Estátua de Ibn Qasi em Mértola |
No último episódio Ibn Qasi encontrava-se de visita a 'Abd al-Mu'min, senhor dos almoadas, solicitando apoio militar no combate aos almorávidas.
Nesse encontro, em Salé, em setembro de 1145, Ibn Qasi persuadiu-o a invadir o al-Ândalus, sob o comando do general Barraz.
Desembarcam na Península e conquistam Tarifa e Algeciras, duas povoações estratégicas.
Ibn Qasi não perde tempo a avançar em direção ao Gharb e nessa viagem passa por Jerez, onde o senhor local lhe presta homenagem, o mesmo vindo a suceder em Niebla.
Recebe dois reforços militares enviados pelo emir dos almoadas, retoma Silves e Mértola, e submete Beja, Badajoz e o rebelde Ibn Wazir ao poder almoada.
Regressa então a Mértola onde passa o inverno com o exército vindo do Norte de África.
O poder almoada começa a instalar-se no Gharb, afastando os almorávidas e Ibn Qasi começa a receber notícias, que o contrariam, a propósito de atitudes opressivas e perseguições de chefes almoadas sobre as populações do Gharb. O senhor de Niebla, al-Batruji, que tinha prestado vassalagem a Qasi, vê-se destituído do seu poder sobre esse território, numa cilada cometida durante uma visita que efetuara a Sevilha. Segue-se uma série de dissidências, por ambições de poder que percorrem o Gharb e se refletem no Norte de África.
A situação atingiu tal ponto de rutura que 'Abd al-Mu'min, senhor dos almoadas, exigiu que todos os responsáveis pelo poder almoada renovassem pessoalmente, junto dele, os seus votos de vassalagem.
Ibn Qasi não vai, afirmando o seu direito à independência.
O seu reino fica debilitado face à ofensiva dos almoadas, por um lado, e a dos cristãos, por outro, que já se aproximavam conquistando Lisboa, Santarém e Alcácer, entre outras.
Aposta então, estrategicamente, numa aliança com os cristãos.
Afonso Henriques oferece-lhe um cavalo, um escudo e uma lança, afirmando essa aliança.
Os almoadas tentam abater Ibn Qasi, visando quebrar esta sua aliança a Norte.
Um grupo de conjurados consegue iludir a vigilância penetrando na alcáçova de Silves, residência de Qasi, e assassinam-no no famoso Palácio dos Balcões, o Xarajib.
A seguir decapitam-no, espetam a sua cabeça na lança que Afonso Henriques lhe oferecera e passeiam-no, gritando "Eis, o Mahdi dos Cristãos!"
Corria o mês de agosto de 1151.
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Se estiver interessado na leitura dos episódios anteriores, siga os links abaixo:
Silves, ao tempo da civilização do al-Ândalus (IV)
Silves, ao tempo da civilização do al-Ândalus (XII)
Corria o mês de agosto de 1151.
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Garcia Domingues, História Luso-Árabe, edição do Centro de Estudos Luso-Árabes de Silves, 2010
António Borges Coelho, Portugal na Espanha Árabe, vol. 2 - Editorial Caminho
Ibn Qasi, o rei iniciado do Algarve e seus Discípulos Muridinos, in A Nova Acrópole
António Borges Coelho, Portugal na Espanha Árabe, vol. 2 - Editorial Caminho
Ibn Qasi, o rei iniciado do Algarve e seus Discípulos Muridinos, in A Nova Acrópole
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Se estiver interessado na leitura dos episódios anteriores, siga os links abaixo:
Silves, ao tempo da civilização do al-Ândalus (I)
Silves, ao tempo da civilização do al-Ândalus (II)
Silves, ao tempo da civilização do al-Ândalus (II)
Silves, ao tempo da civilização do al-Ândalus (IV)
Silves, ao tempo da civilização do al-Ândalus (XII)
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