segunda-feira, julho 14, 2014

Há que olhar ao chão que se pisa







Não acredito muito nesta premissa contida no título, cujo sentido ultrapassa o mero cuidado com o chão e pode mesmo atingir o nível do preconceito e da afirmação de superioridade em relação a outros (supostamente inferiores perante o superior), mas acho que devemos mesmo ter atenção ao chão que se pisa, por variados motivos: pode estar enlameado, mal nivelado, esburacado, conspurcado, ou antes possuir sinais de advertência ou de intenção de embelezamento, como o dos arranjos da chamada "calçada portuguesa" ou os tais pequenos paralelepípedos decorados a tinta e mesmo a fios de lã, como já tenho avistado por aí.

O chão da fotografia passa a ideia de um chão irregular e incómodo, mas quem o percorre sabe que não é assim e que até faculta alguma firmeza no andar, sem erosão significativa da sola do calçado e é até permeável, garantindo o regular escoamento da água após as chuvas ou lavagens, enriquecendo o subsolo com a humidade que deixa passar e evitando as águas de escorrência em demasia.

É pena que o nosso caminho, vida fora, raramente se nos apresente com as vantagens desta calçada sem sobressaltos e até há épocas, como a que agora vimos a atravessar, que lamentavelmente se fecham às ambições e aos esforços dos que se prepararam para enfrentar uma vida melhor do que a de seus pais ou ainda aos que trabalharam toda uma vida na esperança de uma velhice como uma "calçada sem sobressaltos" e se veem  com as solas rompidas pelo mau caminho.

Temos que olhar ao chão que se pisa e exigir uma calçada que não dificulte tanto os nossos melhores esforços e que nos mereça os sacrifícios que nos impõem e a que nos impomos.

Saibamos usar os nossos direitos de cidadania e reclamar uma "calçada" melhor.

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