segunda-feira, janeiro 17, 2011

Um poema a cada segunda-feira (IX)




Decidi-me por uma rubrica de poesia à segunda-feira, enquanto assim se mantiver este meu ânimo.


Irei aqui colocando poemas que o critério do momento vier a ditar.




  • OUVE

    Ouve:
    Como tudo é tranquilo e dorme liso;
    Claras as paredees, o chão brilha,
    E pintados no vidro da janela
    O céu, um campo verde, duas árvores.
    Fecha os olhos e dorme no mais fundo
    De tudo quanto nunca floresceu.
    Não toques nada, não olhes, não te lembres.
    Qualquer passo
    Faz estalar as mobílias aquecidas
    Por tantos dias de sol inúteis e compridos.

    Não te lembres, nem esperes.
    Não estás no interior de um fruto:
    Aqui o tempo e o sol nada amadurecem.
Sophia de Mello Breyner Andresen
Coral, 1950
Poemas Portugueses - Antologia da Poesia Portuguesa do Séc. XIII ao Séc. XXI
Porto Editora, Porto 2009

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1 comentário:

hfm disse...

O último verso é particularmente sublime!