Avançaram para as paredes e sem dizer água vai, picaram-nas sem se darem ao trabalho de (antes) retirar os painéis de azulejos, ou ao incómodo de dar uma palavra que fosse à autora dos ditos.

    A parte “realmente boa” desta (já longa) história é que, ao contrário de quase todos os arquitectos, engenheiros, escultores, pintores e quem quer que seja que veja uma sua obra pública alterada ou destruída sem o seu consentimento, Maria Keil não tem direito a qualquer indemnização.

    Pergunta-se porquê?
    Porque na Metro de Lisboa há juristas muito bons, que descobriram não ser obrigatório pedir nada, nem indemnizar a autora, de forma nenhuma... exactamente porque ela não cobrou um tostão que fosse pela sua obra!!!

    Este crime silencioso não pode continuar impune. Pior do que o crime em si será o (nosso) silêncio à sua volta.


Conto com a vossa assinatura nesta
Petição por Maria Keil
solicitando a reposição dos seus painéis de azulejos, pelo Metropolitano de Lisboa.
Bem hajam!

segunda-feira, setembro 22, 2008

sexta-feira, setembro 19, 2008

Monchique, na serra algarvia

A minha ausência, desta vez, foi por culpa do computador, que ainda não recuperou cabalmente.

Acontece que, no passado fim-de-semana, viajei até Monchique, a serra algarvia cuja maior elevação, a Fóia, atinge os 1000 metros de altitude.
Estive lá por uma Corrida Fotográfica, que me ocupou entre as 8 e as 20 horas.


Esta foto foi tirada à margem do concurso, mas retrata na cor, nas texturas, nos ângulos de sombra, na barra branca, de cal, a presença desta cultura do Sol, do Algarve e do Sul, apesar da geografia serrana, donde ao longe se avista o mar.

sábado, setembro 13, 2008

Augusta Emerita

Mérida, Emerita Augusta, capital da Lusitânia, integra, seguramente, o património histórico que é a base da nossa nacionalidade ou não nos poderíamos reivindicar de lusitanos.
Já a afirmação da nossa hispanidade provoca um certo prurido, tão distorcida foi pelas concepções da historiografia nacionalista que, da mesma forma, tentou varrer do nosso imaginário colectivo a importância da civilização islâmica, basilar para o entendimento de quem somos.

Teatro Romano, Mérida, Setembro 2008, © António Baeta Oliveira

Outras fotos que bati em Mérida podem ser vistas aqui (clique)
Aconselho, para maior facilidade, a utilização do botão de slideshow, num pequeno quadro sobre o lado direito.

Em Mérida, a monumentalidade das construções é de tal forma esmagadora que ninguém pode passar indiferente.

terça-feira, setembro 09, 2008

Cáceres, Património da Humanidade

Espaço singular o desta Cidade Monumental, cujo perímetro constitui parte significativa da contemporânea cidade espanhola de Cáceres.

Torre de Carvajal, Cáceres, Setembro 2008, © António Baeta Oliveira

Outras fotos que tirei em Cáceres podem ser vistas aqui (clique)
Aconselho, para maior facilidade, a utilização do botão de slideshow, num pequeno quadro sobre o lado direito.

De entre ruelas, becos e largos surgem-nos edifícios, como este, anexo a uma torre redonda, construção almóada do séc. XII.
O Palácio Carvajal, cujo exterior a foto reproduz, é significativo pela demonstração de uma ocupação permanente, que se iniciou sob o domínio muçulmano e foi sofrendo alterações de readaptação até ao séc. XVI. A sua recuperação, bem como a da maior parte desta cidade, é já obra do nosso tempo.
A referência a este exemplar, um de entre dezenas de outros, deve-se à minha opção pela fotografia que aqui escolhi colocar; e não é fácil optar no meio de tanta maravilha, a surpreender-nos de passo a passo.

sexta-feira, setembro 05, 2008

A alcáçova de Badajoz

Visitei há bem pouco tempo Badajoz e o que mais me prendeu a atenção e o interesse foi, para além das largas e longas avenidas, da sua agitação comercial, de alguns belos edifícios, como a Catedral, e outros bem mais recentes, a sua enorme alcáçova, reconstruída e alargada em período almóada (sécs. XII/XIII), ao tempo da presença islâmica.

Alcáçova de Badajoz, Setembro 2008, © António Baeta Oliveira

Outras fotos de Badajoz e da sua alcáçova podem ser vistas aqui (clique)


É claro que esta predilecção se deve ao meu imaginário, à minha afeição pela história, em particular pela curiosidade em conhecer as civilizações que nos precederam neste território.
Já o devo ter dito neste lugar, mas acontece-me frequentemente perante uma paisagem do nosso património natural, mas mais fortemente perante o património construído, imaginar com que olhar isso teria sido observado por outros que me precederam.

Em Badajoz, ao longo de todo o perímetro da alcáçova, fui assaltado pela presença do Guadiana; pela figura de Ibn Marwan, senhor de Marvão, que este território dominava e cuja influência se fazia sentir até bem longe; pela dinastia aftássida, contemporânea e opositora da taifa do rei-poeta de Silves e Sevilha, Al-Mu'tamid, talvez o período mais importante da história de Badajoz, a marcar definitivamente a sua supremacia sobre a romana e visigoda cidade de Mérida, capital da Lusitânia; e finalmente com os almóadas, a defender-se do cerco, cada vez mais apertado, dos senhores cristãos do Norte, onde se conta o nosso Afonso Henriques, que aqui, à porta da mesma alcáçova que agora visitei, se entalou e quebrou uma perna na precipitação da fuga.