segunda-feira, agosto 20, 2012

Um poema a cada segunda-feira (XCII)



O Público divulgou, há alguns anos, uma série de antologias de poesia que encomendara a certas personalidades da vida portuguesa não diretamente relacionadas com a literatura.

É desse manancial que esta rubrica se irá sustentar por algum tempo, confinando-se as minhas escolhas às opções dessa personalidades e a poetas que viveram, ou ainda vivem, sob o bafo civilizacional do séc. XXI.

A primeira vaga proveio da safra de Mário Soares, a que se seguiram Miguel Veiga, Diogo Freitas do Amaral e Urbano Tavares Rodrigues.
Irei terminar com Marcelo Rebelo de Sousa.


  • TARDE DE PRAIA, AO LONGE

Lentamente construo estes murmúrios,
nesta palavra mar já tão profunda.

Solto o vento de rodas as viagens,
nestas praias de gente sem fronteiras.

Pequenas multidões pulsam a vida
e o mar apenas sobe mais azul.

Minucioso, espalho o meu olhar,
pelo secreto adeus do horizonte.

No som tão repetido dos navios,
há muito se esgotaram as sereias.

Desce a preguiça pela tarde lenta,
nas horas o silêncio vem de longe.



Rui Namorado
Os poemas da minha vida
Marcelo Rebelo de Sousa
Público, Lisboa 2005

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