segunda-feira, novembro 28, 2011

Um poema a cada segunda-feira (LIV)



O Público divulgou, há alguns anos, uma série de antologias de poesia que encomendara a certas personalidades da vida portuguesa não diretamente relacionadas com a literatura.

É desse manancial que esta rubrica se irá sustentar por algum tempo, confinando-se as minhas escolhas às opções dessa personalidades e a poetas que viveram, ou ainda vivem, sob o bafo civilizacional do séc. XXI.

A primeira vaga proveio da safra de Mário Soares.
Prossigo, agora com Miguel Veiga.


  • AINDA ME ACOLHO
Ainda me acolho, Pai,
à tua madresilva.
Ali tens a passiflora,
não envelheceu.
O cedro grande, maior ainda.
O forno, dedadas
expungidas pelas portas.
A buganvília, não esqueço,
é preciso cortá-la.
A Mãe não está nem volta.

António Osório
Os poemas da minha vida
Miguel Veiga
Público, Lisboa 2005

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segunda-feira, novembro 21, 2011

Um poema a cada segunda-feira (LIII)



O Público divulgou, há alguns anos, uma série de antologias de poesia que encomendara a certas personalidades da vida portuguesa não diretamente relacionadas com a literatura.

É desse manancial que esta rubrica se irá sustentar por algum tempo, confinando-se as minhas escolhas às opções dessa personalidades e a poetas que viveram, ou ainda vivem, sob o bafo civilizacional do séc. XXI.

A primeira vaga proveio da safra de Mário Soares.
Prossigo, agora com Miguel Veiga.


  • BARCAROLA
quero falar aqui do meu amor, quero falar
quando o silêncio é de oiro ensimesmado,
o tempo é de ferrugem,
e o espaço é de água na longa solidão
riscada pelas aves.

pobre relento dos sonhos que sonhámos:
passámos por aqui, os olhos rasos de luz
e o coração embalado por um fio de música
a diluir-se no crepúsculo
com as águas morosas, a

sombra a carregar-se ao rés das casas, as
rosas semicerrando-se numa leve respiração.
águas do douro que corriam, para onde
levavam as lembranças como barcos
que se esquecessem do seu rumo?

leve brisa do mar que nos chegava,
salina sem sabermos
que anunciava as lágrimas, de que fundo
dos mares atormentadas arrancava?
cais humilde das cargas, quem diria

que ali só atracavam desventuras?
ali, só quero falar desta golfada a desprender-se
de sonho e oiro a que te misturavas
num ledo encantamento entre rumores
que se apagavam fulvos em surdina

e sílabas, sílabas que na alma a pouco e pouco
emudeciam comovidas. noite, ó noite
que cobriste essas horas do teu luto,
quando será manhã para que seja
outra tarde outra vez essa harmonia?

Vasco Graça Moura
Os poemas da minha vida
Miguel Veiga
Público, Lisboa 2005

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segunda-feira, novembro 14, 2011

Um poema a cada segunda-feira (LII)



O Público divulgou, há alguns anos, uma série de antologias de poesia que encomendara a certas personalidades da vida portuguesa não diretamente relacionadas com a literatura.

É desse manancial que esta rubrica se irá sustentar por algum tempo, confinando-se as minhas escolhas às opções dessa personalidades e a poetas que viveram, ou ainda vivem, sob o bafo civilizacional do séc. XXI.

A primeira vaga proveio da safra de Mário Soares.
Prossigo, agora com Miguel Veiga.


  • AS PALAVRAS
São como um cristal,
as palavras.
Algumas, um punhal,
um incêndio.
Outras,
orvalho apenas.

Secretas vêm, cheias de memória.
Inseguras navegam:
barcos ou beijos,
as águas estremecem.

Desamparadas, inocentes,
leves.
Tecidas são de luz
e são a noite.
E mesmo pálidas
verdes paraísos lembram ainda.

Quem as escuta? Quem
as recolhe, assim,
cruéis, desfeitas,
nas suas conchas puras?

Eugénio de Andrade
Os poemas da minha vida
Miguel Veiga
Público, Lisboa 2005

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quarta-feira, novembro 09, 2011

Colóquio: Estudos Árabes em Portugal



O Centro de Estudos Luso-Árabes de Silves (CELAS) vai realizar no próximo sábado, 12, às 14:30 horas, um colóquio sobre a temática Estudos Árabes em Portugal, marcada para o auditório do Instituto Superior Jean Piaget, em Silves, com entrada livre.

Serão abordados os seguintes temas: Arabismo em Portugal: 500 anos de uma temática nunca esquecida, por António Rei; O Arabismo português e a escola orientalista europeia, por Mostafa Zekri; Alandalus, 1300 anos – Novas polémicas de interpretação histórica, por Adalberto Alves.

Em paralelo, será lançada a obra O Gharb Al-Andalus, primeiro volume de textos do arabista Garcia Domingues, “textos que se encontram dispersos e esquecidos apesar da sua pertinência e actualidade científicas” e que o CELAS tem vindo a recolher para publicação.

Este projeto teve início em 2010 com a reedição da obra «História Luso-Árabe», por ocasião das comemorações do centenário do nascimento de Garcia Domingues.

Texto adaptado de um comunicado de imprensa

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segunda-feira, novembro 07, 2011

Um poema a cada segunda-feira (LI)



O Público divulgou, há alguns anos, uma série de antologias de poesia que encomendara a certas personalidades da vida portuguesa não diretamente relacionadas com a literatura.

É desse manancial que esta rubrica se irá sustentar por algum tempo, confinando-se as minhas escolhas às opções dessa personalidades e a poetas que viveram, ou ainda vivem, sob o bafo civilizacional do séc. XXI.

A primeira vaga proveio da safra de Mário Soares.
Prossigo, agora com Miguel Veiga.


  • PUDESSE EU
Pudesse eu não ter laços nem limites
Ó vida de mil faces transbordantes
Pra poder responder aos teus convites
Suspensos na surpresa dos instantes.



Sophia de Mello Breyner Andresen
Os poemas da minha vida
Miguel Veiga
Público, Lisboa 2005

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