- Guitarra
Começa o choro
da guitarra.
Quebram-se os copos
da madrugada.
Começa o choro
da guitarra.
É inútil calá-la.
É impossível
calá-la.
Chora monótona
como chora o vento
sobre a nevada.
É impossível
calá-la.
Chora por coisas
distantes.
Areia quente do Sul
pedindo camélias brancas.
Chora flecha sem alvo,
tarde sem manhã,
e o primeiro pássaro morto,
nas ramadas.
Oh guitarra!
Coração malferido
por cinco espadas.
Eugénio de Andrade
Poemas de Garcia Lorca
Fundação Eugénio de Andrade
2 comentários:
Um poema alheio por um par de castanholas baptizadas à tua frente! Belo negócio esse!
Brincadeira minha aparte, Pepe Vela vai ficar certamente muito contente com esta dedicatória e por ler Lorca (falando da sua inseparável guitarra) através de outro homem do mundo como ele, o nosso E. Andrade.
Dá-lhe conhecimento...
E eu que o não conhecia! obrigada.
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