Estatueta de Ibn Qasi junto ao pequeno lago da Praça de Al-Mu'tamid, interpretado aqui como um monge em meditação. |
O último episódio terminou com a queda do reino de Sevilha e o domínio de todo o al-Ândalus pela seita dos almorávidas.
Em Silves também o poder passou a ser exercido pelos almorávidas, com a sua intolerância religiosa, nomeadamente contra os moçárabes (cristãos em território árabe) e em 1136 estala mesmo uma revolta na cidade de Ossónoba (atual Faro).
Em Silves, a revolta começa a tomar forma por iniciativa de um senhor local, muladi (convertido ao islão), poeta, filósofo, político e místico, criador de uma doutrina baseada no êxtase e que prepara uma cavalaria de monges que aderiram à sua doutrinação e às suas práticas, para combater os almorávidas.
Esse senhor, Ibn Qasi de seu nome, natural de Silves, passa a comandar a revolta que ficou conhecida como a Revolta dos Muridas (os que conhecem a vontade de Deus).
O pensamento de Ibn Qasi ficou condensado num tratado filosófico-teológico, "O descalçar das Sandálias", e teve enorme repercussão no mundo árabe.
Retirado com os seus muridas para a zona da atual Arrifana, junto a Aljezur (onde é possível visitar as ruínas desse "convento"), a sua doutrina expande-se e ganha para a sua causa notáveis figuras, como a de Ibn Wazir, senhor de Évora, de Ibn Al-Mundhir, de Silves e até Ibn Habib, ex-governador desta nossa cidade.
Uma onda de apoio cresce por todo o território. Multidões seguem-no para o escutar. Histórias dos seus feitos e da sua capacidade milagrosa contam-se por toda a parte.
A multidão chama-lhe Mahdi (designação que se assemelha à de Messias, no Cristianismo) e Ibn Qasi acaba por aceitar a designação, juntando ao seu nome o nome do profeta - Mohammad Ibn Qasi.
Por parte dos almorávidas houve imediata reação e passaram a proceder contra os muridas, muitos dos quais foram presos e deportados.
Garcia Domingues, História Luso-Árabe, edição do Centro de Estudos Luso-Árabes de Silves, 2010
António Borges Coelho, Portugal na Espanha Árabe, vol. 2 - Editorial Caminho
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Se estiver interessado na leitura dos episódios anteriores, siga os links abaixo:
Silves, ao tempo da civilização do al-Ândalus (IV)
Silves, ao tempo da civilização do al-Ândalus (IX)
Silves, ao tempo da civilização do al-Ândalus (X)
A multidão chama-lhe Mahdi (designação que se assemelha à de Messias, no Cristianismo) e Ibn Qasi acaba por aceitar a designação, juntando ao seu nome o nome do profeta - Mohammad Ibn Qasi.
Por parte dos almorávidas houve imediata reação e passaram a proceder contra os muridas, muitos dos quais foram presos e deportados.
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Garcia Domingues, História Luso-Árabe, edição do Centro de Estudos Luso-Árabes de Silves, 2010
António Borges Coelho, Portugal na Espanha Árabe, vol. 2 - Editorial Caminho
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Se estiver interessado na leitura dos episódios anteriores, siga os links abaixo:
Silves, ao tempo da civilização do al-Ândalus (I)
Silves, ao tempo da civilização do al-Ândalus (II)
Silves, ao tempo da civilização do al-Ândalus (II)
Silves, ao tempo da civilização do al-Ândalus (IV)
Silves, ao tempo da civilização do al-Ândalus (X)
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