Almeida Garrett
Este texto já tinha sido publicado neste blogue em 7 de Junho de 2004, mas pareceu-me bem recordá-lo agora no decurso da Feira Medieval de Silves, já na sua 10ª edição.
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Folheando a História Luso-Árabe, de Garcia Domingues, de Silves, numa edição da Empresa Editora Pro Domo, Limitada, Lisboa 1945, decidi revelar-vos alguns trechos de Dona Branca, de Almeida Garrett, a cujo poema é possível aceder através do primeiro dos links que coloquei atrás, num excelente serviço que nos é prestado pela Biblioteca Nacional Digital, da Biblioteca Nacional.
O poema, que tem o subtítulo A Conquista do Algarve, fala dos lendários amores de Ibn Mahfot (Aben-Afan), último dos reis árabes de Silves, por Dona Branca, filha de D. Afonso III.
Um primeiro trecho (ortografia da época), onde Garrett nos traça o perfil de Aben-Afan:
Ainda um outro excerto (ortografia da época), onde Garrett descreve a conquista de Silves:
Notas:
(1) Az, s.f. (do lat. acie-). (...) || Arraial, acampamento. || (...), in Grande Dicionário da Língua Portuguesa, José Pedro Machado, Tomo II, Amigos do Livro e Sociedade de Língua Portuguesa
(2) Alcanzia, s.f. (do ar. al-kanzia). (...) || Panela de barro, que continha matéria explosiva e se usava nas guerras antigas. || (...), in Grande Dicionário da Língua Portuguesa, José Pedro Machado, Tomo I, Amigos do Livro e Sociedade de Língua Portuguesa
(3) Huri, s.f. (do fr. houri). No paraíso de Mafoma, mulher formosa, de natureza angélica e dispondo de eterna juventude e beleza, que Mafoma prometera como recompensa aos seus fiéis, quando alcançassem a bem-aventurança., in Grande Dicionário da LínguaPortuguesa, José Pedro Machado, Tomo VI, Amigos do Livro e Sociedade de Língua Portuguesa
O poema, que tem o subtítulo A Conquista do Algarve, fala dos lendários amores de Ibn Mahfot (Aben-Afan), último dos reis árabes de Silves, por Dona Branca, filha de D. Afonso III.
Um primeiro trecho (ortografia da época), onde Garrett nos traça o perfil de Aben-Afan:
- (...)
Quem é êste inimigo generoso,
Que alma tão nobre em peito infiel encerra?
Quem é êste guerreiro muçulmano,
Que tão gentil, tão majestoso brilha
Nas picturescas árabes alfaias
Que o talhe heróico, o altivo porte, a graça,
Esbelta, de marcial beleza arreiam?
(...)
Ainda um outro excerto (ortografia da época), onde Garrett descreve a conquista de Silves:
- (...)
Ai de ti, Silves, de tuas nobres tôrres,
Teu alcácer tão forte! Quem resiste
Às espadas terríveis de Santiago?
Já derredor dos muros, que de lanças,
De frechas, de bèsteiros se coroam,
Suas tendas assentou, suas azes(1) posta
O invencível mestre. Já trabucos
Assestam, catapultas vêm de rôjo,
Máquinas, ígneas tôrres; e se dobram
Acobertados couros, protectores
De escaladas e assaltos. Mas de dentro
Dos muros os cercados se apercebem
Para a defesa: ardentes alcanzias(2),
Duros cantos, ferradas longas varas
Que os incendiários fachos arremessam
Às inimigas fábricas. Redobra
Coragem em uns e noutros o perigo
Pregam no campo frades indulgências,
Na cidade os imãs novas promessas
Fazem de huris(3) e paraísos: folga
Entanto a morte, e para a ceifa crua
C'o um pérfido sorriso a fouce afia.
(...)
Notas:
(1) Az, s.f. (do lat. acie-). (...) || Arraial, acampamento. || (...), in Grande Dicionário da Língua Portuguesa, José Pedro Machado, Tomo II, Amigos do Livro e Sociedade de Língua Portuguesa
(2) Alcanzia, s.f. (do ar. al-kanzia). (...) || Panela de barro, que continha matéria explosiva e se usava nas guerras antigas. || (...), in Grande Dicionário da Língua Portuguesa, José Pedro Machado, Tomo I, Amigos do Livro e Sociedade de Língua Portuguesa
(3) Huri, s.f. (do fr. houri). No paraíso de Mafoma, mulher formosa, de natureza angélica e dispondo de eterna juventude e beleza, que Mafoma prometera como recompensa aos seus fiéis, quando alcançassem a bem-aventurança., in Grande Dicionário da LínguaPortuguesa, José Pedro Machado, Tomo VI, Amigos do Livro e Sociedade de Língua Portuguesa
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