A minha "escavação" obriga-me a contar o resto da história.
Eu não tenho o 2º livro de Nuno Júdice, publicado em Novembro de 1972, sob coordenação de Gastão Cruz e Casimiro de Brito (outros dois grandes poetas da nossa contemporaneidade), com o título de O Pavão Sonoro.
Mas tenho o seu terceiro livro - Crítica Doméstica dos Paralelepípedos - autografado como o primeiro.
Na contracapa, Eduardo Prado Coelho deixou escrito: "Nenhuma vocação poética surgiu com tanta força e nitidez, evidência e soberania, depois de Poesia - 61 e de Herberto Helder".
- A VISTA
A quem é dado, pela janela entreaberta,
ver mais de metade da vida, e em voz alta por puro gosto
repetir o poema pensado,
já os deuses escolheram.
Mas se as folhas agitadas pelo vento ocultam,
por vezes,
o outro lado do muro, não é porque algo nos impede de olhar;
mas porque o olhar,
sob o impulso do vento,
segue as correntes contraditórias até algures,
na atmosfera,
onde imobilizado perscruta e espera.
Nuno Júdice
Crítica Doméstica dos Paralelepípedos
Publicações Dom Quixote, Lisboa 1973
P.S.
Se quiser saber mais sobre o movimento literário Poesia 61, que Eduardo Prado Coelho refere, siga este link neste mesmo blog.
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