É de noite em Londres, no Inverno, às seis da tarde.
Saía do Museu de História Natural e a lua avistava-se, sobranceira ao Victoria & Albert Museum.
Peguei na câmara e bati a foto, tal como o faziam outras dezenas de visitantes.
Veio-me à memória um daqueles poemas que constavam das selectas literárias dos liceus. Creio que, no caso presente, para ilustrar o ultra-romantismo - A lua de Londres, de João de Lemos.
Transcrevo a primeira estrofe:
É noite. O astro saudoso
rompe a custo um plúmbeo céu,
tolda-lhe o rosto formoso
alvacento, húmido véu,
traz perdida a cor de prata,
nas águas não se retrata,
não beija no campo a flor,
não traz cortejo de estrelas,
não fala de amor às belas,
não fala aos homens de amor.
... / ...
João de Lemos
Projecto Vercial
Universidade do Minho
Já não me revejo, de todo, nestes poemas de um romantismo exagerado e de uma tendência nacionalista do tipo "o que é português é bom", tão ao jeito de olhar o mundo de olhos fechados.
Quem pretender ler o poema na íntegra pode clicar nos dois links atrás, que remetem para o local donde transcrevi essa primeira estrofe, talvez também a única de que me lembrava.
E de que me lembrava precisamente pelos motivos que atrás referi e que ao tempo me foram servidos como exemplares - os do romantismo e do nacionalismo.
Vejam bem como estes conceitos se entranham na nossa memória, para acudir assim, num ápice, logo que se enfrenta uma situação que os faça despoletar, como uma autêntica bomba instintiva e primária.
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