quinta-feira, fevereiro 27, 2014

Silves, ao tempo da civilização do al-Ândalus (XIII)




Estátua de Ibn Qasi em Mértola

No último episódio Ibn Qasi encontrava-se de visita a 'Abd al-Mu'min, senhor dos almoadas, solicitando apoio militar no combate aos almorávidas.

Nesse encontro, em Salé, em  setembro de 1145, Ibn Qasi persuadiu-o a invadir o al-Ândalus, sob o comando do general Barraz.

Desembarcam na Península e conquistam Tarifa e Algeciras, duas povoações estratégicas.

Ibn Qasi não perde tempo a avançar em direção ao Gharb e nessa viagem passa por Jerez, onde o senhor local lhe presta homenagem, o mesmo vindo a suceder em Niebla.

Recebe dois reforços militares enviados pelo emir dos almoadas, retoma Silves e Mértola, e submete Beja, Badajoz e o rebelde Ibn Wazir ao poder almoada.

Regressa então a Mértola onde passa o inverno com o exército vindo do Norte de África.

O poder almoada começa a instalar-se no Gharb, afastando os almorávidas e Ibn Qasi começa a receber notícias, que o contrariam, a propósito de atitudes opressivas e perseguições de chefes almoadas sobre as populações do Gharb. O senhor de Niebla, al-Batruji, que tinha prestado vassalagem a Qasi, vê-se destituído do seu poder sobre esse território, numa cilada cometida durante uma visita que efetuara a Sevilha. Segue-se uma série de dissidências, por ambições de poder que percorrem o Gharb e se refletem no Norte de África.

A situação atingiu tal ponto de rutura que 'Abd al-Mu'min, senhor dos almoadas, exigiu que todos os responsáveis pelo poder almoada renovassem pessoalmente, junto dele, os seus votos de vassalagem.

Ibn Qasi não vai, afirmando o seu direito à independência.

O seu reino fica debilitado face à ofensiva dos almoadas, por um lado, e a dos cristãos, por outro, que já se aproximavam conquistando Lisboa, Santarém e Alcácer, entre outras.

Aposta então, estrategicamente, numa aliança com os cristãos.

Afonso Henriques oferece-lhe um cavalo, um escudo e uma lança, afirmando essa aliança.

Os almoadas tentam abater Ibn Qasi, visando quebrar esta sua aliança a Norte.

Um grupo de conjurados consegue iludir a vigilância penetrando na alcáçova de  Silves, residência de Qasi, e assassinam-no no famoso Palácio dos Balcões, o Xarajib.

A seguir decapitam-no, espetam a sua cabeça na lança que Afonso Henriques lhe oferecera e passeiam-no, gritando "Eis, o Mahdi dos Cristãos!"

Corria o mês de agosto de 1151.



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Garcia DominguesHistória Luso-Árabe, edição do Centro de Estudos Luso-Árabes de Silves, 2010

António Borges CoelhoPortugal na Espanha Árabe, vol. 2 - Editorial Caminho


Ibn Qasi, o rei iniciado do Algarve e seus Discípulos Muridinos, in A Nova Acrópole

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Se estiver interessado na leitura dos episódios anteriores, siga os links abaixo:



Silves, ao tempo da civilização do al-Ândalus (I)

Silves, ao tempo da civilização do al-Ândalus (II)

Silves, ao tempo da civilização do al-Ândalus (III)

Silves, ao tempo da civilização do al-Ândalus (IV)

Silves, ao tempo da civilização do al-Ândalus (V)

Silves, ao tempo da civilização do al-Ândalus (VI)

Silves, ao tempo da civilização do al-Ândalus (VII)




Silves, ao tempo da civilização do al-Ândalus (XII)



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