domingo, novembro 23, 2008

Pelo aniversário de Herberto

Fenda na parede, Alte, Novembro 2008, © António Baeta OliveiraFoto de António Baeta


  • Boca.
    Brûlure, blessure. Onde
    desembocam, como se diz em nome, os canais muitos.
    Pura consumpção em voz alta, ou num murmúrio,
    entre sangue venoso, ou
    traça de lume. Gangrena,
    música,
    uma bolha.
    Arte medonha da paixão.
    Um poro monstruoso que respira o mundo.
    Nele se coroam
    o escuro, o fôlego, o ar ardido.
    O ouro, o ouro.
    Tubo sonoro por onde se coa o corpo.
    Se escoa todo.

Herberto Helder
Flash
Ou o Poema Contínuo
Assírio & Alvim, Lisboa 2004

1 comentário:

hfm disse...

Das sonoridades do seu silêncio interior.