Foto batida por ocasião da Feira Medieval de Silves, edição de 2009.
Esta foto é meramente decorativa.
A "Barca Arade" funciona no rio Arade, transportando turistas rio acima, até Silves, e seu regresso a Portimão.
Quando o seu proprietário, João Venâncio, começou aqui a operar, por finais dos anos 80, contou-me que este modelo de barco lhe tinha sido sugerido por responsáveis do Museu da Marinha, nos Jerónimos, como o tipo de embarcação que aqui deveria usar-se ao tempo da presença muçulmana.
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(III)
A Bakr Ibn Iahia, do episódio anterior, sucedeu o seu filho Qalaf Ibn Bakr.
Qalaf foi um resistente às intenções do, ao tempo, emir 'Abd ar-Rahman III, que chegou mesmo a cercar Ossónoba (Faro, na atualidade), onde teria encontrado grandes tesouros reunidos por Qalaf, que se refugiara em Silves.
Na sequência do cerco, o príncipe de Silves e Ossónoba, enviou parlamentares junto do emir, sugerindo que se o aceitasse como senhor do Gharb, ele lhe prestaria vassalagem.
'Abd ar-Rahman aceitou, dado o grande prestígio moral e intelectual de que gozava no Ocidente o Príncipe Qalaf Ibn Bakr, que se distinguiu particularmente pela sua proteção aos cristãos que se deslocavam em número significativo aos santuários de Santa Maria (atual Faro) e São Vicente, no cabo do mesmo nome.
'Abd ar-Rahman veio a tornar-se califa, como sabemos já do episódio anterior e a dominar todo o Gharb.
Qalaf continuou senhor do Gharb mesmo após a morte do califa.
Em 966 (AD), era califa Al-Hakam II e Qalaf ainda mantinha o seu poder na região.
Foi por esta ocasião que se deu uma terceira invasão dos normandos (majus ou vikings), contra as costas ocidentais da Península Ibérica.
Repelidos os primeiros ataques na Galiza, os normandos desceram até Lisboa onde travaram uma batalha, fazendo numerosos prisioneiros.
Al-Hakam II, conhecedor destas incursões, preparou uma esquadra que saiu de Sevilha ao encontro dos piratas, que traziam 28 navios de alto bordo e 2500 homens de armas.
O combate travou-se no rio de Silves, o Arade.
Qalaf terá participado no recontro com operações terrestres conjugadas ou mesmo com navios que houvesse no porto, refere Garcia Domingues.
Dozy, historiador, refere, nas suas Recherches, que "os normandos foram completamente derrotados pela esquadra muçulmana que libertou os prisioneiros muçulmanos e cristãos feitos em Lisboa e se encheu de glória".
Diz Garcia Domingues: "Os grandes assaltos normandos que durante tanto tempo aterraram a Espanha árabe, vieram pois a ser sufocados nessa batalha célebre, travada nas águas do Arade, o que constitui sem dúvida mais um motivo de justo orgulho da Silves arábica."
Este episódio, que ocorreu em 966 (AD), ficou conhecido como Batalha Naval do Arade.
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Garcia Domingues, História Luso-Árabe, edição do Centro de Estudos Luso-Árabes de Silves, 2010
António Borges Coelho, Portugal na Espanha Árabe, vol. 2 - Editorial Caminho
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Se estiver interessado na leitura dos episódios anteriores, siga os links abaixo:
Silves, ao tempo da civilização do al-Ândalus (I)
Silves, ao tempo da civilização do al-Ândalus (II)
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