Visitei há bem pouco tempo Badajoz e o que mais me prendeu a atenção e o interesse foi, para além das largas e longas avenidas, da sua agitação comercial, de alguns belos edifícios, como a Catedral, e outros bem mais recentes, a sua enorme alcáçova, reconstruída e alargada em período almóada (sécs. XII/XIII), ao tempo da presença islâmica.
É claro que esta predilecção se deve ao meu imaginário, à minha afeição pela história, em particular pela curiosidade em conhecer as civilizações que nos precederam neste território.
Já o devo ter dito neste lugar, mas acontece-me frequentemente perante uma paisagem do nosso património natural, mas mais fortemente perante o património construído, imaginar com que olhar isso teria sido observado por outros que me precederam.
Em Badajoz, ao longo de todo o perímetro da alcáçova, fui assaltado pela presença do Guadiana; pela figura de Ibn Marwan, senhor de Marvão, que este território dominava e cuja influência se fazia sentir até bem longe; pela dinastia aftássida, contemporânea e opositora da taifa do rei-poeta de Silves e Sevilha, Al-Mu'tamid, talvez o período mais importante da história de Badajoz, a marcar definitivamente a sua supremacia sobre a romana e visigoda cidade de Mérida, capital da Lusitânia; e finalmente com os almóadas, a defender-se do cerco, cada vez mais apertado, dos senhores cristãos do Norte, onde se conta o nosso Afonso Henriques, que aqui, à porta da mesma alcáçova que agora visitei, se entalou e quebrou uma perna na precipitação da fuga.
2 comentários:
Pelos vistos, tiveste mais sorte que o Dom Afonso Henriques, coitado.
Votos de bom regresso e aquele abraço.
E nas tuas palavras ressoam os poemas de Al-Mu'tamid
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