segunda-feira, dezembro 18, 2006

Parto, em busca do Natal

Cacela Velha, Verão de 2006, © António Baeta Oliveira

Vou sair por aí, procurando entender o que haverá de Natal (leia-se nascimento de Cristo) no meio da euforia que parece ter tomado conta das pessoas nesta época do ano.
Conto regressar, mas lá mais para Janeiro ou talvez antes. Quem sabe!

quinta-feira, dezembro 14, 2006

Pela luz desta janela

Luz de Inverno, Silves, Inverno de 2005/2006, © António Baeta Oliveira


  • É ténue e fria
    a luz
    que ainda penetra
    pela luz
    desta janela

    E a luz que se esvai
    frágil e docemente
    morna
    pela luz desta janela
    abandona
    o âmago das coisas
    e fixa-se
    por algum tempo
    mais
    nos contornos nos
    recortes da memória


Recordando uma minha fotografia, a que juntei um poema de Sophia de Mello Breyner - Longe dos cenários de confrontação e morte (clique) - publicada em 26 de Agosto de 2003.

P.S.
A razão do título - "Longe dos cenários de confrontação e morte" - residia no sentimento que, em Agosto de 2003, ainda nos angustiava, a propósito da Invasão do Iraque, no anterior mês de Março.
Hoje, Dezembro de 2006, a chaga ainda está aberta e purga, mas aqui, longe dos cenários de confrontação e morte, a nossa mente já ganhou resistência à dor.
É importante recordar, quando a rotina faz esquecer.

quarta-feira, dezembro 13, 2006

Haverá quem acredite?

O Diário de Notícias de hoje refere que «A Comissão Europeia decidiu ontem, em Estrasburgo, arquivar o processo contencioso da barragem de Odelouca, depois de Portugal assegurar que a sua água seria para consumo humano e não industrial...»

Já estou a imaginar os campos de golfe com a relva seca e as piscinas a ganhar pó!
Haverá quem acredite que Portugal irá mesmo cumprir com o que assegura?

terça-feira, dezembro 12, 2006

Ainda com Luiza, em Silves


  • Árvores intensas Casas de trapo
    Chilreia a chuva Coxeia a cama
    Frutos votivos Cal calejada
                    Ponte romana


Luiza Neto Jorge
Poesia
Silves 83
Assírio & Alvim, Lisboa 2001

segunda-feira, dezembro 11, 2006

O poder, para quê?

Silves, centro, Janeiro 2006, © António Baeta Oliveira

A candidatura de Carneiro Jacinto, por enquanto, não passa de um fait divers mediático, que pouco ou nada acrescenta à necessária definição de uma solução estratégica para a cidade e seu concelho.
O que se discute, entretanto, é a luta pelo poder.

P.S.
Soube que Carneiro Jacinto iniciou um blog - Servir Silves - cujo link passa a constar da coluna da esquerda.

quarta-feira, dezembro 06, 2006

Solidão ao fim da rua

Só na cidade deserta, Tavira, Verão de 2006, © António Baeta Oliveira


  • Subitamente descobriu-se

    na cidade deserta
    ao entender a ausência
    de qualquer sentido
    no percurso que a levara
    até ao fim
    daquela rua


Recordando uma antiga fotografia comentada - Silves em Agosto (clique) - publicada em 25 de Agosto de 2003.

terça-feira, dezembro 05, 2006

ECO DE VIAGEM

  • Eco de viagem

    Partir - ouvindo a noite bater
    contra os vidros da memória! Linhas
    sucedendo às linhas, nos grandes
    continentes onde o gelo se desfaz
    num curso de rios disperso no mapa
    da vigília. Deixar que o ruído
    dos carris embacie as frases murmuradas
    no corredor, enquanto os viajantes
    procuram um bar por entre
    as carruagens. Decorar nomes de cidades
    que a treva oculta, e só se deixam
    adivinhar num súbito brilho de estação
    onde alguém dorme, num banco
    de madeira, sob o relógio parado
    num outro século. Respirar o calor
    tépido dos dormitórios improvisados,
    convivendo com sombras que
    ressonam uma ressaca de álcoois
    baratos. E ver a imagem
    que nasce num súbito abrandar
    de rodas, perto da fronteira,
    deitando sobre mim um olhar
    que ainda hoje não sei ler, como
    se a sua linguagem se tivesse
    perdido num alfabeto de velhas
    emoções.

Nuno Júdice
As coisas mais simples
Dom Quixote, Lisboa 2006

segunda-feira, dezembro 04, 2006

Nem para "mandar cantar um cego"

Neste último mês, mês e meio, em Vila Real de Santo António, Tavira, Faro, Lagoa, Portimão e Lagos, houve oferta suficiente para que pudesse assistir a teatro, dança, recitais, concertos, exposições de artes plásticas, ópera, cinema.
Em Silves, ao longo do mesmo período de tempo, a oferta cultural reduziu-se a uma exposição sobre osteologia, numa perspectiva arqueológica. Ossos!
A que estado chegaram as coisas nesta fúria de construção, acelerada em véspera de actos eleitorais, que deixa a cidade cercada de obras paradas e as finanças sem recursos para "mandar cantar um cego"!