segunda-feira, setembro 05, 2011

Um poema a cada segunda-feira (XLII)


Fui surpreendido, neste período com sabor a férias, pela publicação do último poeta desta antologia que Paulo Pires compilou e a Biblioteca Municipal de Silves editou.

Neste momento ainda não defini um critério de publicação que dê continuidade a esta rubrica, mas prometo fazê-lo a breve termo.

Não vos quero, no entanto, privar de um poema nesta segunda-feira.




  • 1964 - Um dia igual
Fascinam-me as meninas da praia-do-peixe.
Pela tarde fresca fazem o pino encostadas à muralha,
e pelos seus corpos escorre a fina areia
como numa ampulheta.
Os homens do mar embarcam nas chatas
e remam até desaparecerem no fim do dia.


Voltamos todas para a taberna.
Acendemos cigarros umas às outras
e bebemos juntas pelos lábios do mesmo copo.
As histórias são sempre as mesmas:
o amor e a gonorreia.
As escamas que não se despegam do dinheiro.
A tentação de subir ao segundo andar
sem a obrigação da carne encomendada e a preço razoável.
Apenas subir como se fossemos ao baile
com fogo de artifício e música impregnada de vaselina.


Fernando Esteves Pinto
O tempo que fala
Temas Originais, Lda., Coimbra, 2010

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