quinta-feira, janeiro 24, 2008

FLORIPES

Zona tradicional de Olhão, Janeiro 2008, © António Baeta Oliveira
Estes muros de paredes brancas de cal e estas texturas que reproduzem os tons ocres da terra, são obras do saber milenar que casa os artefactos e as construções com a natureza e as condições do lugar, em harmonia perfeita com o ambiente. São marcas de um tempo que vai deixando de existir.

Também perdeu o seu lugar aquela cultura, popular, que remetia para o mito (na forma de um poema, de uma canção, de um conto, de uma lengalenga...) a procura de uma interpretação para os fenómenos da natureza e da vida, permitindo olhar o dia-a-dia sem grandes preocupações sobre o que "há-de vir". As explicações sobre a vida, o amor, a morte, o transcendente, eram contadas pelas avós e pelos mais velhos, nessa forma de mito que as gerações sucessivas iam reconstruindo, adaptando-as à maneira do seu tempo.

Assim é FLORIPES, essa moura encantada que de noite surpreende os homens, esse mito de Olhão, de cal e ocre, de mar, de mistério, de amor e infortúnio, tão mediterrânico, mudando de nome conforme o povo que o transmite ou o recebe, que mereceu exportação para paragens do Novo Mundo, nomeadamente na América do Sul, levado na mente de todos estes povos que habitam as margens desse mar interior.
Quem não se lembra das sereias de Ulisses e da telenovela brasileira da Mulher de Branco, que surgia envolta no nevoeiro da noite para arrastar os homens para o olvido!?

(Continua, brevemente, no próximo post)

2 comentários:

hfm disse...

Fico à espera como, quando em miúda, esperava os "folhetins"! ;)

Carla disse...

O tempo tomou conta da minha vontade… corre veloz ao sabor do vento…
Contudo… mesmo num desejo rápido, estou aqui… nem que seja apenas para desejar um bom fim de semana.
E parto… de novo sem promessas, porque não sei quando me será permitido voltar, fica então a vontade de regressar, um dia destes quando o tempo permitir…
Que fique o meu beijo e que dure pelo momento de ausência no espaço de um até breve.
Nadir