quinta-feira, dezembro 14, 2006

Pela luz desta janela

Luz de Inverno, Silves, Inverno de 2005/2006, © António Baeta Oliveira


  • É ténue e fria
    a luz
    que ainda penetra
    pela luz
    desta janela

    E a luz que se esvai
    frágil e docemente
    morna
    pela luz desta janela
    abandona
    o âmago das coisas
    e fixa-se
    por algum tempo
    mais
    nos contornos nos
    recortes da memória


Recordando uma minha fotografia, a que juntei um poema de Sophia de Mello Breyner - Longe dos cenários de confrontação e morte (clique) - publicada em 26 de Agosto de 2003.

P.S.
A razão do título - "Longe dos cenários de confrontação e morte" - residia no sentimento que, em Agosto de 2003, ainda nos angustiava, a propósito da Invasão do Iraque, no anterior mês de Março.
Hoje, Dezembro de 2006, a chaga ainda está aberta e purga, mas aqui, longe dos cenários de confrontação e morte, a nossa mente já ganhou resistência à dor.
É importante recordar, quando a rotina faz esquecer.

2 comentários:

bettips disse...

Uma habituação do horror, anestesia de sangue visto todos os dias. Tens razão: Março de 2003. O que fica? Um milhão de seres perdidos mais os que ainda se vão perder em tantas ruínas. Passo aqui e EU aprendo sempre algo do futuro, contigo. Abç

Anónimo disse...

Dói ver isso mesmo..Sozinha, quando assisto à banalização da "novela", pergunto-me como pode o ser humano esquecer o horror que manifestou no início... A mim, horroriza-me o prolongamento e ainda mais imaginar como vai ser o "largar aquilo"...
Um abraço.