sexta-feira, abril 30, 2010

LINNEU



  • LINNEU

    para a Sophia


    A minha profissão é dar-lhes nomes.
    Tal como o outro, passados os seis dias,
    foi tudo achando bem, e disse
    que era bom, e o chamou,
    assim, no bom ou mau,
    eu dou nomes à vida, digo
    esta é a rosa dos ventos, digo
    esta é a flor das águas, digo
    esta é a planta do teu pé.

    Apenas digo nomes: tudo existe
    muito senhor de si,
    tudo existe insolente,
    independente.

    Não era necessário eu ter nascido.

Pedro Tamen
Analogia e Dedos, 2006
Poemas Portugueses - Antologia da Poesia Portuguesa do Séc. XIII ao Séc. XXI
Porto Editora, Lda., Porto, 2009

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